Capitulo 4

O chefe da máfia conversava com um dos seguranças dentro da água. Com covinhas no rosto pelo sorriso bem humorado, feliz e simpático, nem parecendo aquele da noite anterior movido a estupidez. Desfocando deles admirei a visão do jardim.

Ele nadou vindo em minha direção e apoiou seus braços fortes na borda da piscina. Abriu um largo sorriso dizendo:

—Gostou da sua nova hospedagem? —Por trás da expressão sedutora um forte ar de cinismo.

Apenas afirmei com a cabeça.

—Espero que tenha tido uma boa noite de descanso, vou precisar de você mais tarde. —disse e voltou a nadar. Senti um aperto no estômago. Ontem fui salva pelo telefone, hoje não sei se teria chance de escapar.

Eu não tinha ânimo para nada, poderia ter desejo por um homem tão bonito como ele, mas ao contrário sentia ódio. Principalmente de meu pai ter permitido esse absurdo. Quando ele voltou, não consegui evitar a pergunta:

—Pretende me deixar presa aqui quanto tempo?

Ele mirou meu rosto surpreso, vindo mais perto e disse baixo:

— Qual foi a parte que você não entendeu Alicia?

— Entendi que devo ser protegida, não sua propriedade.

—Mas que interessante, desde quando? —Suas sobrancelhas se uniram demonstrando despeito

—Quero ver o documento. —Exigi sem me importar com sua cara amarga e seus olhos que mudaram de cor enfurecidos.

— Escute garota, você não tem que ver documento algum. E nem tenho motivos, para dar satisfação de meus negócios. Agradeça a mim, por livrar sua cabeça de mil furos de bala.

—Eu não tenho razões para agradecer um bandido como você. Se meus pais estão mortos tenho ao menos o direito de ir ao enterro.

— Não há como ir até eles. —explicou segurando a explosão. — Você é idiota ou o quê? Se sair daqui, corre o risco de ter o mesmo destino dos dois.

— Pois eu não me importo contanto que fique longe de você! —gritei, mas minhas palavras foram interrompidas pelo choro. Eu não queria estar ali, não aceitava tanto infortúnio. Amargura e desilusão, me enchiam de sofrimento pela descoberta de Carlos e o conjunto de fatos tristes. Chorei muito sem me importar se era vista ou que iam pensar.

— Trate de se acalmar, pois eu não tenho paciência e odeio lágrimas. —disse impiedoso com rosto próximo ao meu— Você não é uma criança pra entender que se está sobre minha segurança é para o seu bem. Mude essa cara, vá fazer alguma coisa, pois eu tenho mais o que fazer.

Ele tomou de uma toalha, se enxugou e vestindo um roupão sumiu entrando na casa.

Durante o dia eu não tive outra opção que permanecer ali, buscando me distrair entre a paisagem e a vasta mansão tendo acesso ao demais lugares com Will em meu encalço feito um cão de guarda.

A noite me vi novamente ao quarto apreensiva, por saber que a qualquer minuto Stefano ia aparecer. Vesti a primeira roupa que encontrei depois do banho e trancei os cabelos. Ao olhar pelo espelho tentei elogiar minha imagem, mas não tive o mesmo encanto que antes. Eu seguia abatida e desanimada. Suspirei pensando que a partir dali, meus pensamentos e objetivos deviam ser outros.

Mal tive tempo para findar a reflexão, quando me deparei com Stefano de novo. Eu estava à frente do espelho e fui ao closet, mais para fugir de sua figura desafiadora, que certamente ia reclamar meu corpo. Ele me encontrou e não consegui encará-lo apenas, ouvindo:

— Troque de roupa, quero que venha comigo.

— Eu não vou com você a nenhum lugar. —respondi.

—Ah você vai— resmungou atrevido. — Nem que para isso eu tenha que a levar daqui arrastada.

Ele entrou no banheiro e fiquei muda de lábios apertados, pensando como me safar daquele homem. Não havia alternativa a não ser seguir seu pedido.

Abri o closet e encontrei um vestido violeta acetinado, de um ombro só e acima dos joelhos. Decidi usá-lo, não era o mais bonito, mas ia servir.

Quando me vi pronta, Stefano saiu da ala de vestir. Usava um conjunto de terno azul escuro impecável, barba feita e um perfume sensual que encheu o ambiente. Seus olhos frios varreram minha imagem encontrando os meus. Dando alguns passos fui surpresa pela investida de suas mãos que com força rasgaram a parte de cima do vestido.

—O que é isso? — fiz alterada e em choque pelo que fez.

—Isso é horrível. Há milhões de vestidos bonitos para usar. Coloque algo melhor.

—Mas eu me senti bem com esse. — Protestei nos nervos.

—Não interessa. O lugar que vamos, exige uma vestimenta adequada. Vista-se logo, estou com pressa.

Inferno! Disse a mim mesma odiando sua estupidez. Que diabos de lugar iríamos que não servia a vestimenta? Com raiva tirei a roupa e tomei outro vestido, mais social, em veludo azul. Realmente muito bonito tendo detalhes de pedraria no busto.

Segurei as lágrimas que ameaçavam cair. Passei batom, perfume e uma discreta maquiagem, rezando para não ter mais problemas. Quando voltei ao quarto ele virou admirado.

—Agora sim está perfeita. —fez triunfante com um sorriso malicioso. — Você não tem porque ter medo de mim Alicia. Eu sou como um tutor, alguém em que você ainda vai agradecer.

Fiquei coberta de nojo da forma que me mediu com olhar. Ele era um grosso e pensei quanto tempo ia suportar suas grosserias. Segui com ele, e mais dois seguranças.

Um Bentley nos esperava com o motorista. A noite estava bonita, coberta de estrelas no céu tendo o brilho da lua e a brisa suave da primavera exalando perfume de flores do jardim.

Entramos e nunca me deparei com tanto conforto dentro da limusine moderna. Seu espaço é ricamente confortável, com tv, frigobar, luzes azuis e roxas que mais pareciam um caleidoscópio colorido. Ele me serviu de espumante, se concentrando em meus lábios. Notei a forma como seus olhos brilharam quando peguei a taça.

Eu deveria agradecer de algum modo o que fazia por mim? Mas não encontrei resposta já que por seu gênio e a maneira como me tratava só serviam a me passar insegurança. Ele sentou ao meu lado e seu perfume atingiu minhas narinas, exalando masculinidade. Stefano bebeu o champanhe olhando o celular, enquanto eu me concentrei na visão pela janela.

—Onde vamos? — perguntei.

— Logo verá.

—O que afinal vocês fazem? Que tipo de negócio trabalham?

— Estas questões não lhe dizem respeito. —Respondeu sem tirar os olhos da tela do celular.

Devia ser algo péssimo para ele não dizer. Até mesmo tráfego de órgãos. Como ele não deu a mínima, continuei centrada na janela.

Alguns minutos depois nos vimos em um lugar luxuoso com emblema dourado e luzes que diziam Peach Red. O Bentley estacionou e fomos recepcionados pelos anfitriões da casa. Um casal bastante simpático. Os seguranças seguiram conosco e entramos vendo o movimento com música eletrônica, espaços altamente requintados e dançarinas com corpos esculturais.

Ao chegarmos a local mais reservado, nos reunimos a uma mesa ele se voltou para mim sério dizendo:

— Preste atenção, ficaremos um tempo aqui. Só pode sair acompanhada de mim ou de Will. Não tente fazer nenhuma gracinha, pois haverá consequências.

Torci o nariz olhando para as dançarinas, engolindo a vontade de mandá-lo a merda. Ele pediu bebida e chegou mais perto. Estávamos no acento duplo como um pequeno sofá. Senti sua mão forte, sobre minha coxa onde traçou os dedos.

—Não toque em mim. —Ordenei, vendo seu rosto bonito virar uma carranca.

Ele soltou o ar segurando a explosão e concentrou na bebida. Dois homens se juntaram a nós, Leviatã e um rapaz muito familiar a Stefano que se chamava Erick. Ele me cumprimentou gentilmente e fiquei admirada ao descobrir que tinha irmãos. Eles pediram mais bebida e conversaram assuntos aleatórios. Tentei ouvir o que diziam, mas muito pouco deixaram escapar de seus negócios parecendo falar por códigos.

— Preciso ir ao banheiro. — Informei, e com um aceno de Stefano, vi Will aparecer indo com ele.

Quando saí o encontrei e decidi:

—Quero ver o bar. Pode vir comigo?

—Desde que não demore. — respondeu ele que me acompanhou.

Havia muitos garçons e diversas bebidas. Pedi uma pina colada, e Will ficou me observando enquanto tomou de um cigarro.

Então, ao virar, vi um homem de terno vermelho. Magro, mas com músculos, bem salientes, rosto fino e olhos azuis. Ele pediu um drink e vi Will erguer as sobrancelhas. Dei de ombros e tomei a pina toda de uma vez pedindo outra.

— Eu pago. —Ouvi dele.

—Obrigada, mas não é necessário.

Ele me encarou divertido dizendo:

—Porque não? Estou vendo que sai bem com o álcool.

— Ao contrário de você, que não se sai bem com cantadas

— Nossa, você é sempre assim tão má?

—Essa sou eu sendo simpática. — Respondi sínica. Ele riu e zombou:

— Eita, abram a porteira que acabou de passar uma potranca.

Mirei o Will, que saltou os olhos fazendo sinal para irmos.

—Como você é grosso!—Eu disse.

—Sou sim você quer ver? Principalmente com garotas que tomam pina colada. —Disparou com uma risadinha e revirei os olhos. O garçom colocou a bebida à minha frente.

O estranho voltou para Will, decidindo beber também e não entendi seu olhar atravessado para ele.

—Eu me chamo James. —Se apresentou sorrindo audacioso.

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