Capítulo 3

Jeff

Definitivamente aquele não era o meu dia. Um dos nossos maiores sócios resolveu romper com a empresa de forma repentina e coube a mim dar a notícia do rompimento ao meu pai, ele ficou possesso de raiva e fez questão de mais uma vez me culpar.

Após a morte prematura de minha irmã, meu pai se tornou um homem amargo que vivia em função do trabalho e tínhamos uma péssima relação. Ele me tratava de uma forma que parecia que eu era o culpado pela morte da minha irmã, sequer imaginava o quanto sofria todos os dias com a perca de Marianne.

Recentemente minha mãe o obrigou a se aposentar após anos se dedicando a construtora. Mesmo assim ele não abriu de estar a par de tudo que acontecia dentro da empresa e eu era apenas uma marionete nas suas mãos.

Para piorar ainda mais o mau humor, estava faltando três dias para o jantar de noivado de Bervely com Edgard e eu não poderia fazer nada para impedir. Meu pai fazia questão de esfregar na minha cara o fracasso do meu casamento e em como ele e mamãe tinham o casamento perfeito.

Meu celular tocou a tarde toda, mas estava impaciente demais para falar com quem quer que fosse. Ouvi a batida na porta e Sophie, minha secretária, abriu a porta que separava a minha sala da dela com um certo receio.

— Senhor Sparting, com licença. Só queria avisar que sua mãe acabou de passar pela recepção e está subindo — deu um sorriso amarelo. A última coisa que eu precisava era de uma visita da minha mãe, que com certeza vinha apaziguar a minha discussão com meu pai.

— Certo, Sophie — soltei uma lufada de ar.

Relaxei o corpo sobre a cadeira, fiz um breve exercício de respiração que minha terapeuta havia me passado para momentos como esses e logo ouvi a voz da minha mãe cumprimentando Sophie.

— Não precisa me anunciar Sophie — abriu a porta com um enorme sorriso no rosto.

— Mamãe, que surpresa mais... agradável — fui ao seu encontro.

— Jeff , querido — ficou na ponta dos pés para depositar um beijo em minha bochecha — Por que não atendeu as minhas ligações?

— Eu... — pensei inventar algo, porém sabia que dona Rose Lauren Sparting era mestre em descobrir quando eu estava mentindo.

— Nem pense em me dizer que estava ocupado, porque liguei para Sophie mais cedo e ela disse que você cancelou todos os seus compromissos — retrucou se sentando no sofá que geralmente usava para descanso no meu escritório e jogando a bolsa e o seu enorme óculos de sol ao seu lado.

— Acho que preciso ter um conversinha com Sophie, não acho nada legal esse compartilhamento de informações com você e papai — Sophie estava na empresa a pelo menos quinze anos, entrou como secretária do meu pai e acabei a herdando junto com a cadeira da diretoria.

— Não fique irritado, filho. Ela fez isso porque estava preocupada com você.

— Não tem com o que se preocupar. Estou ótimo, mamãe, não está vendo? — falei enquanto abria meu frigobar em busca de algo para umedecer minha garganta.

— Jeff , seu pai não te culpou, querido. Ele falou aquilo porque estava nervoso, mas ele já se acalmou e está envergonhado.

— Claro, mamãe. Papai nunca iria me culpar. Sabe o que é mais engraçado?

— Filho...

— O engraçado é que estou mantendo a nossa empresa como uma das maiores dos pais e talvez ela entre para um ranking mundial, só essa semana fechei três contratos no valor de 6 bilhões e sabe o que o papai me disse? — respirei fundo para não gritar, pois minha mãe era muito sensível e não tinha culpa dos atos de meu pai — Ele não disse nada, porém, quando um de seus clientes idiotas rompe a porra de um contrato que não gera faturamento algum para empresa, ele acha que foi um erro ter me passando a diretoria — Me sentei, abri a garrafa de água com gás e levei a boca enquanto minha mãe me encarava com os olhos arregalados.

— Querido, seu pai pode parecer duro as vezes, mas por favor, tente entendê-lo.

— Pode ter certeza, mamãe, que se há algo que tenho feito é tentado entendê-lo. As vezes penso que ele queria que eu tivesse morrido ao invés de Marianne.

— Nunca mais diga isso Jeff ! Nunca mais! — Quase gritou com os olhos marejados de lágrimas.

— Me desculpe, mamãe. Não devia ter dito isso.

— Escute bem, Jeff . Seu pai te ama, não duvide disse. Nunca mais repita essa sandice.

— Podemos mudar de assunto? Não quero mais falar sobre o papai — falo me levantando.

— Tudo bem, filho. Sei que você tem passado por momentos difíceis, ainda mais agora com o noivado de Bervely e Edgard.

— Estou ótimo. Não me importo com esse noivado — dei mais um gole na minha água — Porque sei que Bervely não o ama, isso é só mais um de seus caprichos.

— Filho, você sabe que adoro Bervely e sofri muito quando soube da notícia do relacionamento dela com Edgard — caminhou até o sofá e se sentou novamente — Mas você precisa seguir sua vida e conhecer uma garota legal que queira me dar netos.

— Mamãe, eu não quero ter filhos, a senhora sabe muito bem disso.

— Você realmente não quer ou Bervely fez você acreditar que não queria? — Logo que terminou de falar seu celular tocou me livrando de responder a sua pergunta.

— Querido, estou com Jeff no escritório, mas já estou indo para casa — disse assim que atendeu e eu soube que ela estava falando com meu pai, ela era totalmente devota a aquele homem assim como ele a ela, sempre quis ter um casamento como o deles. Mesmo meu pai sendo um homem duro, ele a amava e nunca deixou de demonstrar para todos ao seu redor. Meu pai também me amava, entretanto, o seu jeito de demonstrar isso era diferente, as vezes acreditava que ele queria que eu fosse uma cópia exata dele.

— Filho, tenho que ir, iremos jantar com alguns amigos. Você pretende ir ao jantar de noivado de Bervely? — perguntou enquanto ajeitava a sua roupa e pegava a bolsa e o óculos de sol.

— Ainda não sei — Realmente não sabia se era uma boa ideia, mesmo que tenha decidido que iria em um primeiro momento, talvez ainda tivesse esperança de que ela desistisse.

— Acho que deveria, porque não leva uma amiga para ir com você? Sheron está solteira. Por que não a convida?

— Eu não sairia com Sheron nem se ela fosse a última mulher da face da terra — Sheron era ex-namorada de Rick e era o tipo de mulher que jamais me envolveria. A última vez que soube por alto a seu respeito foi que havia sido promovida no seu emprego dentro da CIA e dado uma surra no seu namorado ao pegá-lo na cama com uma de suas melhores amigas. Sheron era encrenca e jamais sairia com a ex do meu primo e melhor amigo — Você não tem que ir?

— Sim, querido — balançou a cabeça negativamente por saber que aquela conversa não teria nenhum resultado — Se precisar de algo não deixe de me ligar — Me deu um beijo na bochecha.

Respirei aliviado logo que ela saiu da sala.

Olhei para o relógio e já eram quase seis da tarde, o prédio ficaria vazio e eu não tinha a mínima vontade de ir para casa. Peguei meu celular e vi que havia mensagens de Rick e uma de Frank com uma foto sua e de Sarah curtindo a lua de mel nas Maldivas. Estava feliz por todos meus amigos terem encontrado alguém para dividir a vida, mas ao mesmo tempo me sentia um fracassado por ter perdido uma mulher como Bervely.

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