Pedro HernandezAbigail e minha mãe vieram no Escalade. Bruno dirigiu e preciso me lembrar de pedir para encontrar um novo motorista, tanto para minha mãe quanto para mim. Mas sempre gostei de dirigir. Decidi não forçar uma proximidade com a minha filha, quero dar um passo de cada vez e preciso que Adrielle compreenda e aceite isso. Não sei se ela me impedirá de conhecer a nossa filha, mas não tem esse direito. — Abuelita, podemos comer pizza? — Ouço Abigail dizer, assim que entro em casa. Sua voz suave ecoa pela casa com o pedido. Penso que devem estar na sala de estar e quando me aproximo da entrada do comodo, elas estão ali. Bruno não as acompanha, talvez esteja ocupado. Me lembro de que acabei surtando e deixando a biblioteca uma bagunça. Espero que tenham limpado. — Sim, é claro. — Minha mãe afirma, com um tom suave. Sempre pensei que ela seria o tipo de avó que mimaria os netos e parece que isso está acontecendo. Me aproximo com cautela e me sento em um dos sofás a sua fren
Pedro Hernandez Posso facilmente explodir de felicidade. Minha filha não tem outro homem que conhece como pai, somente eu sou o pai dela. Isso é bom, assim tenho a chance de conquistá-la sem precisar disputar por espaço com alguém. Mas, por que Adrielle demorou tanto tempo para se casar? Será que estava esperando pelo meu retorno ou apenas decidiu se privar de outro relacionamento doloroso? Sei que essas perguntas devem ser direcionadas a ela. Gostaria de entender o que aconteceu, de saber tudo o que perdi, mas não posso forçá-la a nada. Sofri bastante nos últimos anos e imagino que ela também. Criar um bebê sozinha não é fácil, mesmo que tenha apoio familiar, ela ainda precisava de alguém ao seu lado. — Abuelita, — A voz da minha filha ressoa no comodo. Meu coração fica aquecido toda vez que a ouço chamar assim. Minha mãe parece ter ensinado seus costumes e Adrielle não mudou isso. — a Vovó e o Vovô estão aqui para ver você. Viro minha cabeça na direção da entrada do comodo,
Adrielle Hale— Está tudo bem, Elle. — A voz do meu irmão ecoa pela sala, nos afastando do silêncio enorme que ficou depois que disse a ele que Pedro voltou.Pedi que viesse. Precisava de alguém para conversar. Jackson está sentado em uma das cadeiras acolchoadas da minha sala. Seus braços estão apoiados nos encostos laterais e seus olhos, focados em mim. Minha cabeça está encostada na parte de trás da cadeira e eu o observo em silêncio. Não pude me conter na frente de todos naquele quarto, então minha única opção foi sair de lá. Meus pés queriam se fundir ao piso e meu cérebro desejava ouvir tudo o que Pedro tem para falar, mas meu coração não acredita que seja capaz de suportar isso outra vez. Vivi sete anos sem respostas para as perguntas que fiz. Por que ele me deixou?Como alguém que disse me amar e que queria se casar comigo, pode me abandonar no dia seguinte?Como pude ser tão estúpida de acreditar em suas juras de amor quando Pedro queria apenas brincar comigo? — Não está na
Adrielle Hale — Você não acha que ela deveria ao menos saber quem é o pai dela? — Franze as sobrancelhas, com um olhar que demonstra preocupação. — Sabe, ela é louca para conhecer o pai dela, e mesmo que Pedro não a queira na vida dele, você precisa contar a Abby quem ele é. Assim, quando crescer, ela vai odiar ele por abandonar vocês, não você. Engulo em seco. Suas palavras me atingem como espinhos arremessados em minha direção. Respiro fundo, aceitando que meu irmão tem razão, Abby irá me odiar se eu esconder essas informações dela. Minha única opção é contar a verdade. Se Pedro não a quiser por perto, será um estúpido, porque a nossa filha é incrível. Também sei que ele será repreendido por Sofia, porque ela não vai aceitar isso. Já comentamos sobre como seria a reação dele se estivesse aqui e, em todas elas, Sofia me disse que ele amaria. Pelo bem dele e de Abby, espero que seja verdade. Eu não aguentaria ver a minha filha passar pela rejeição de um homem quando ele deveria
Pedro Hernandez Observo em silêncio enquanto Adrielle vaga pela biblioteca. Imagino que esteja lidando com seus próprios demônios, talvez pensando sobre como começar o assunto que nós dois precisamos conversar. No momento, só quero deixar as coisas claras. Quero ter a chance de conhecer a minha filha, mas não vou ultrapassar os limites e desprezar a opinião da mãe dela. — Nos últimos anos, Abby tem me questionado bastante sobre o pai dela — Diz, em um tom suave enquanto caminha até as janelas, observando o quintal com a grama verde o enfeitando. — mas tenho evitado responder a isso. Em parte, por não saber onde você se meteu, outra, por não querer que ela sofra com isso. Observo Adrielle em silêncio, prestando atenção em suas palavras. Sei que evitou citar o meu nome para a nossa filha, caso contrário, ela me reconheceria. A única coisa que sabe é que sou filho da “abuelita”. Quero ser mais do que isso para ela. Respiro fundo e dou alguns passos. Há uma distância considerável e
Adrielle Hale — Essa é a única resposta que não posso te dar. — Pedro responde suavemente, olhando em meus olhos. — Max era egoísta. — Considerei que você era igual a ele. — Digo, tentando limpar as lágrimas. Pedro permanece em silêncio, como se as minhas palavras tivessem o acertado. — Não sou como ele. Eu nunca trataria a nossa filha, a minha filha, como ele me tratou nos últimos anos. — Afirma, em um tom sério que me faz arrepiar.Fico em silêncio. Max era verdadeiramente cruel. Como poderia tratar seu próprio filho assim? Não há algo que possa justificar, era de se esperar que ele fosse assim. Lembro-me muito bem como foi cruel comigo quando soube da gravidez e na noite em que minha filha nasceu. — Ele não parecia gostar dela. — Murmuro, com os olhos focados nos seus. — Mas, na noite em que Abby nasceu, ele foi o primeiro a vê-la. As enfermeiras disseram que o avô dela estava ansioso. Max era cheio de contradições. Pedro acena, em concordância. Sabe que tenho razão, Max era
Pedro HernandezAdrielle respira fundo e acena com a cabeça. Se mantém em silêncio por alguns instantes e parece precisar pensar sobre isso. Suas mãos se posicionam em sua cintura e, ali, sei que vai querer impor regras e avisos. — Preciso conversar sobre isso com Abby primeiro. Prepará-la. — Seu tom é calmo, mas sua voz carrega compreensão. — Me dê um tempo antes de contar sobre isso. Eu aceno levemente, concordando com seu pedido. Ela é uma criança, claro que precisará de tempo para assimilar tudo o que está acontecendo. — Está bem. — Aceno, freneticamente. Adrielle me encara e levanta o indicador direito. — Mas está avisado. Se alguma coisa acontecer com ela e vier chorando até mim, a culpa vai ser toda sua. — Acusa, com um tom firme. Seus olhos verdes me encaram com confiança. — Você ainda tem uma lista de regras para seguir com ela. Semicerro os olhos, com um sorriso de canto contido. Lembro-me de que ela era mandona, vejo que ficou ainda mais. E superprotetora também. Cruz
Adrielle Hale Acho que a teimosia de Abby vem de mim, mas estou notando que sua convicção vem de Pedro, ele sempre foi confiante nas coisas que queria. Abby herdou traços nossos. Mas a teimosia não vem apenas de mim, Pedro também é teimoso. Com dois pais teimosos, como ela não poderia ser teimosa também? Fecho os olhos e respiro fundo. Há momentos em que preciso ser paciente com ela. — Deixe que fique aqui hoje. — Sofia pede, com suavidade. — Deixe faltar apenas um dia na escola. Além disso, você não acha que seria bom eles se conhecerem? — Ela inclina o queixo na direção do filho.Sofia o olha com ternura. Imagino que esteja muito feliz por tê-lo de volta. Eu o encaro, Pedro está no canto, como se desejasse deixar que nós duas decidíssemos. Pedro não sabe cuidar de uma criança, mesmo sendo filha dele. Não acho que saiba sequer se cuidar. Mas não tenho o direito de privá-lo da vida da nossa filha. Posso tirá-lo da minha, mas nunca poderei ficar entre os dois. Solto um suspiro ao me