Minha Submissa
Minha Submissa
Por: Amanda Bittencourt
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Eu fiquei um pouco decepcionada quando cheguei ao aeroporto e não vi a luz do sol ou as celebridades. Bem, o sol podia até estar lá, mas estava difícil de vê-lo por trás das grandes janelas e não era a mesma coisa que senti-lo no meu rosto, o caminho seguro para confirmar a mim mesma que eu realmente cheguei, que estar aqui não era um sonho.

Eu vi alguns homens de terno preto e óculos escuros que se aglomeravam em torno de alguém presumivelmente importante, mas eu não poderia dizer quem era. Se não fosse pela simples diferença no tamanho dos aeroportos, eu poderia ter me convencido de que eu tinha voltado para o lugar que eu tinha acabado de deixar.

Zanesville, Ohio. Perto o suficiente da parte sul do estado para que eu tivesse um pouco de sotaque, mas suficientemente longe das cidades maiores para eu ter sido criada em um ambiente razoavelmente protegido. Eu não era ingênua, só... superprotegida. Entre os meus pais e meu irmão mais velho, eu estava chocada que me deixassem fora de sua vista tempo suficiente para ir à faculdade. E mesmo assim, eu me perguntei se eles tinham concordado apenas porque eu tinha uma tia e um tio a apenas vinte minutos da Universidade Estadual de Ohio.

A minha família foi uma grande parte da razão pela qual eu decidi voar para o outro lado do país apenas uma semana depois da formatura. Eu tinha um MBA, e me formei com honras na minha classe. Assim que encontrasse um trabalho, eu não teria mais nenhum problema.

Suspirei quando peguei minha mala. Eu disse aos meus pais que iria ajudar Jane enquanto ela procurava um gerente de negócios para substituir um que iria sair. Um pouco de férias como recompensa por ter sido ótima aluna. Não era verdade total, mas também não era uma mentira. Eu só não disse a eles que se Jane gostasse do meu trabalho, eu planejava ficar por ali de forma definitiva.

Nós éramos irmãs, mas ela era uma mulher de negócios implacável. Ela não iria me contratar se eu não fosse boa o bastante. Ela teria, no entanto, que me ajudar a encontrar outro trabalho já que eu queria ficar ali de qualquer maneira.

Jane era cinco anos mais velha que eu, e já fazia muito tempo desde a última vez que eu a vi. Eu pisei na escada rolante, perdida em meus pensamentos. Eu realmente não tinha pensado nisso, mas Jane tinha a minha idade, quando ela chegou à nossa casa para o Natal, só para dizer aos nossos pais que ela estava se mudando para Los Angeles permanentemente, após a graduação. Se os nossos pais tinham ficado chateados quando ela decidiu ir para uma universidade diferente da que eles tinham em mente, isso não foi nada comparado com a explosão que houve quando Jane fez esse anúncio.

Eu peguei um vislumbre do meu reflexo nas janelas enquanto caminhava em direção ao setor de bagagens. Eu cortei meus cachos negros bem curtinhos quando fui para a faculdade, porque queria um estilo semelhante ao Jane, embora seu cabelo não fosse encaracolado. Fiquei imaginando o quanto ainda parecíamos iguais. Nós duas tínhamos olhos azuis e características semelhantes. Nossa altura era quase a mesma, exceto que Jane era uns quatro centímetros mais alta. Ela também tinha mais curvas que eu, mas anda que pudesse ser muito notado. Pelo menos ela não teria nenhum problema em me reconhecer, pensei ironicamente quando saí da escada rolante.

Uma onda de calor me cumprimentou e eu levantei meu rosto para o sol. O sudeste de Ohio não era exatamente legal em junho, mas havia algo diferente sobre sair do aeroporto Columbus em relação a sair do aeroporto LAX.

Este era o calor da Califórnia.

Calor de Hollywood.

Tomei uma respiração lenta e profunda, sentindo toda a minha tensão ir embora. Eu estava quilômetros longe de casa, dos meus pais, com apenas uma mala de roupas e uma bagagem de mão, sem nenhum plano real, além de tentar me sair bem gerindo o negócio da minha irmã.

Eu nunca me senti tão livre na minha vida.

Eu amava a minha família. Amava meus pais. Amava o meu irmão mais velho, RJ, e sua esposa, Abbie. Eu nem sequer me importava de morar em Zanesville.

Mas eu precisava fugir. Eu pensei que eu teria a chance de fugir quando fui para a faculdade, mas os meus pais queriam que eu desse satisfações aos meus tios pelo menos três vezes por mês. E, claro, eles repassavam tudo para os meus pais. Não foi de todo mal, mas também não foi como eu queria. Eu queria apenas ser uma garota normal de faculdade, ir a uma ou duas festas e passar algum tempo com meu namorado. Mas a vigilância constante torou as coisas mais difíceis. Então ele me largou durante as férias de inverno, no primeiro ano, dizendo que não queria uma namorada que tivesse que pedir permissão para sair com ele. Depois disso, eu não quis namorar mais por medo de a mesma coisa acontecer novamente.

Agora, este era a minha hora de explorar, abrir minhas asas, descobrir todas essas lindas clichês que significavam que eu estava começando a ser uma adulta pela primeira vez.

Uma brisa quente soprou em meu rosto e eu me tornei mais consciente de tudo à minha volta. Os carros se alinhavam para pegar outros passageiros. O barulho dos pés no chão, o som de pessoas falando...

Exceto que ninguém estava falando comigo.

Eu fiz uma careta quando olhei ao redor. Eu não vi Jane em qualquer lugar. E a menos que minha irmã tivesse feito uma plástica, não havia nenhuma razão para que eu não a reconhecesse. Ninguém aqui parecia com ela.

Puxei o celular do meu bolso e desliguei o modo avião. Demorou um minuto para que ele se conectasse à rede, e eu esperei mais um minuto para ver se alguma notificação iria aparecer.

Nada.

Nem uma única chamada ou mensagem de Jane me dizendo que ela estava atrasada. Eu teria ficado feliz mesmo com uma mensagem com um endereço para pegar um táxi. Em vez disso, não havia nada.

Fechei os olhos e cerrei os dentes, contando até dez em minha cabeça. Minha mãe me disse que eu estaria em casa em um mês porque Jane iria me deixar louca. Papai havia dito que a empresa de Jane iria falir em dias se eu a assumisse e porque ela não seria responsável o bastante para me impedir de afundá-lo. RJ tinha praticamente dito a mesma coisa, apenas de uma forma diferente.

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