Durante a tarde tudo ocorreu bem, Clara realizou todas as tarefas acumuladas e ainda adiantou alguns trabalhos para o dia seguinte. Já estava quase dando a sua hora de sair e quando já aprontava a bolsa ela escuta passos
“-Será que é ele ?”- pensou ela , e ao se virar para sair , se esbarra em alguém. “-Sim é ele.”- Clara queria sair antes que ele chegasse , pois estava com medo de justamente topar de frente com o Sr. Alberto. -Você já está saindo? - Alberto perguntou Ela respondeu diretamente. -Sim Senhor, como o senhor ficou o dia todo fora em reunião, pensei que não voltaria para a empresa mais.- disse ela arrumando a sua mesa e pegando a bolsa e colocando no ombro. sem olhar para ele e continuou- Olha deixei todas as pastas , e as cópias revisadas na mesa do senhor. Tenha uma boa noite e até amanhã. Com licença , por favor. Ao ver que Clara parecia tensa e querendo ir embora o mais rápido possível, evitando contato visual , Alberto não se moveu do lugar e não deu passagem pra ela. “Mas o que significa isso?” Ela pensou -Olha Clara , eu queria me desculpar com você, não tinha necessidade a forma que te tratei. Por favor me desculpe.- Ele realmente estava sendo sincero. Uma coisa é que Alberto sempre foi educado e profissional com os seus funcionários. Tratava todos com cordialidade e educação. Mas depois da desavença com Tomaz , ele andou descontando a sua frustração nos outros, em especial em Fernando, seu sócio, em Valéria sua assistente, em Clara e em Samanta. E se tornou um tremendo de um carrasco. Então finalmente Clara o olhou nos olhos de Alberto. -Tudo bem, Sr.Alberto eu entendo, não é novidade, sei que o senhor está passando por problemas em relação a gestão da empresa, não se preocupe. O senhor pode me dar licença. - Clara sorriu e saiu. Alberto não tinha nenhuma expressão, e moveu-se para que Clara pudesse passar. Realmente ele andava atordoado, ele não queria comprir a tal cláusula de reiniciar o projeto de arquitetura MiranteMar, ele não queria mudar nada no projeto vigente, não queria perder esse tempo , pois o projeto tinha prazo de entrega, e se demorasse para ser entregue, significaria prejuízo, e ao mesmo tempo, se não reiniciasse alterando toda a estrutura interna do projeto , ele teria que pagar uma multa milionária, o que do mesmo jeito ele ficaria no prejuízo. Não queria perder esse projeto para o seu concorrente e meio-irmão Tomaz, um arrogante e trapaceiro. Antes do falecimento de seu pai, Sr. Ernesto Aranttes, deixando a companhia para que os dois a gerenciassem, os dois irmãos já tinham desavença desde muito jovens. Alberto, como era o filho mais velho e da primeira esposa de Sr.Enesto tinha prioridade para assumir a presidência e Tomaz, seu filho mais novo com a esposa atual, a viúva Tânia ,teria um papel de vice. Porém acontece que Tomaz sempre invejou Alberto. E sempre almejou tudo só pra ele, porque em sua mente sempre acreditou que o seu pai tinha uma preferência pelo filho da primeira esposa, o Alberto. …. ..... Depois de assistir Clara entrar no elevador e as portas se fecharem, Alberto seguiu para a sala de Fernando. E Fernando ainda estava lá: -Achei que você não fosse voltar mais para a empresa hoje. E aí o que aconteceu?- Fernando que estava sentado em sua cadeira digitando em computador. Levantou a cabeça para observar Alberto.- E aí , como foi a reunião com o sr.Cortesi? Alberto que estava parado na porta, entrou, fechou a porta e se aproximou da mesa de Fernando, puxando a cadeira para si. E sentou. Deu uma suspirada. –Eles querem que alteremos toda a estrutura do projeto.- Respondeu ele. -Mas ele ficou louco? Como vamos fazer isso, se esse projeto já em está em construção?-Fernando, ainda estava indignado.- Realmente acredita que tem dedo do Tomaz até nisso? -E você tem dúvidas? -Alberto pronunciou em um tom seco e frio.- Isso tem dedo dele. -É realmente, eu estava pensando aqui.. - Fernando fez uma pausa - E se… - fez outra pausa, e olhou fixo para tentar decifrar qual seria a reação de Alberto. Ele continuou. - … e se você se casasse? Alberto ao escutar essa última palavra, caiu em gargalhada. Seu riso foi tão espontâneo que dava vontade de rir junto. A reunião com o Sr Cortesi tinha sido desgastante e frustrada e por um momento ele se esqueceu do dia tenso que teve. Mas Fernando não estava achando graça. -Alberto.. eu estou falando sério. -Disse ele com seriedade. Alberto ainda em um tom zombeteiro. -Ficou maluco Fernando? Você realmente precisa parar de beber em serviço, a bebida está afetando os seus neurônios . - ele fez uma breve pausa para se recompor do ataque de riso - O que isso tem a ver? Em que um casamento iria resolver esse problema? Fernando, vendo que seu amigo já tinha retomado a postura, tratou de explicar. -Meu caro, esse projeto já está quase no final e pronto vai ser entregue, e você acha mesmo que temos recursos para refazer tudo? - Fernando se levantou da cadeira - Você acha que temos verbas para pagar a uma multa de 12 milhões para os Cortesi? -Ele já notando o semblante confuso e ao mesmo tempo nervoso de Alberto. -É eu sei não temos como fazer isso, até porque temos outros projetos em andamento , só que ainda não ent….. Fernando o interrompeu apressadamente. -Supondo que se você pagasse a multa , você obviamente teria que parar o andamento dos outros.-olhou para Alberto e viu o amigo concordar com a cabeça, e continuou.- e isso implicaria em mais prejuízo. -novamente Alberto concordou com a cabeça - E você teria que deixar os outros projetos de lado e isso sem contar que todos tem prazo de validade. -Sim.. eu sei , e já olhei com o advog… -Se você se casasse, você poderia criar uma nova empresa, com um nome novo, passava todos os recursos pra essa nova empresa, pelo menos você ganharia tempo , antes de os Cortesi nos processarem. -Mas a justiça de todas as formas , iria bloquear o meu patrimônio e o da minha “esposa”- Alberto deu uma ênfase irônica na última palavra e continuou.- e tudo iria dar na mesma,e pior minha “esposinha” ainda iria querer a parte dela ou você acha que uma mulher vai fazer isso só porque simplesmente quer ajudar? -Sim eu sei. - Fernando já tinha pensado em tudo - Por isso eu pensei que você poderia abrir uma offshore em algum paraíso fiscal, colocasse em nome da sua esposa, e transferisse toda a verba para a conta dela.. Alberto pensou que realmente Fernando estaria ficando maluco. -Isso seria crime, é lavagem de dinheiro. Mesmo assim iriam investigar. Meu amigo, você parece que não está vendo que eu estou com a corda no pescoço e atado e você está querendo me meter em mais um problema? -Isso não é crime, Alberto, é uma manobra completamente legal em nosso país, muitos empresários fazem isso para protegerem os seus bens.- Fernando respondeu- Você pode consultar isso com o nosso advogado o doutor Marcelo.- Fernando já estava começando a ficar inquieto, e foi até a sua adega para pegar uma bebida. -Ao menos você ganha tempo… um tempo para terminar os outros projetos, e se os Cortesi quiserem processar que nos processem, é só declararmos um estado de falência, eles teriam que esperar, a justiça é bem lenta, mas ao menos você não perderia todo o seu patrimônio, teria ainda recursos para pagar a folha dos funcionários e ainda entregar os projetos - Fernando deu uma golada no Whisky - Ao menos até resolvermos essa sujeira a qual Tomaz nos enfiou. - Fernando andava de um lado para o outro com a bebida na mão analisando a expressão de Alberto. Mesmo assim Alberto não estava convencido. E pior, cogitar a ideia de se casar. Que loucura. Esse meu amigo, além de um bêbado é um maluco. -É porque não casa você? - Alberto perguntou sério. -Você confiaria a sua empresa no nome da minha esposa?- Brincou Fernando. -Tudo bem Fernando! -Suspirou e pausou - Agora me diz uma coisa, já que você calculou todo esse plano “perfeito” me diga. Que mulher de “confiança” aceitaria fazer parte de uma coisa dessas? …..