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Ele riu e caminhamos até o outro lado da rua, onde haviam alguns bares. Eu não era exigente e podendo esquecer o meu dia conturbado mergulhando minha cabeça num barril de cerveja, já estava de bom tamanho.

O bar era tão simples quanto um boteco, mas a cerveja era boa e Mike não era uma companhia ruim, pelo menos fora do hospital. Já bebi com ele outras vezes e me diverti mais do que eu achei possível acontecer, pelo menos era fácil com ele.

— Ivy estará no seu lugar amanhã, estou te pondo oficialmente de castigo. — Uni as sobrancelhas ouvindo aquela besteira enquanto sentávamos na banqueta do bar. — Podemos ser notificados, Sarah, você anda trabalhando demais e já ultrapassou as horas permitidas de trabalho do mês.

O barman encheu minha caneca e eu quase virei de uma vez só.

— Não faria isso comigo. — Suspirei chateada, ficar sem trabalhar seria trágico para a minha mente conturbada.

Mike deu de ombros, não era brincadeira.

— Eu preciso de um emprego de verdade. — Eu disse finalmente e terminei de beber. — As horas extras estão apenas me matando e não pagam tão bem quanto eu preciso.

Mike virou sua dose de uísque e bateu o copo na mesa.

— Não ouse me deixar sozinho naquele hospital, eu não tenho mais cabeça para tolerar toda aquela merda sem sua ajuda.

— Me contratar como efetiva ajudaria minha vida financeira e me privaria de sair daquele hospício. — Se ele pudesse fazer isso, seria a minha salvação.

Meu copo foi preenchido outra vez e Mike pediu uma dose para mim, a noite seria longa pelo jeito.

— Está tentando me embebedar Michael? — Eu ri jogando o uísque para dentro da garganta e sentindo-o queimar a minha alma, ele deu de ombros e riu. — Que bom, porque estou precisando.

O calor do álcool começou a aquecer meu corpo, era bom, conhecido e me senti ainda melhor depois que arranquei a jaqueta das minhas costas. Livre, ajeitei as alças da regata e soltei aquele maldito coque. Minha cabeça latejava pela força que usei para prender, claro, graças a importunação de Jess. 

— Você deveria ser proibida, Sarah. — Mike virou outra dose encarando as garrafas da prateleira.

Eu virei a caneca, a cerveja acalmou a minha garganta e eu soltei o corpo em cima do balcão.

— E você deveria estar com suas lentes hoje, eu não sirvo nem de passa tempo. Além disso, não vou mudar meu corpo para me adequar, não tenho tempo para me tornar um padrão e ser aceita pela masculinidade frágil dos homens de hoje. Sabe quantas notas eu consigo guardar no meu sutiã? Ou nas dobras do meu umbigo?

Eu não era gorda, mas também não era uma modelo com Jess que as calças ficam lindas em sua cintura fina. Mas para a minha altura, eu tinha carne demais.

Mike riu alto e girou o banco de frente para mim, eu tomei outra caneca e apertei os olhos para fingir que estava bem o suficiente para prestar a atenção no que ele estava dizendo.

— E é exatamente isso que chama a minha atenção, você sabe que eu não vou desistir, não é?

— Pois deveria. — Dessa vez eu roubei a dose dele e a virei rápido. — Devia ir atrás da Mackenzie, ela se amarra nos seus cabelos.

Mike tinha o cabelo comprido e fazia um coque frouxo na cabeça para não tirar seu "ar" de profissional, o que eu ainda tentava descobrir onde estava até hoje. E Mackenzie, era a garota do noturno que era louca por ele. Morena de longos e lisos cabelos negros, e esse palerma ficava atrás de mim sempre que podia, mesmo sabendo que meu quadril poderia quebrá-lo em um piscar de olhos.

— Pare com isso, droga. — Dessa vez ele foi mais rápido e virou a dose antes que eu a roubasse. — Você poderia ao menos pensar na possibilidade?

— Vou pensar se posso pensar.

— Já é um começo.

Virei outra cabeça e o encarei com dificuldade, minha visão começou a ser afetada antes do que eu imaginava.

— Merda, preciso de um emprego que banque todo esse maldito álcool. Me passe seus contatos Mike, me deixe ser feliz ganhando mais.

Ele riu e virou o banco para o restante do bar, a essa hora, todos já estavam bêbados e quase se comendo em cima das mesas.

Eu não podia julgar, minha vida não estava sendo um mar de rosas, mas eu conhecia meus limites.

— Acredite, se eu tivesse, passaria. O problema é que não existe milagre, lá fora está muito pior. Eu já tentei.

Eu suspirei e deitei a cabeça no balcão, precisava de algum trabalho alternativo.

— Outra cerveja para a ruiva chateada. — Eu ergui a cabeça e desisti de tentar enxergar com perfeição o rosto daquele homem, a tontura e a escuridão do bar me tiraram o dom perfeito da visão.

— Ela já está acompanhada, cara.

Eu exalei, Mike era legal, mas bêbado se tornava possessivo e protetor e eu era uma mulher adulta. Além disso, nunca fiquei com ele para que ele pudesse ter esse tipo de confiança.

— Eu aceito, obrigada.

Mike bufou e eu ri, se ele continuasse com essa merda, nem pensar na possibilidade eu pensaria.

— Não se preocupe, não roubarei sua companhia, a não ser que ela queira ser roubada.

Eu gargalhei, só podia ser piada. Mike deveria ter pago uma rodada pro cara dar em cima de mim só para ele ser o salvador da pátria, eu odiava a apelação e esse excesso de atenção que eu estava recebendo nos últimos dias, era mais do que eu estava acostumada a receber.

— Talvez eu queira. — Mike provaria do próprio veneno, Rohypnol era para fracos.

Eu estava com a visão tão turva que o rosto dele estava incompreensível, mas o perfume fresco dele ativou meu interesse e eu não perderia a oportunidade de fazer Mike parar com essa m*****a frescura.

Nem mesmo minha mãe tinha essa mania chata.

— A conta dela. — Ele pediu. Nossa, dessa vez tinha sido um grande investimento.

— Qual é, Sarah! — Eu dei de ombros e pulei da banqueta. — Você não vai me deixar aqui sozinho, não é?

— Obrigada por hoje, Mike. — Eu agradeci a gentileza de ter gasto tanto comigo.

Eu estava bêbada e sinceramente, fazia tempo que não me sentia livre para fazer alguma besteira. Minha vida estava uma loucura desde que comecei a pós e não me daria o luxo de perder essa oportunidade.

Aceitei a mão estendida do homem e seguimos para fora do bar, eu poderia ser morta por fazer uma besteira dessas, mas quem nunca arriscou que atire a primeira pedra.

— Tem certeza que vai deixar seu namorado assim? — A voz dele era suave e eu gostei da preocupação enquanto ele indicava o carro que estava estacionado do outro lado da rua.

— Primeiro que ele não é meu namorado e eu não perderia a oportunidade de fazê-lo pagar.

O cara riu e eu senti meus pelos arrepiarem com a expectativa.

— Muito bem, senhorita. Gostaria de ir para onde? — Eu não dei muita bola para minha falta de visão clara, afinal, ele poderia ser pior que o senhor do apartamento ao lado do meu.

Eu sorri agradecendo o cavalheirismo quando ele abriu a porta do carro para mim e esperei que ele se acomodasse no banco do motorista.

— Porque não podemos ficar por aqui?

Dane-se a decência.

Minha mãe odiaria saber que eu estava no colo de um desconhecido dentro de um carro, mas eu não me arrependi de ter aceitado a proposta.

Não perguntei o nome dele e nem mesmo me importava, o joguinho que Mike havia feito estava caindo por terra e eu estava adorando as mãos ansiosas e sedentas em todo o meu corpo. Talvez até mesmo esse cara deixou se levar pelo calor do momento.

Pulamos para o banco traseiro sem nos importar se a polícia passaria em algum momento da noite, se esquentar mais do que isso, eu não me importaria de ser presa também.

O carro começou a ficar abafado e a tontura me fez esquecer de ser cautelosa, arranquei a regata que agora parecia apertar demais o meu corpo e o ouvi suspirar. Claro que eu não me importei de ter os lábios de um desconhecido explorando a pele delicada dos meus seios e inclusive, puxei meus cabelos para dar ainda mais acesso.

— Você tem certeza disso? — Como eu poderia não ter? Eu já estava excitada e o sentia duro embaixo de mim. Droga, como eu queria isso.

Me esfreguei contra ele, eu queria mais dessa sensação que já fazia algum tempo que eu não sentia. Ele gemeu apertando minha cintura e me empurrando contra a sua ereção.

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