02. Não surte, faça yoga

Kendra

Maeves ri de mim a cada vez que não consigo me posicionar corretamente de acordo com o que a nossa professora mostra, mas é sempre assim quando estou muito estressada, não consigo manter meu equilíbrio no lugar o que me leva a situação vergonhosa de ser aquela a não conseguir acompanhar a aula.

Se concentre Kendra. Não quer ser a doida que não pode trabalhar e nem mesmo cuidar um pouco de sua saúde. Não sou alguém ligada à saúde ao ponto de não conseguir comer um monte de besteiras sem culpa.

Mas a yoga passou a fazer parte da minha vida quando Maeves disse que seria bom movimentar um pouco meu corpo, como sempre corro de qualquer coisa que possa parecer que vai quebrar meu pescoço é até estranho que esteja aqui, mas prefiro isso a ir a academia.

Aqui pelo menos posso ouvir minha amiga rindo de mim quando perco o equilíbrio.

Vários minutos excruciantes depois, desejei que a água caindo sob minha pele pudesse me dar muito mais do que um alívio muscular após tantos exercícios, gostaria que me desse o vislumbre de uma luz no fim do túnel que possa seguir e assim encontrar a magia perfeita para fazer com que Kevin, meu atual protagonista, não seja como qualquer outro que será esquecido.

O acho tão fofo por ficar ao lado da mocinha, mas como Kitty disse, não estou conseguindo montar todo o background que o fará ser aquele homem que invade os sonhos noturnos das mais depravadas.

Com uma nova roupa cobrindo minha pele, me encaminhei porta a fora para ir até o estacionamento, entretanto, Maeves me espera próxima do elevador. Ri de mim antes mesmo que me aproxime.

— Acalmou a periquita?

— Se o problema fosse esse — digo, entramos no elevador com ela mantendo uma bolsinha pequena em mãos. Se veste como uma mulher sensualmente fatal. Vê-la em um escritório deve ser como um pecado para aqueles que buscam por uma noite de prazer.

Tem cabelos encaracolados em um tom de castanho bem próximo do amadeirado, a pele preta como uma flor do deserto é tão linda que faz você querer dar uma mordida, pelo menos é o que os homens dizem. A vejo como alguém que sabe levar a beleza e a seriedade em patamares semelhantes, por esse motivo consegue atrair os olhares para sua direção.

É diferente de Kitty que gosta de apostar na sua jovialidade com roupas da moda e uma maquiagem polida. É dessemelhante de mim que uso muito poucos produtos no rosto ou em qualquer lugar do corpo, e gosto muito de couro. Tenho uma dezena de jaquetas de todos os tipos e cores diferentes, sem falar das botas, como as amo.

— Está difícil de terminar o livro novo? — pergunta calmamente, não sei se é assim tão metódica em seu trabalho, mas acaba sendo assim na vida social e com suas amigas. Tem uma voz leve que faria você virar o pescoço para saber quem fala.

— Difícil é pouco, até fez a Kitty invadir a minha casa quando nem tinha acordado direito — Ri da minha desgraça.

— Você foi dar liberdade a ela — zomba, e está certa, parcialmente a culpa é minha. — Não deixe de ir no nosso próximo encontro, tenho certeza de que vai encontrar um meio de passar por cima do que te atrapalha.

— Álcool vem com doses de criatividade agora? — indago brincando com ela que fala que não posso evitar as baladas noturnas por muito mais tempo, que tenho que aproveitar, pois as dores nas juntas vêm forte após os trinta. E ela só tem de fato 30 anos.

— Não, mas pode te fazer ter uma boa noite de sono, e pode ser o que precisa. — Ela tem razão, não durmo direito tem alguns dias, mas com a ansiedade de estar sendo inútil naquilo que faço de melhor tem me fodido.

— Se batizar a minha bebida capo você — ameaço.

— Se você conseguir viver mais um dia enquanto anda nesse monstro — fala depois de observar a minha Harley-Davidson sportster iron 883. É a primeira motocicleta que consegui comprar depois de ficar mais independente financeiramente.

— Ela é linda — digo, defendo meu bebê com unhas e dentes.

— Nunca entendi essa parte de você, quer fazer parte de um clube de motoqueiros, mas nunca tentou por conta do seus pais? — Gargalho com a sua conclusão péssima.

Apenas gosto de como as motocicletas acabam sendo mais práticas para passar em lugares que seria difícil com um carro, além disso, as acho muito bonitas. Se pudesse teria bem mais do que as duas que possuo, mas já é complicado mantê-las sempre em sua melhor forma.

— Apenas gosto de levar vento na cara — debocho.

— É uma cadela por acaso?

— Me entenderia se deixasse eu te dar caronas mais vezes.

— Colega, tenho cara de quem quer morrer antes de achar uma piroca prime? Nunca — assegura enquanto posso apenas sorrir, entretanto, já andou comigo algumas vez e sabe que ser alguém andando na garupa não é todo esse problema que está berrando.

— Já pode fazer coleção de pirocas prime Maeves, sejamos sinceras.

— Nunca é demais ter um bom estoque — afirma. — Toma cuidado, pelo amor de todos os homens gostosos em que já sentei.

— Considerando quantos foram, vou ficar segura para o resto da vida — cálculo.

— E vê se vai nos encontrar ou pode ser eu a tentar arrombar a sua porta.

— Não tem a minha senha.

— Por isso mesmo falei que vou arrombar — explica, fazendo uma expressão chateada por não ter sido compreendida de cara.

Nos despedimos e enquanto piloto penso no que estão me dizendo constantemente e estão certas, tenho que sair mais para a noite enquanto posso, durante o tempo em que não tenho que ficar realmente em casa para terminar o livro.

Pode ser que tenha alguma experiência que possa usar.

Isso, é nisso que tenho que pensar.

Sair de casa não vai apenas afastar meus problemas, vai também me dar a chance de criar ideias incríveis para o livro, e ela tem que ser realmente grandiosa para me salvar.

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