O desconhecido

Eu mal dormi na noite anterior, não fui a faculdade e disse que eu tive um imprevisto e que se desse pra mim ir hoje na clínica seria na parte da tarde.

Eu estou roendo as unhas de tão nervosa que fiquei.

Não tinha praticamente ninguém, só o pessoal da limpeza. Eu olhei para o bar e avistei um homem moreno e de cabelos pretos que estavam levemente bagunçados.

Respirei fundo e tomei coragem para me aproximar. ー Boa tarde! - falei chamando a atenção do desconhecido para mim.

Seus olhos são uma coisa perfeita um olho era verdinho e o outro âmbar puxando pro verde.

De todos os seus traços o que mais chama atenção são os olhos.

ーVocê se atrasou. - sua voz rouca preenche o ambiente.

ー Eu tive que resolver algumas coisas antes de vim. - não queria demonstrar que eu estava com medo e fiquei ponderando se vinha ou não até o último segundo.

ー Vou deixar passar dessa vez. - ele arqueou uma sobrancelha me fazendo um desafio. ー Vicente me mandou. - ele levantou do banquinho. ー Vamos para outro local, não podemos ficar muito tempo aqui. - A cada movimento dele eu só olhei o volume dos músculos por baixo da blusa branca. Ele usa uma correntinha dourada no pescoço e argolinhas nas orelhas.

Comecei a seguir ele, não tinha muito o que falar, então resolvi seguir quieta.

Ao sair da boate entramos em um carro todo preto, não dava pra vê ninguém pelo vidro.

Quando entrei tinha um motorista e parecia que ele estava recebendo ordens por um fone invisível.

Ele rapidamente deu a partida e ninguém falou uma palavra se quer a viagem toda.

Entramos em um túnel subterrâneo de um prédio em construção.

Ao estacionar o carro bem num pátio enorme vejo vários bonecos a vários metros de distância. Era tipo uma estande de tiro improvisada.

Tinha alguns equipamentos de treinamento e luta.

Vicente disse que iriam me ensinar a me proteger e não estava brincando.

O homem que nem me falou seu nome começou a desabotoar a camisa, ele já estava perto dos equipamentos. Ele tinha uma águia tampando seu peitoral todo.

Ele pegou um macacão e veio em minha direção ー Vista isso. - ele disse me entregando. Olhei pra ele com cara de poucos amigos e me pronunciei ー Primeiro fala seu nome, não é porque o Vicente te mandou que eu vou fazer tudo que pede.

Ele fechou a cara por um breve momento e depois sorriu ao falar ー Pode me chamar de Théo.

ーMe fala como ele está. - não dei tanta importância para o nome, porém achei lindo.

ー Ele passou pelos piores momentos da vida dele, mas está bem. - ele olhou tempo o suficiente nos meus olhos antes de falar ーAgora se vista. - olhei para os lados e não vi nenhuma porta que levasse a um banheiro.

O bom é que eu estava de vestido então não precisei ficar sem roupa na frente de ninguém.

Théo começou a fazer alguns exercícios e eu acompanhei ele.

ー Ele pediu pra você não ficar tão perto do irmão até ele chegar. - Théo falou ao me ensinar o movimento certo para eu bater no saco de pancada.

ー O Jonathan quer o mesmo. - falei repetindo os movimentos.

ー Tenta bater com a palma da mão. Assim ó - ele demonstrou e eu fiz. Foi melhor porque as unhas não machucaram a palma da mão e eu pude colocar mais força no movimento.

ー O Jonathan não sabe de muita coisa, mas ele se tornou perigoso porque acredita em uma verdade que é mentira a maior parte. - ele colocou as mãos no meu quadril e me posicionou corretamente. ー Você nunca vai ganhar numa luta corporal contra alguém do meu tamanho, mas você tem que dar um golpe que te dê tempo. - ele explica enquanto tira as mãos lentamente. Fiz que entendi com a cabeça e retornei a bater no saco.

ー E qual é a verdade? - perguntei ofegante.

ー O próprio pai deu ele para firmar um acordo. - Théo fala e eu paro e olho pra ele.

ー Quem garante? - pergunto.

ー Temos provas, advogados foram usados para selar esse acordo. - Théo falou calmo demais.

ー Mas e a mãe dele? o pai disse que vocês tinham matado ela. - falei tentando absorver as informações.

ー A mãe dele é uma das mulheres mais fodas que eu já vi nos últimos anos. - ele pareceu se lembrar de algo e sorriu.

ー Então ela não está morta? - perguntei.

ーClaro que não. Alejandro se importa apenas com ele e seu território. - Théo fala. ーTem muita coisa que o Vicente vai te contar quando chegar. - ele termina.

Eu realmente não sei em quem acreditar. Se essa versão for verdade o Jonathan também está correndo perigo.

ーVocê não tem noção da guerra que está por vim. - Théo diz pensativo.

Respiro fundo tentando absorver tudo. ー Será que Joanna sabe da verdadeira história? devo confrontar ela?

ー tire cinco minutos para descansar. - ele fala pegando uma garrafinha de água de cima de uma mesa e eu faço o mesmo.

Meus músculos estão doloridos, não sei quanto tempo eu estou treinando com o Théo.

Pego meu celular e checo se tem alguma mensagem importante.

E vejo uma do Jonathan me chamando pra jantar mas eu ignoro.

Preciso esperar o Vicente chegar e vê o que está acontecendo.

Não é que eu não acredite no Jonathan, mas o comportamento dele mudou comigo e eu não posso arriscar.

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