Capítulo 1

Dias atuais...

— Bom dia! — William diz de forma seca, passando feito um foguete em direção à sua sala.

— Bom dia senhor Firenze. — responde Helena, a secretária. Ela se levanta da mesa e vai atrás do chefe.

— Quero que confirme meus compromissos. — O homem ordena. — Onde está o meu assessor? — Ele coloca o terno azul marinho no encosto da cadeira, sentando-se e mexendo em seus papéis sobre a mesa, ficando apenas com a camisa branca e a gravata azul e vinho.

—Ainda não chegou. Seria algo que eu possa fazer? — Helena pergunta sentada de frente a ele, cruzando as pernas. Ela j**a a perna alto, tentando dar-lhe uma visão privilegiada de suas partes íntimas. William sequer olha.

— Não. Assim que ele chegar, mande vir até minha sala. Antes me repasse meus compromissos. — Responde.

Helena obedece. O CEO pede a ela que se retire logo que a mulher termina de falar. E assim que a secretária passa pela porta, o elevador se abre e Luciano sai, com todo aquele estilo moderno e pinta de estilista.

— Bom dia! Onde está o chefe mais gato de todo o planeta? — Ele diz alto para que William o ouça de sua sala.

— Ele está lhe aguardando. — Luciano faz uma careta pra ela assim que ela volta o rosto para o computador. Ele sai em direção à sala do CEO rebolando e jogando os braços.

— Bonjour! Monsieur Le patron. — se j**a na cadeira e j**a uma pasta no assento ao lado. — O que queres falar comigo?

— Quero as notícias sobre os japoneses. Quero as informações completas e detalhadas. Preciso fechar esse negócio. Seria maravilhoso um Resort daquele nível aqui, na Ilha das Rosas. Isso é muito importante pra mim, Luciano.

— Oui, oui. Patron. O que você me pede que eu não faça? Hum? — O homem pega sua pasta e tira de dentro um classificador transparente cheio de papéis, j**a em cima da mesa de William e ri, j**ando os pés sobre outra cadeira e levando o dedo à boca, em um meio sorriso.

Os olhos de William brilham ao pegar a pasta nas mãos.

— O que é isso? — William pergunta.

— Veja com seus próprios olhinhos, felino! — William pragueja dos apelidos de Luciano.

Após analisar alguns dos muitos papéis, Firenze solta das mãos e leva-as até a boca, subindo-as pelas têmporas.

— É isso mesmo que eu estou vendo aqui? Luciano, eu estou errado ou estamos na lista de prioridade de negócios dele? — Profere animado.

— É isso aí! — Luciano responde enquanto lixa as unhas, como se aquela informação não fosse nada demais. — Mas eu devo lhe avisar de algumas coisas. — Ajeita-se na cadeira mantendo postura. — Embora você esteja na lista de prioridades, para fechar o negócio terá que estar dentro dos parâmetros exigidos pelo senhor Ching. Ele gostou muito de você, do potencial da nossa empresa e ficou muito contente de saber que desde os seus 15 anos está à frente de toda essa empreitada sempre em nível crescente de sucesso. Ele te admira muito por isso e esse é o motivo de você ser uma prioridade. — Agora o tom de voz de Luciano é profissional. Sem deboche e sem voz afeminada. — Porém ele tem uma regra absoluta, não abre mão. Ching não negocia com homens solteiros. — Willian sorri de desdém. — É um homem que acredita demais no Amor. Que acha que o homem que não tem um par, não é capaz de dar valor ao sucesso. É um homem fadado ao fracasso. Sem espiritualidade. Um homem indigno de receber seu patrimônio.

— É sério? — William parece não acreditar em Luciano, mesmo ele usando o seu tom de voz profissional.

— É, é muito sério. Todos os meus informantes e pessoas que negociavam com o senhor Ching confirmam que ele segue isso à risca. Muitos deles se casaram para conseguir fechar negócio com o bilionário excêntrico.

— Droga! — William pragueja. — Como vou resolver isso? Luciano, consiga uma reunião com alguns assessores do senhor Ching aqui no Brasil para que eu converse com ele e saiba diretamente da fonte se ele recusaria a minha proposta por uma simples tolice. — Ele larga um lápis na mesa.

— O senhor Ching só fala japonês e seus assessores também. Não tem representante brasileiro. Você vai precisar contratar alguém para conversar com eles. — Luciano informa, mantendo o padrão profissional.

— Que merda! — Firenze fala mal outra vez e desfere um murro na mesa. — Mas que homem ultrapassado! Então, como conseguiu isso tudo?

—Fiz com auxílio de uma amiga que mora na Vila e é poliglota.

— Uma menina da Vila das Rosas? — Ele pergunta e Luciano sacode a cabeça positivamente. — Poliglota? — O assessor confirma.

— Ela é fantástica! — Elogia.

— Então contrate ela. Se vamos precisar de uma intérprete, contrate a moça da Vila. — Willian diz e volta a mexer nos papéis do senhor Ching. — Chame Carolina na minha sala, Helena, agora! — ele pede pelo telefone.

— Sério? Posso contratar aquela belezura para ser a intérprete? — Willian sequer lhe dá ouvidos agora que ele voltou ao modo gay. — Você vai amar aquela garota!

Assim que ele fecha a boca, a estonteante Carolina entra na sala, com seus cabelos negros encaracolados, que vão até a linha de sua cintura.

— Bom dia! O que me traz até sua sala, Sr. Firenze?

— Você foi rápida! — O CEO diz ainda olhando os papéis.

— Eu já estava vindo até aqui lhe passar alguns relatórios.

— Quero que organize um jantar para mim, em minha residência, com algumas das servidoras mais bonitas de toda a rede Firenze. Aqui da Ilha, claro. Preciso de uma noiva para fechar um bom negócio. Não tenho tempo para isso, todos sabem, então vou firmar com elas um contrato. A escolhida ganhará uma boa quantia.

— Nossa que romântico! — Carolina debocha. — Posso incluir na conta a sua secretária Chetelena? Ela com certeza ia amar ser a sua noiva.

— Lógico! É só um contrato. — Luciano e Carolina se olham boquiabertos.

— Patron, tenho uma ideia muito melhor. — Diz Luciano. — Todos sabemos que você fez muitas degustações na sua rede hoteleira — William sorri e levanta os olhos para encarar Luciano. — Que tal um evento? — Ele abre as mãos no ar, sonhando. — Com direito a inscrição e com a exigência de um vídeo onde ela diz por que deseja ser a noiva. Na inscrição já estará especificado o motivo da seleção, o prêmio final e as condições do casamento. Aí você seleciona as mais interessantes através do vídeo e somente na hora do evento escolhe um número e revela a noiva, como um sorteio. Chama todo o mundo corporativo e os agentes do senhor Ching, apresenta seus dados, seus lucros e toda a sua história diante da empresa e no meio disso tudo você apresenta a sua noiva para todos. Para os japoneses vai parecer muito romântico e demonstrar que não está casado, mas que quer se casar, no entanto, para a Firenze será um sorteio onde nem mesmo você sabe quem será a escolhida. — Finalmente ele volta os olhos para William e olha para Carolina.

— Perfeito! Pela primeira vez vejo um delírio brilhante. — Willian se volta para Carolina. — Consegue fazer isso Carol?

— Você vai mesmo fazer isso? — Ela pergunta totalmente surpresa.

— Sim. Inclusive você também pode se inscrever se quiser. — Willian pisca para Carolina que levanta os olhos. Carolina é apaixonada por Rômulo, o advogado da empresa e William sabe disso.

— Não, muito obrigada! Embora o dinheiro da rescisão do contrato fosse muito bom, não nego. Eu ia poder pedir demissão e voar daqui. — William sorri enquanto assina alguns papéis.

— Providencie uma reunião com Rômulo para estabelecer um valor adequado para o prêmio da ex-futura-noiva. E para editar as regras e os pormenores. Não quero correr o risco de ela requerer qualquer outro direito após o fim do contrato ou uma delas espalhar os fatos e colocar tudo a perder. A escolhida deverá se passar por uma mulher apaixonada. Isso não pode chegar aos ouvidos do Sr. Ching.

— Com todo prazer, senhor Firenze. Com licença! — Carolina se levanta da cadeira e sai toda animada por ter que lidar com Rômulo. Enquanto isso Luciano está parado na mesma posição de quando completou suas ideias, com a boca aberta e o olhar fixo em William.

William gesticula as mãos e b**e os dedos na frente dos olhos de Luciano. — Preciso de mais informações sobre a Chiangching.

Ele finge acordar do transe e então volta ao modo profissional relatando várias informações que conseguiu. Depois retorna o assunto sobre a contratação da amiga para a vaga de intérprete. — Vou mesmo poder convidá-la para trabalhar aqui?

— Sim. Vá conversar com ela pessoalmente e fazer o convite. Preciso de seus serviços. Leve Antônio. Ele vai falar todos os benefícios que a empresa oferece e ajeitará a contratação dela pelo período das negociações.

— Isso significa que a contratação dela só durará enquanto estivermos lidando com os japoneses? — William confirma. — Então arrume outra pessoa. Minha amiga tem um emprego fixo. Não vou permitir que ela peça demissão por uma vaga temporária.

— Então o que sugere? Nossos cargos estão completos. Não tem como. — Willian diz impaciente.

— Não existe "não ter como" para você, William. Ou contrata ela por tempo indeterminado, quase vitalício, ou nada feito. E não digo o nome dela nem mesmo sob tortura. — Avisa em um drama característico dele.

— E o que essa garota vai fazer aqui na empresa quando essa negociação com os japoneses acabarem? Ela vai ficar obsoleta? Zanzando ou se metendo na vida dos outros?

— Primeiro, meu caro: ela não é do tipo que fica falando da vida dos outros. Segundo que ela pode virar sua assistente pessoal. Tudo que você precisar bastará pedir. Tudo! — Ele levanta apenas uma sobrancelha para o chefe. Que lhe olha bem sério. — Terceiro ponto é que quando eu digo que ela é poliglota, não é à toa. Ela fala 14 idiomas.

William arregala os olhos diante da informação. — Onde uma garota da vila aprendeu a falar tantos idiomas?

— Respondo assim que me disser que ela será contratada da forma devida.

William sorri. — Se você não fosse tão gay, ia dizer que é apaixonado por essa garota. Tudo bem! Ela será intérprete e minha assistente, pagaremos um bom salário visto que ela sabe tantos idiomas assim.

— Eu poderia me apaixonar facilmente por ela. É como uma deusa. Linda! Mas é uma moça muito humilde. Eu... Se não for muito incômodo...

— Desembucha logo, Luciano. — Ele continua calado e vermelho. — Luciano... Não me diga que quer emprego para o marido dela.

— Não. É que... — William sopra impaciente. — Tá bom. Vou falar de vez. Ela precisa de roupas para o trabalho. Quero saber se posso levá-la em alguma loja e vesti-la apropriadamente para ser a assistente pessoal do CEO.

— Ela vai ganhar um salário muito bom. Pode usar o dinheiro para se vestir.

— Assim ela não terá um real no fim do mês pelo serviço prestado. Ah, por favor, William. — Ele se levanta irritado, como William nunca viu, e anda em direção à porta.

— Ok! Ajeite o que for necessário para a sua amiga. Preciso dela urgentemente.

— Patron... Merci beaucoup! Je t'aime! — ele agradece em francês e diz eu te amo a William.

William ri da cara de seu amigo e assessor internacional. Quando Luciano fecha a porta ele respira e fica pensando em tudo que ouviu e decidiu ali na sala. Seu celular toca.

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