Até onde você estaria disposto a ir para esquecer um grande amor? Hana Fiore é uma garota frustrada com relacionamentos que não deram certo. Para esquecer "o cara errado", ela tenta, a todo custo, investir em uma nova paixão — mesmo com um histórico de finais fracassados atormentando sua mente elétrica. Estressada, ela vaga pelas ruas da pacata Marjorie, somente para encontrar com a última pessoa que ela queria ver naquele momento. Entre provocações, ela se vê — inevitavelmente — encantada pelo cara que, nem de longe, deveria ser a pessoa que seu coração procura. Um fato irrevogável, talvez. E tudo piora quando os sinais da sua falha tentativa de esquecê-lo se tornam mais evidentes, obrigando-a a admitir que ainda não o superou. No entanto, tudo começa a mudar quando "o cara errado" acaba sofrendo uma forte decepção e ela acaba por ver a oportunidade perfeita para remendar um coração partido. Ou nem tanto assim.
Ler maisA que nível o ser humano poderia ser tão falso? Giulia se perguntava, enquanto via a chuva cair na mesma velocidade que as lágrimas rolavam de seus olhos esverdeados. Em comparação com sua dor, que era ainda mais recente, o tempo estava fechado, e chovia a apenas três dias.
A jovem italiana havia sido traída pelo seu noivo, que, na verdade, estava com ela só pelo seu dinheiro. Ela se sentia usada, como se tudo o que viveram durante os três anos de namoro fosse uma completa mentira. Como se cada palavra de amor, gesto de afeto e sorrisos, fossem uma invenção de sua imaginação fértil e sonhadora.
E, de certa forma, poderia ser.
Usando as costas de suas mãos para reter as lágrimas, ela olhou ao redor. As ruas de Veneza estavam quase desertas, sem nenhum sinal de vida além dela, de uma senhora que caminhava lentamente em direção ao ponto de ônibus, onde Giulia se encontrava, e um grupo de pessoas do lado de fora de uma lanchonete do outro lado da rua.
Com dificuldade, a jovem fez de tudo para conter o choro antes da idosa chegar. Infelizmente, ela não conseguiu a tempo. A senhora de cabelos grisalhos e sorriso gentil já a encarava com um olhar triste e… compreensível?
— Posso me sentar, minha jovem? — perguntou, com um belo sorriso no rosto. Giulia assentiu, desviando os olhos das órbitas castanhas escuras da idosa.
Um silêncio estranho se estendeu entre as duas mulheres, enquanto a mais velha se ajeitava no banco do ponto de ônibus e guardava seu guarda-chuva em um canto qualquer para secar. Suspirando, a senhora voltou a encarar Giulia. Ela parecia querer dizer algo.
— Problemas com o amor, jovem? — a senhora perguntou, fazendo Giulia se assustar. Era tão evidente assim?
— Posso dizer que sim… — sussurrou, tão para baixo que um sorriso triste recaiu na face da mulher ao seu lado.
— Alguma decepção? — ela supôs, tentando decifrar os olhos verde-claros da garota.
— Traição, eu diria — corrigiu-a, fungando. A fraca menção sobre o que aconteceu a deixava quebrada.
— Isso não é motivo suficiente para chorar, minha jovem. — Giulia arqueou uma sobrancelha, indignada com as palavras da mulher.
Como assim não era motivo suficiente para chorar? Ela se sentia tão destruída, como se o mundo estivesse caindo aos seus pés. Era como se o seu coração estivesse em cacos, e nada parecia ser suficiente para reconstruí-lo.
— Você não entende? — perguntou, esboçando sua indignação em cada palavra. — Como não pode ser motivo…
— Para se gastar lágrimas com alguém que não te merece? — a idosa a interrompeu, completando sua fala. Sua expressão era reprovadora.
— Mas… Senhora! Eu… eu realmente… — balbuciou, sem conseguir controlar as lágrimas que voltavam a cair de seus belos olhos.
A velha mulher estava certa. De um jeito, ou de outro, não era motivo para se gastar seu precioso tempo sofrendo por um canalha como seu ex-noivo, mas essa não era a única questão ali. Não era o único porquê de suas lágrimas.
— Calma, minha jovem — a mais velha pediu, erguendo uma de suas mãos enrugadas e trêmulas para tentar enxugar as lágrimas presentes no rosto da mais nova.
— Como pode pedir para eu ficar calma sabendo que isso é impossível após ouvir suas palavras? — ela questionou, balançando sua cabeça de um lado para o outro. Com delicadeza, retirou a mão da senhora de seu rosto.
— Minha jovem…
— Giulia. — Ela respirou fundo. — Meu nome é Giulia.
— Giulia… — sussurrou, pensativa. — Deixe-me lhe contar uma história — pediu, com o rosto sereno. O barulho das gotas de chuva que caíam no teto do ponto de ônibus traziam uma sensação angustiante para ambas.
— Uma história? — perguntou, confusa. O que isso tinha a ver com aquela conversa? Para ela, parecia ser nada.
— Sim. — A velha sorriu, nostálgica. — Uma história desastrosa — sibilou, baixo o suficiente para que Giulia quase não escutasse. A garota estava confusa, mas, para não contrariar a mais velha, assentiu.
Uma parte dela queria ver qual era a real intenção da idosa. E, além disso, não tinha nada a perder.
— Tudo bem — concordou, arrancando um suspiro aliviado da outra.
Sorrindo tristemente, a velha senhora olhou para o céu tortuoso. Tudo indicava que a chuva demoraria para cessar e que o tempo parecia estar do seu lado. Respirando de forma profunda, ela fechou os olhos e deixou que bons sentimentos lhe acarinhassem. Ao abri-los, fitou os olhos verde-claros de Giulia, e apenas assentiu.
Essa seria uma longa história.
Queridos leitoresÉ, parece que finalmente chegamos ao fim. Depois de tanto tempo, e — apesar de ter sido somente 47 capítulos contando prólogo e epílogo e apenas um mês para quem conheceu Meu Desastroso Romance aqui na Buenovela — eu me sinto realizada em poder entregar essa história completa para vocês, leitores. É estranho parar para pensar em como determinadas coisas acontecem somente quando tem que ser. Com MDR foi assim; até eu vir parar nessa plataforma de publicação, parecia um sonho distante tê-la concluída, em seu máximo que o momento me permitia fazer.Embora tenha pensado em muitos finais diferentes — muito felizes e outros nem tanto — ao longo dos dois anos que ela permaneceu apenas como um mero rascunho não terminado, estou feliz em ver qual foi o que escolhi para ser o definitivo. E, claro, espero também que seja assim para vocês; que tenham gostado de cada nuance, personagem e diálogos, por mais curiosos que esses foram; que tenham amado — assim como eu — a história de
Giulia respirou fundo. Seus olhos, agora molhados por lágrimas causadas pela história da velha senhora, encaravam-na com um sorriso triste e ao mesmo tempo feliz. Não sabia direito como deveria reagir a história contada pela mais velha, muito menos se ela se encaixava com sua situação atual, no entanto, era uma sensação gratificante saber que tudo tinha acabado bem no fim, embora tivesse muitos pesares que ela não queria considerar.— Eu não entendo. Por que você me contou essa história? — ela perguntou, ao notar que a idosa não iria prosseguir mais com seu relato.— Ah, minha jovem, se você ainda não entendeu, talvez deva voltar tudo no começo mais uma vez — cantarolou, fazendo a mais nova arregalar seus olhos verdes.— Está falando sério? — questionou, surpresa. A senhora balançou sua cabeça de um lado para outro, com um pequeno sorriso em seus lábios trêmulos.— Não, só estou brincando um pouquinho com você para prolongar este momento — a respo
Quando Hanna parou diante de Carlos, a primeira coisa que ele fez foi lhe abraçar, matando a saudade que ambos sentiam um pelo outro, mesmo que não tivesse passado muito tempo desde a última vez que eles haviam se visto. Noah olhou a cena com certa curiosidade, sorrindo de um jeito malicioso assim que eles se separaram.— Você estava com tanta saudade da minha florzinha assim, Carlos? — Noah perguntou, estreitando seus olhos em tom de brincadeira. O rapaz, meio envergonhado, ajeitou seus óculos e sorriu amarelo para ele.— Bem, já faz algum tempo desde a última vez… — murmurou, sem encarar as íris negras de Bellini, que riu ao ver a timidez que Carlos ainda insistia em manter com ele mesmo após tantos anos juntos.— Que isso! Eu só estou brincando. Sei que são grandes amigos — falou, batendo suas mãos nos ombros de Carlos amigavelmente.— Noah, eu já disse inúmeras vezes para não mexer com o Carlos. Ele é tímido de verdade — Hanna o repreendeu, ba
A festa era muito badalada. Vários garçons distribuíam bebidas para os convidados, enquanto estes aguardavam ansiosamente o início do desfile de moda arquitetado pela sensação do momento entre as principais modelos do mundo da moda: Eros Guerra.Hanna observava tudo com olhos curiosos, se sentindo orgulhosa por ver o sonho de mais um dos seus amigos realizados. Aquele desfile era o ápice que o rapaz desejara quando saíra de sua cidade natal, no interior, e a conheceu em Marjorie. Era o começo da glória que ele tanto queria, e isso deixava a mulher mais que satisfeita. Era tudo que ela poderia desejar para ele.Sorrindo, Fiore deixou que suas lembranças vagassem para o passado, que não era tão distante assim, e permitiu-se repassar cada momento, desde seus planos malucos para esquecer Bellini até a revelação da verdade que quase pôs tudo a perder.Eram lembranças incríveis, inesquecíveis, que faziam parte do ápice da sua juventude, embora ainda não se consi
Seis anos depoisOs dedos de Hanna batucavam no estofado de umas das cadeiras do pequeno escritório ao qual ela se encontrava, trazendo um pouco de alívio para a mulher. Ela ergueu seus olhos assim que uma voz rouca chamou por seu nome, ansiosa e cheia de expectativas em relação àquela entrevista de emprego.Dessa vez vai, com certeza!, afirmou para si mesma, em pensamentos.O barulho do seu tênis ecoava pelo piso de madeira do escritório, deixando-a perplexa sobre como seriam as coisas dessa vez. Aquele som lhe trazia lembranças da sua época de faculdade, quando ainda morava em Marjorie e vivia aprontando para se sentir livre de verdade.Agora, mais velha e em São Paulo, ela não precisava de tanto esforço para ser feliz; bastava conseguir aquele emprego, por mais difícil que fosse, e tudo estaria finalmente bem. A outra coisa, que era a parte mais importante, ela já o tinha conquistado e morava com ela em seu apartamento.— Senhorita Fio
Um som de uma respiração pesada atraiu a atenção da garota, que, apesar disso, não conseguiu forças para abrir seus olhos e descobrir quem estava ali com ela. Apesar disso, ela também não sabia exatamente onde estava, o que fazia ali e, muito menos, como tinha acabado deitada naquela cama desconfortável.Ela só conseguia se lembrar de estar em um lugar lindo, com alguém ainda mais lindo e vendo as poucas e brilhantes estrelas em meio às nuvens. Sua mente, por mais que ela tentasse, não lhe dava nenhuma informação além dessas três, fazendo a garota se questionar por alguns segundos sobre quem ela era e o que fazia no dia marcado em suas poucas lembranças.Uma voz doce e familiar atraiu sua atenção, e ela conseguiu entender o nome que ela sussurrou bem próximo de seu ouvido: Hanna. Esse era o seu nome, não era? Agora tinha certeza que havia o ouvido durante sua vida toda, mas não de uma forma tão melancólica e dolorosa — apesar de linda e bela —, como se a pessoa que
Último capítulo