Depois que Theo partiu, compelida a suportar a dor que corroía meu corpo frágil, comecei a empacotar minhas coisas com uma determinação quase desesperada. Ao lançar um olhar para o relógio, constatei que ainda se passavam seis longas horas até que minha mãe e meu padrasto enviassem alguém para me buscar. Dirigi meu olhar para os dez guerreiros lobisomens que, impassíveis, vigiavam do lado de fora da mansão e, com o coração apertado, disquei o número de minha mãe.
— Tenho receio de que não seja fácil para você me levar. Há muitos guerreiros lobisomens me guardando aqui.
— Aria, não se preocupe, eu vou ajudar você a resolver isso. — Uma voz severa de meia-idade veio do outro lado da ligação. — Você é minha filha daqui para sempre, e não deixarei ninguém intimidar você mais.
Embora eu ainda não tivesse conhecido o companheiro que representaria a segunda chance para minha mãe, aquelas palavras insuflaram-me um ânimo inesperado.
Contudo, mal desliguei o telefone quando a mãe de Elena, acompanhada dos pais de Theo, invadiu meu quarto, lançando-me olhares carregados de desdém.
— Você, uma Ômega, ousa enganar Theo e engravidar de um bastardo! Como ousa permanecer em nossa casa! — A mãe de Theo gritou.
— Se fosse eu, faria questão de que todos soubessem e arruinaria sua reputação! — A mãe de Elena interrompeu, deixando a de Theo ainda mais furiosa.
Em seguida, ela avançou decididamente em minha direção e me desferiu um tapa vigoroso no rosto, enquanto uma empregada, testemunhando a cena, apressadamente se posicionou à minha frente para me proteger.
— Senhorita Aria está muito fraca agora. O senhor Theo me instruiu a cuidar bem dela. Você não pode bater nela!
Contudo, a mãe de Theo empurrou a empregada para o lado, fazendo-a cair ao chão.
— Aquele tolo do Theo, ainda pensando em cuidar dela e do filho bastardo dela?! Oh, meu Deus! Como eu pude dar à luz um filho tão inútil, permitindo que ele se deixasse manipular por uma tal desvergonhosa?!
Logo, o pai de Theo, ostentando o posto de Alfa na Alcateia Rosa Negra, avançou.
— Para uma Ômega, tornar-se a companheira do meu filho é uma honra para você. Contudo, você é ingrata e está grávida de um bastardo! Tenha bem em mente: nem nossa família, nem toda a Alcateia Rosa Negra aceitará jamais essa criança.
Ele então ordenou aos dois guerreiros lobisomens que o acompanhavam:
— Levem-na à clínica da alcateia para abortar o bebê e, depois, a expulsem da alcateia.
Com força, ele agarrou meus braços e eu me debati tentando me desvencilhar, exclamando:
— Não, me solte!
Aterrorizada pela segurança de meu filho, senti um pavor indescritível, e a empregada interveio novamente, suplicando:
— Senhorita Aria já está grávida de sete meses, e seu corpo está muito fraco! Se você a fizer abortar o bebê, ela com certeza morrerá!
Desesperada, tentei me defender:
— E o bebê na minha barriga é do Theo, não é um bastardo! É o filho da Elena que é bastardo!
Todavia, minhas palavras, por mais verdadeiras que fossem, só me renderam outro tapa retumbante.
— Como ousa falar disparates! O próprio Theo admitiu que o filho de Elena é dele! Vejo que você não é apenas descarada, mas também uma mentirosa!
— Não, não é verdade... — Balancei a cabeça, tomada pelo desespero, mas amarraram minha boca, impedindo-me de oferecer qualquer explicação.
Em silêncio, zombava de mim mesma, questionando: acaso não desejei abandonar esse filho outrora? Por que o pesar agora me consome tão intensamente?
Lágrimas silenciosas deslizaram de meus olhos, enquanto minha consciência, pouco a pouco, se apagava. Foi então que, num instante carregado de tensão, uma voz irrompeu na sala:
— Parem! Quem ousa tocar em minha filha!