Fernanda Castellane:Um mês inteiro já se passou, o dia da audiência está cada vez mais próximo e a cada instante que penso nisso, sinto meu peito apertar.“Nos papéis Adélia me acusa, afirmando que sou um viciado em jogos de azar, como o meu pai enquanto ainda estava vivo. Alega que coloco a vida do meu filho em risco, pois homens estrangeiros invadiram o hospital em horário de pico para cobrar a dívida e foram direto no berçário do Gabriel para usá-lo. Também me acuda de traição contra Marina, alegando que eu já estava me envolvendo com você enquanto Marina sofria numa cama hospitalar lutando pela própria vida e a do nosso filho. Além disso, insinua que desvio recursos do hospital para fins pessoais, que sou um administrador negligente.” Cada palavra ainda ecoa em mim, como se estivessem sendo dita nesse exato momento. E por mais que eu tente não pensar, não consigo, e toda vez, uma raiva cresce dentro de mim ao mesmo tempo que a sensação de incapacidade.Eu fecho os olhos por um i
Fernanda Castellane:— Aqui — Tiago estende um copo de água para mim, a expressão cheia de preocupação.— Obrigada — agradeço baixinho, aceitando o copo com mãos ainda um pouco trêmulas.Ele se senta ao meu lado no corredor, o silêncio se instala entre nós enquanto eu tomo pequenos goles da água gelada, tentando acalmar a torrente de pensamentos que me consome.— Por que a possibilidade de estar grávida te deixou nesse estado? — Ele pergunta, a voz suave, sem qualquer julgamento.Reclino na cadeira e deixo meu olhar se perder no teto branco do hospital. Mordo o lábio inferior e respiro fundo, volto meu olhar para o copo, ainda com um pouco de água.— Porque... talvez esse não seja o melhor momento, sabe? — forço um sorriso, tentando parecer mais calma do que realmente estou. — Tem pouco mais de um mês que eu me casei, ainda não me formei, já temos uma criança tão pequena em casa...Tiago me observa com atenção, sem interromper.— Entendi — diz por fim, inclinando levemente a cabeça. —
Fernanda Castellane:Sinto a carícia lenta dos lábios de Pietro no meu pescoço, quentes e possessivos, enquanto suas mãos exploram meu corpo com uma reverência que faz meu coração tropeçar dentro do peito.Ele massageia meu seio com a palma firme, o polegar roçando o mamilo que endurece sob seu toque. Minha respiração se acelera. Meu corpo se molda instintivamente ao dele, buscando mais, querendo mais.— Pi... — murmuro, entre um suspiro e outro.Ele interrompe o beijo e franze o cenho, buscando meu olhar.— Sim, amor? Algum problema? — pergunta, a voz rouca, carregada de desejo e preocupação.Por um instante, apenas o observo.Tão meu.— Quero que você se sente na poltrona — digo, firme, embora meu coração esteja disparado.Pietro pisca, confuso.— Por quê? — Questiona, arqueando uma sobrancelha, como se tentasse decifrar minha intenção.Sorrio de leve, provocando.— Apenas obedeça — minha voz desliza macia pelo quarto, mas carrega uma ordem inegável.Ele hesita.Sei que está acostum
Fernanda Castellane:Sinto os dedos de Pietro deslizarem pela minha fenda, brincando com as dobras macias e inchadas do meu sexo, enquanto minha pele parece pegar fogo a cada toque.A umidade que banha seus dedos é um testemunho silencioso de como estou entregue a ele, e, por um breve momento, percebo o vacilar do controle que Pietro tanto luta para manter.— Está tão molhada... — ele murmura junto à minha orelha, sua voz baixa e rouca de desejo. — Tudo isso só porque gozei na sua boca, amor?Mordo o lábio com força, tentando conter o gemido que ameaça escapar, enquanto sinto seus dedos passearem provocativamente sem nunca me dar exatamente o que quero.Ele apenas brinca, acariciando lentamente, deliberadamente, os grandes lábios.Meu corpo se arqueia involuntariamente em direção à mão dele, em busca de mais contato.Sinto o sorriso dele contra a minha pele, um sorriso carregado de malícia e posse. Então, finalmente, ele roça o polegar no meu clitóris, e o gemido que eu segurava escap
Pietro Castellane:O cheiro de sexo que fica no ar tão forte é um ótimo calmante. O corpo macio de Fernanda sobre o meu, sua respiração quente sobre mim.Tudo ainda parece irreal. Parece que a qualquer momento, essa felicidade que ela me traz vai acabar. Agora entendo o medo que os apaixonados sentem.Minha esposa traça círculos preguiçosos com a ponta do dedo no meu peito, e o quarto é preenchido apenas pela nossa respiração lenta e o som abafado do mundo lá fora. Minhas mãos acariciam distraidamente suas seus cabelos macios e cheirosos.— Com quem foi seu primeiro beijo? — Ela pergunta de repente, a voz suave.Abro um dos olhos, surpreso, as sobrancelhas franzidas.— De onde surgiu isso agora?Ela solta uma risadinha, cutucando meu peito de leve.— Não se deve responder uma pergunta com outra — retruca, sinto seu sorriso contra minha pele. — Eu perguntei primeiro.Ah mulheres, por que elas sempre fazem esse tipo de pergunta? Mas, até que Fernanda demorou de fazer.Sorrio de canto, f
Fernanda Castellane:Entro no quarto do hospital sentindo o coração derreter com a cena diante dos meus olhos. Olívia está sentada na cama, o pequeno Oliver enrolado em uma manta azul-claro nos seus braços, e Mike ao lado dela, com um sorriso tão babão que parece que vai se desmanchar a qualquer momento.— Parabéns, Oli — digo, aproximando-me com cuidado, meu olhar grudado naquele pacotinho minúsculo.Olívia sorri, e é um sorriso tão cheio de amor que faz meus olhos arderem.— Obrigada, Nanda — ela responde, a voz baixa, como se não quisesse acordar o bebê.Sigo o olhar dela, que vai do rosto de Mike para o do filho, e meu peito se aquece. Isso me faz lembrar do nascimento dos gêmeos.De toda a luta da minha cunhada, interromper o tratamento contra um câncer de mama no estágio 3 para ter os bebês foi uma decisão que exige uma coragem imensa. Eu não sei se teria a mesma força, especialmente com o risco tão alto de os bebês não sobreviverem por causa da exposição ao tratamento no início
Mike Silva:Seguro o braço dela com firmeza — não com brutalidade, mas o suficiente para deixar claro que ela não tem escolha — e a arrasto pelo corredor do hospital.Cada passo que damos ecoa como um tambor de guerra nos meus ouvidos, ressoando junto ao baque surdo da minha raiva.Meu peito é um campo minado, cada explosão abafada por anos de silêncio, de mágoa engolida a seco.Ela tenta resistir, puxando o braço, bufando indignada como se fosse a vítima da históriaA mesma velha encenação que eu conheço de cor.— Me solta, moleque! — ela rosna, a voz impregnada daquela velha fúria amarga que sempre me direcionou.— Cala a boca. — sibilo entre os dentes, sem sequer olhar para ela. — Você não vai fazer cena aqui.Não hoje.Não comigo.Chegamos à entrada principal do hospital.Largo o braço dela sem a menor cerimônia, como quem se livra de um peso velho e incômodo.Ela tropeça dois passos para trás, ajeitando a bolsa no ombro com movimentos irritados, o rosto dividido entre raiva e uma
Pietro Castellane:O ar no tribunal está pesado, carregado da eletricidade silenciosa que precede uma tempestade. A promotora, com seu terno impecável e postura afiada, desfia as acusações contra mim com a precisão cirúrgica de quem acredita ter a vitória nas mãos. Cada palavra dela é uma faca, cuidadosamente afiada para o golpe final.Mas meus olhos não estão nela.Eles estão fixos em Adélia, sentada do outro lado da sala, aninhada entre seus advogados como uma rainha em seu conselho de guerra. Seu sorriso é fino, quase imperceptível, mas eu o vejo — aquele brilho de triunfo nos olhos, a postura relaxada de quem já conta os troféus antes da batalha. Ela cruza as pernas, ajusta a pulseira de ouro no pulso e me encara, desafiante. "Você já perdeu", seu olhar diz.E então, a promotora termina.O silêncio que se instala é quebrado pelo som de uma cadeira arrastando-se lentamente contra o piso de mármore. Meu advogado — um homem de cabelos grisalhos, pele marcada pelo tempo e olhos que já