Fernanda Castellane:
Termino de enfaixar a mão de Pietro com cuidado, tentando não apertar demais, mas também não deixar frouxo. A gaze já está avermelhada nas pontas e a respiração dele segue pesada, silenciosa, como se cada inalação carregasse muito mais do que oxigênio. O cheiro de antisséptico ainda paira no ar, misturando-se ao nosso silêncio pesado.
Ele não fala nada.
E eu não pergunto.
Não agora.
Termino de prender a faixa no pulso dele com um grampo, solto um suspiro baixo e me afasto um pouco para observar o estrago. Seus dedos ainda estão inchados, as articulações vermelhas. A parede atrás de nós carrega as marcas de sangue seco e rachaduras no gesso.
A angustia e raiva estão estampadas em sua cara, me apertando o peito. Ergo a mão, quero fazer carinho nele, para que ele se sinta melhor, mas, antes que eu possa realizar meu objetivo, o som do choro de Gabriel ecoa pela casa, cortando o silêncio, mesmo sendo um som frágil, quase sumido.
— Fique aqui, Pietro. Eu vou olhar ele