A tensão no ar era quase palpável.
Sufocante.
— Quanto tempo? — perguntei finalmente, minha voz saindo baixa demais.
— Como assim?
— Quanto tempo vamos manter isso? O casamento, eu digo. A farsa.
Sebastian colocou a xícara cuidadosamente na mesa de centro de vidro, pensativo, os olhos distantes.
— Tempo suficiente para que não pareça suspeito quando nos separarmos. Um ano, talvez dois. Depende.
Um ano. Ou dois.
Vivendo essa mentira elaborada, fingindo ser algo que não éramos, interpretando papéis.
— Certo — murmurei, sentindo o peso daquelas palavras esmagando meu peito.
A manhã seguinte foi... profundamente estranha.
Acordei cedo como sempre — meu corpo não conhecia outro ritmo — mas o apartamento era silencioso de uma forma completamente diferente da casa barulhenta dos meus pais.
Aqui, o silêncio era caro, isolado perfeitamente do mundo caótico lá fora por vidros triplos e paredes grossas.
Era quase antinatural.
Quando cheguei à cozinha descalço, ainda meio tonto de sono, Sebastian