O quarto estava vazio.

Faz muitos anos que ela tirou tudo dali, antes estava rodeado de muitas coisas, todas as suas coisas, dos dois, às vezes sentia que eles estavam ali, murmurando devagar seus segredos, falando baixo para não serem ouvidos enquanto as risadinhas cúmplices alegravam o espaço. Mas não demorou muito em se dar conta de que ter tudo isso ali não ia devolver as coisas que havia perdido, que por mais que entrasse nesse quarto não os veria ali, não lhes poderia falar, dizer que se dormissem, pedir que saíssem já do quarto que não ficassem até tarde falando.

O passado não alcançava o presente e o presente não podia se deter para esperá-los.

Perdeu, perdeu mais do que ela acreditou.

Havia se negado a perder mais, como se não fosse capaz de suportá-lo.

Recordava a notícia que havia recebido depois de que chegou de San Francisco.

Seu casamento se derrubava.

Gio não só tinha outra mulher, senão que havia tido filhos com ela.

Quis morrer, não só pela vergonha, senão pela falta