Chuva no deserto.
Maximus Silver
Não sei quanto tempo passo chorando, mas é um alívio conseguir finalmente chorar. Por cinco anos inteiros, guardei todas as emoções dentro de mim, cultivei um vazio e chafurdei na minha autopiedade. Agora, depois de finalmente contar tudo a alguém e colocar as emoções para fora, sinto meu peito aliviado por conseguir respirar normalmente de novo. Depois de um longo tempo, tudo que restou do meu lamento foram suspiros e soluços e eu consigo reparar na mão que segura na minha.
Olho para Amélia e vejo que ela está olhando para mim com tanta preocupação que há uma ruga em sua testa.
– Vai ficar velha antes do tempo se fizer essa expressão – digo passando o dedo na ruga e sua expressão se suaviza.
– Você está bem?
– Não estou, mas tenho certeza que vou ficar. E você?
– Eu me sinto miserável. Fui tão injusta com você e… – coloco um dedo em seus lábios e ela se cala.
– Não precisa dizer, eu consigo sentir tudo que está sentindo e é suficiente. Sei que você teve seus motivos e