Amélia Alder sempre acreditou que a vida já havia lhe mostrado o pior. Órfã de sonhos e marcada pela dor, ela pensava que nada mais poderia surpreendê-la. Mas tudo muda quando consegue um emprego em um cassino — e descobre que, na verdade, não foi contratada... foi vendida. Seu pai, morto e enterrado, deixou para trás mais do que lembranças: uma dívida impagável. E Maximus Silver, o implacável dono do cassino, coleciona pagamentos em carne e alma. Agora, Amélia precisa lutar não só por sua liberdade, mas por sua própria identidade em um jogo onde as fichas são pessoas e perder nunca é uma opção.
Ler maisCITY OF LAS VEGAS
NEVADA, EUA
Amélia Alder
Existem dias que eu me pergunto qual o objetivo do meu nascimento. Isso é muito sério. Não é possível que eu nasci apenas para ser uma lascada e ter sofrimento eterno.
Alguns devem achar que eu estou reclamando muito, mas eu aposto que qualquer reclamaria de ter a minha vida. É simplesmente muito estressante, e ficou mais ainda desde que o meu pai morreu. Ele era a única família e apoio que eu tinha, desde que ele se foi, a um mês atrás, as coisas têm sido mais difíceis do que já eram.
Checklist de coisas que deram errado para mim esse mês:
Meu pai morreu recentemente de um ataque cardíaco fulminante e eu não consigo superar; (será que é possível algum dia superar a morte do pai? Acho que não);
Não consigo arranjar um emprego que pague bem e estou atolada até o pescoço em contas;
Meu namorado sumiu do mapa por mais de uma semana, reapareceu a dois dias agindo como alguém que cometeu um crime terrível e hoje terminou comigo por mensagem.
Quem termina por mensagem? É apenas muito cruel da parte dele. Ele nem mesmo me disse o motivo do término, apenas terminou sem mais nem menos, assim como todos os meus outros namorados. Será que há algum tipo de maldição em cima de mim? Essa é a única explicação aos meus olhos. Minha má sorte é tanta que, aos 21 anos, ainda sou virgem porque sempre que meus relacionamentos estão prestes a esquentar, eles acabam. Devo ser um repelente de homens.
Nesse exato momento estou andando pelas ruas a esmo, depois de receber a mensagem de Derek terminando comigo decidi que estava cansada de términos eletrônicos e fui procurá-lo em sua casa, mas ele não me recebeu. Fiquei dez minutos batendo e tocando a campainha, mas não adiantou de nada.
Ele não quer me ver.
Olho para a vitrine de uma loja e admiro meu reflexo. Não sou uma garota feia e também não tenho excentricidades, não entendo o porquê das coisas não darem certo para mim.
– Talvez eu só tenha muito azar – murmuro para mim mesma ao me admirar, mas a minha atenção é atraída para outro lugar.
Um perfume muito afrodisíaco passa por mim e eu viro a cabeça para ver a mulher que está passando. Ela está muito arrumada e reconheço o uniforme que ela está usando, é do maior cassino que há em Las Vegas, que, coincidentemente, fica do outro lado da rua. Andei tanto a esmo que acabei vindo parar no coração de Las Vegas sem nem ao menos perceber.
Ela anda apressada e fala no celular, a julgar pelo seu tom de voz, está muito estressada. Vejo-a atravessar a rua e o cassino me chama atenção. Nunca fui a um cassino, mesmo morando aqui a vida inteira. Pensando bem, nunca fiz muitas coisas.
Será que é por isso que as pessoas me deixam? Por que sou normal demais? Tediosa? Chata? Pensar nisso me causa um aperto na mente e eu sigo a mulher com passos apressados até o cassino. Devo admitir que é um lugar muito bonito e chamativo.
Vejo a mulher guardar o celular na bolsa e eu aproveito esse momento para me aproximar num rompante de coragem.
– Boa noite. Com licença, você trabalha aqui? – pergunto apontando para o enorme edifício e ela me observa curiosa.
– Sim – é uma resposta simples e monossilábica, mas isso já me deixa feliz. Pessoas como ela raramente me dão atenção.
Essa é a minha chance.
– Poderia me dizer se estão contratando faxineiras ou algo assim? Estou precisando de emprego. Tenho disponibilidade em qualquer horário – meus olhos estão brilhando ante a expectativa de finalmente conseguir um emprego. O dinheiro deixado pelo meu pai não vai durar mais que alguns dias, na verdade, se eu for considerar as contas de casa, não tenho dinheiro algum.
Ela me olha com mais atenção e se demora um pouco no meu corpo, o que me faz pigarrear. Ela está me dando uma olhada muito detalhada que começou da sola dos meus pés até a minha cabeça. Será que ela é lésbica?
Senhor, como vou dar um fora adequado nela sem magoar seus sentimentos?
– Então? – pergunto sem graça.
– Você vai servir – Ela diz depois de algum tempo e me puxa pelo braço. Para alguém com a aparência tão delicada, ela tem bastante força.
– O-oquê? Vou servir para que? Para onde está me levando? – Adentramos pelos fundos do cassino e eu fico preocupada até entrarmos numa sala cheia de pessoas, homens e mulheres. Há pessoas passando por todos os lados, mas elas não reparam em mim em momento algum e andam apressadas, sempre entrando e saindo por uma porta que há no canto do cômodo.
A mulher me solta e anda até uma mesa onde há uma bandeja com copos, pega a bandeja e anda até mim.
– Estenda as mãos – obedeço e ela coloca a bandeja nas minhas mãos. – Ande.
Olho para ela sem entender e ela me olha de volta como se fosse óbvio.
– Ande pelo local e equilibre a bandeja nas mãos – pede com mais ênfase e eu obedeço.
Dou voltas pelo local com um olhar estranho no rosto e ela observa cada movimento meu minunciosamente. Não sei seu nome nem o que está fazendo, mas é estranho.
– Pare, é suficiente. Está contratada. Seu turno começa em vinte minutos. Me chamo Alie e sou sua supervisora.
– Estou contrat… O QUÊ? – Alie me olha como se eu fosse um rinoceronte em sua frente e eu faço o possível para o meu cérebro funcionar, mas ele parece ter dado um curto circuito.
– Não queria um emprego? Eu te dei um emprego. Tudo que você tem que fazer é servir às mesas, sorrir e ser bonita. Você teve sorte, alguém acabou de se demitir – Alie pisca para mim e eu estou sem reação. Não achei que conseguiria nada, achei que seria só mais uma tentativa falha.
– Mas eu… eu…
– Não se preocupe, vou te instruir. Comece vestindo isso – Alie empurra um vestido de uma das araras ali perto na minha direção – Escolha um par de sapatos do seu número e faça alguma maquiagem. Voltarei quando estiver pronta.
Ela some e eu olho para o vestido. Um grito ali perto me desperta do meu transe e eu corro em busca de um lugar onde possa me trocar.
Eu tenho finalmente um emprego! As coisas estão mudando.
Maximus SilverQuando a marcha nupcial começa a tocar, meu coração dá um salto no peito e eu observo Amélia entrando de braços dados com Alexander e Liam. Ela está sorrindo para todos e esbanjando alegria, assim como eu. Eu quis fazer diferente dessa vez, esse é um casamento tranquilo e íntimo apenas para as pessoas que realmente importam para nós, ao ar livre, então não há extravagâncias como o outro. Da outra vez, fiz tudo para impressionar a alta sociedade porque achava que era legal, mas hoje reconheço que eu estava apenas buscando validação das outras pessoas. Felizmente, não faço mais isso.Sinto o vento balançando a minha roupa e bagunçando o meu cabelo, o cheiro de terra e o sorriso da minha mulher me fazem feliz e eu sorrio ainda mais, deixando claro para todos que estou mais que feliz. Estou radiante. Ao chegar até mim, Liam e Alexander me entregam Amélia e se sentam em seus lugares. A cerimônia começa e nós olhamos um para o outro todo momento enquanto o padre fala sobre
Amélia Alder Silver1 ANO DEPOIS– Você deve estar de brincadeira com a minha cara, brother – Andrew murmura ao ver Liam chegando. – Posso saber por que está com essa roupa?– O que tem de errado com a minha roupa? – Liam questiona olhando para si mesmo e depois para Andrew.– É basicamente igual à minha. Isso é um plano seu para ofuscar meu brilho como padrinho? Pois saiba que não vai funcionar – Andrew diz convicto e mexe em sua gravata. Olho para os dois e vejo que há mesmo muitas semelhanças entre o terno dos dois, mas duvido que Liam tenha copiado.– Andrew, você está viajando na maionese – murmuro. – Aposto que ele nem sabia que a sua roupa era essa, como ele poderia copiar?– Ela está certa, eu não copiei sua roupa e não preciso tentar ofuscar o charme de ninguém, eu sou o charme em pessoa – Liam rebate e eu arqueio a sobrancelha.– Vocês dois estão viajando na maionese então parem de brigar e vamos focar no que realmente importa: o casamento. Você está nervosa? – Alexander que
Amélia Alder Silver– … considerando os acontecimentos, vamos colocar a causa da morte como suicídio – o detetive diz e eu apenas assinto. Estamos na sala de estar sentados digerindo tudo que aconteceu e dando depoimento a polícia, minha voz voltou a pouco tempo eu estou preocupada com Maximus.Ele está sentado ao meu lado, quieto, em silêncio. – Por favor, suspenda os processos contra Larissa Jansen e Tales Carter – o detetive me olha com uma sobrancelha arqueada.– Com qual justificativa?– Eles não são os culpados, a cena que presenciamos foi só uma grande coincidência. John confessou que foi ele que fez tudo antes de… bem, da fatalidade acontecer.– Tem certeza? E se eles estavam arquitetando um plano de verdade contra vocês dois?– Não estavam e se esse for o caso, podemos abrir outro processo quando acontecer. Suspenda o processo, por favor, quero viver minha vida o mais normal possível – anuncio e o detetive se dá por vencido e assente.Respondo todas as perguntas que me são f
Maximus SilverHá um engarrafamento que está me impedindo de chegar até onde eu deveria e eu sinto a irritação crescendo dentro de mim a medida que o tempo passa e o carro não sai do lugar. Estou balançando a perna violentamente na esperança de acalmar meu nervoso, mas não está funcionando nem um pouco.– Qual a previsão? – pergunto ao motorista.– Não dá pra saber, estamos no fim de semana e as pessoas estão saindo para curtir a noite. Metade da cidade está fora de casa nesse momento, pelo que sei, podemos passar horas aqui.– Horas? É muito tempo e eu não disponho de tempo no momento – digo preocupado e o segurança que está dirigindo me olha pelo retrovisor como quem diz: não há nada que eu possa fazer sobre isso.E ele realmente não pode fazer nada por mim. Sem paciência para continuar sentado, eu saio do carro e ponho as mãos na cintura ao observar as enormes fileiras de carro. Maldita hora que todo mundo decidiu sair de casa ao mesmo tempo.Fico olhando para os carros em busca d
Amélia Alder SilverAndo pelo quarto em círculos a espera de Maximus. Faz meia hora que ele saiu e eu estou no quarto desde então, John disse que é melhor para a minha segurança ficar aqui em cima assim ele pode cuidar de mim com mais eficiência e eu não fiz questão de contradizê-lo já que é o chefe da segurança e sabe melhor das coisas do que eu, mas ficar sozinha em um quarto quando seu marido está numa possível situação de risco não faz bem a cabeça de ninguém.De repente, ouço um estrondo lá embaixo que me faz pular e tremer no lugar que estou e eu ando rapidamente até a porta a fim de descer para o andar de baixo para ver o que está acontecendo, mas sou interrompida. Assim que abro a porta, vejo John se aproximando com pressa vindo do andar de baixo.– O que está acontecendo? O que foi aquele barulho lá embaixo? – pergunto preocupada e ele me puxa pelo braço em direção as escadas que levam para o terceiro andar.– Estamos sendo atacados. Não sei como conseguiram entrar, mas solta
Maximus SilverDeslizo o dedo na tela do celular lendo os inúmeros comentários das pessoas sobre o meu casamento por contrato com Amélia e fico enojado com o que as pessoas estão dizendo. Mesmo depois de ter publicado uma nota negando tudo, nossa vida não voltou ao normal como eu pensei que voltaria, na verdade, ela só ficou mais caótica. Faz uma semana que, dia e noite, há repórteres tentando entrar no condomínio e chegar até a minha casa e eles estão dispostos a fazer de tudo para chegar até mim. Recentemente, um deles conseguiu entrar na minha casa a noite, mas foi pego antes de chegar até a porta. Não preciso dizer que eu não durmo direito desde então, com medo de que eles cheguem até nós.– O que está vendo que é tão interessante ai? – bloqueio o celular imediatamente assim que ouço a voz de Amélia no ambiente e olho para ela tranquilamente na esperança de não transparecer nada.– Nada demais, só lendo algumas notícias – murmuro sorrindo e dou batidinhas na minha coxa, pedindo p
Último capítulo