Ninguém nos prepara para fugir quando o cárcere vem com uma aliança de noivado e o homem que amamos.
O carro parou numa estradinha de terra. Árvores altas cercavam os dois lados, como se o mundo tivesse reduzido a silêncio e sombra. Narrowsburg. Um vilarejo esquecido no interior de Nova York, onde até o tempo parece desacelerar.
A porta do carro se abriu sem cerimônia. O motorista deixou minha mala no chão de terra batida e partiu sem dizer uma palavra. Só o som dos pneus sobre a estrada molhada ecoou, até sumir por completo.
Ali estava eu. Sozinha. Com o mundo desmoronado nas costas e um contrato maldito me prendendo a um homem que eu mal reconhecia.
A casa surgiu entre as árvores como algo saído de um livro antigo. De pedra escura, varandas amplas e uma solidão que quase gritava. Um lugar isolado, esquecido. Perfeito para alguém que queria desaparecer — ou se esconder.Bati à porta, e uma mulher de olhar rígido me analisou por trás da corrente de segurança.
"Caroline Hart não é?", perguntou.
"Sim."
"Você está atrasada. O Sr. Thorn odeia atrasos."
"Eu sei. O caminho era longo."
Ela abriu a porta por completo, sem sorrir.
"Vai trabalhar na cozinha. O café é servido às sete, o almoço ao meio-dia e o jantar às sete em ponto. Nada de invadir as áreas restritas. Evite fazer barulho nos corredores principais. O Sr. Thorn tem sono leve."
"Entendido."
"Seu quarto fica no chalé dos fundos. A chave está aqui. Não se perca."
Peguei a chave. As mãos tremiam levemente.
Entrei.
O chalé era silencioso demais, como se estivesse prestes a revelar seus próprios segredos.
Comecei a preparar o almoço. E quando a mulher mal-educada veio buscar, eu suspirei.
Logo após, um grito ecoou do andar de cima.
"Essa comida está horrível! Eu já disse que não quero tempero forte!
Mande essa cozinheira embora agora!"Meu corpo travou.
A voz ecoou pelas paredes, carregada de autoridade e desprezo. Era ele. O tal Sr. Thorn.
Não precisei vê-lo para entender que aquele homem tinha mais demônios do que eu estava pronta para enfrentar.
No fim do expediente, fugi por uma trilha lateral que levava até a cidadezinha. Caminhei e massageei as palmas das mãos ligeiramente doloridas. Hoje cozinhei quase cinquenta pratos para esse homem.
"Não é de se admirar que ninguém aguente essa merda de trabalho mesmo o salário sendo alto."pensei enquanto vestia a jaqueta."
Encontrei um bar discreto, com luz baixa, cheiro de madeira e álcool barato. Me sentei no balcão, pedi um whisky duplo, e tentei esquecer que meu mundo tinha ruído.
O celular vibrou. Era Simon, meu advogado.
"Caroline, eu revisei o contrato. Tem uma cláusula que você precisa saber…"
"Fale logo Simon, estou preparada."
"Você assinou a cessão de direitos sobre tudo, até o imóvel de Manhattan. Como ele foi adquirido durante a união estável e está no nome dele… até o apartamento será do Zion."
Engoli em seco.
"Então ele ficou com tudo. Minha carreira. Meus bens. E ainda me ameaça com aquele vídeo, caso eu tente anular o contrato."
"É chantagem. Mas não temos como provar ainda. Você fez certo em fugir. Fique longe por enquanto."
"Me ajude Simon." supliquei.""Vamos tentar encontrar alguma brecha, eu prometo, mas considerando que Zion é um advogado famoso, ele vai usar meios legais... e ilegais."
Desliguei. Senti os olhos queimarem, mas pisquei forte. Eu não ia chorar ali.
Peguei o copo e me virei, mas esbarrei em algo sólido.
O líquido escorreu pela minha jaqueta, e minha paciência foi junto.
"Mas que merda!" rosnei, levantando o olhar para encarar o culpado.Ele era alto. Ombros largos. Olhos azuis e penetrantes.
"Olha por onde anda, garota."
Bufei, cruzando os braços.
"Talvez você devesse sair da frente primeiro."
Ele inclinou a cabeça, surpreso com minha resposta. Um sorriso puxou um canto de seus lábios.
"Você não parece pertencer a esse lugar."
Revirei os olhos.
"E você parece se achar dono dele."
"É porque eu sou. E não gosto de mulheres mandonas." Seus olhos se fixaram nos meus.
"Eu também não gosto de homens convencidos."
Eu tentei passar por ele, mas sua mão segurou meu pulso.
"Vem comigo."
" Me solta!" tentei puxar a mão, mas ele foi mais rápido.
Ele me arrastou para um corredor ao lado do bar.
Antes que eu entendesse, o homem misterioso me empurrou contra a parede.
Meu coração disparou.
"O que você está fazendo?! Está louco?"
Ele não respondeu de imediato. Seu olhar percorreu meu rosto, depois minha boca. O cheiro amadeirado dele invadiu meus sentidos.
"Você parece estar fugindo de um predador." Sua voz era rouca. "
Tentei rir, mas foi fraco.
"Eu só queria beber em paz, mas parece que o predador aqui é você."
Ele se aproximou, os dedos roçando na minha cintura.
"E eu só queria que você olhasse por onde anda. Mas acho que nenhum de nós conseguiu o que queria."
Nossos rostos estavam tão perto que minha respiração misturava-se à dele.
"Está com problemas?" ele perguntou."
"Não é da sua conta." revirei os olhos."
"Whisky ajuda. Mas não resolve."
"Você fala por experiência própria?"
"Por convicção. " Ele sussurra e pressiona as mãos sobre minha cintura. "
"Me solta." Minha voz saiu sem firmeza." Ou eu grito."Ele não se moveu.
"Não até você admitir que não quer que eu te solte."
Eu queria dizer que não. Que aquele aperto na cintura e os olhos azuis não significavam nada.
Mas, em vez disso, segurei a gola da jaqueta dele e o beijei.
Foi instintivo. Eu estava tendo dias horríveis, e um erro a mais não iria me custar tanta coisa assim. Me atracar com um homem lindo não era tão ruim.
As mãos dele apertaram minha cintura, me puxando contra seu corpo quente. O beijo foi firme, intenso e viciante.
Quando recuei para respirar, meus lábios estavam formigando.
Ele sorriu, satisfeito."Isso responde à minha pergunta."
Minha mente gritava para eu sair dali. Mas meu corpo? Queria mais.
Ele então me puxou pela mão dando acesso a uma saída pelos fundos do bar."Vamos sair daqui."
Eu não exitei, apenas o segui e entramos em seu carro.
Ele estacionou em frente a um hotel modesto, e quando a porta atrás de nós se fechou, ele segurou a minha cintura, me puxando para mais perto, e eu arfei. Seu corpo era quente, como se pudesse me proteger do frio.A lembrança de Zion ainda pairava sobre a minha mente, mas eu queria esquecer.Eu me inclino para ele, sentindo suas mãos grandes e firmes arrancarem minha jaqueta e em seguida o meu vestido.Quando em seguida lentamente ele tira minha calcinha, e então solta um gemido profundo, e separa as minhas coxas, dando uma visão ótima para ele.Seguro seu rosto e memorizo cada detalhe do mesmo, sua barba por fazer,seus cabelos desgrenhados.Puxei seus cabelos castanhos enquanto minhas pernas se entrelaçaram em seu corpo. Seus lábios traçaram um caminho quente pelo meu pescoço, e eu me perdi completamente na sensação. Meus dedos cravaram em seus ombros firmes, sentindo a tensão dos músculos sob a minha pele.O desejo queimava dentro de mim como um incêndio incontrolável. Eu não queria
Damon ThornDeixei a humana dormindo e recolhi minhas coisas o mais rápido possível para que ela não me visse saindo.Isso evitaria perguntas.Eu não costumava cometer esse tipo de erro, minha alcateia era o que era, pois não me permitia ser um fraco.Eu prezava pela discrição, mas não consegui evitar o cheiro da mulher e sua forma de me enfrentar. Talvez esse fosse o ponto: todas que eu quero abaixam a cabeça para mim, e ela não o fez. E ela era extremamente atraente.Adentro a sala de casa, e minha governanta me olha desconcertada."Preciso tomar café da manhã, Daiana. Tenho muitas coisas a resolver ainda hoje", disse sem rodeios."Senhor… eu mesma preparei o seu café. A cozinheira não chegou, eu já verifiquei no chalé, na cozinha, ela não está em lugar algum."Minha mandíbula travou, e eu murmurei:"Maldição."É isso que dá contratar humanos, eles não têm responsabilidade com nada.A última cozinheira havia pedido demissão porque era inútil, eu já estava sem paciência. Por isso ac
Caroline HartO quão azarada eu podia ser?Segui direto para o chalé, ignorando a governanta que me olhava com desdém, como se soubesse de algo que eu não sabia. Ao chegar, entrei no chuveiro sem nem pensar duas vezes. Precisava tirar o cheiro e os resquícios daquele homem do meu corpo.A água quente escorria pelos meus ombros, mas não era suficiente para afastar a sensação dele. Meus olhos se fecharam, e por um instante, senti novamente o toque firme de suas mãos, o calor que queimava minha pele, os lábios pressionados contra os meus.Soltei um gemido frustrado, encostando a testa contra os azulejos gelados.Isso não podia estar acontecendo.Meu corpo traía minha mente. Eu sabia que precisava sair desse emprego. Que não podia ficar ali, não após descobrir quem ele era. Mas a verdade é que minha vida já estava uma bagunça antes disso. E agora… estava uma bagunça com salário alto.A frustração apertou meu peito, e antes que percebesse, lágrimas escorriam com a água. Solucei baixinho, t
"Conta bloqueada."Li a mensagem na tela com incredulidade. Digitei a senha de novo. Outra vez."Conta bloqueada."Tentei outro cartão, o da minha poupança. Mesmo aviso. Um frio percorreu minha espinha. Zion. Só podia ser ele. Era a única explicação. Ele tinha poder sobre minhas finanças, sempre teve.Desde que me convenceu a colocar tudo em nome conjunto. Idiota. Ingênua."Merda."esbravejei."Saí da fila sentindo o sangue pulsar nas têmporas. As pessoas ao redor pareciam flutuar, irreais. Minha cabeça martelava com mil pensamentos ao mesmo tempo. Eu precisava trabalhar. Precisava de dinheiro. Não havia outra escolha agora. Voltar para a mansão Thorn era a única saída.Zion fez isso, porque acha que em um ato desesperado eu voltaria para Nova York e casaria com ele. Mas somente por cima do meu cadáver!Me machuquei, mas estou viva, e eu iria provar quem ele era, e se casasse, seria apenas uma marionete controlada.Caminhei de volta para casa sem conseguir prestar atenção em nada. Só p
Damon Thorn"Reforçou a segurança da propriedade?", ajeitei o terno, encarando meu beta."Sim, meu Alfa."A sala de jantar principal da propriedade estava pronta para o jantar daquela noite. Velas acesas, taças alinhadas, cristais importados e uma mesa longa, preparada para acomodar os principais alfas da região. Convidados que, apesar de aliados, nunca deixavam de ser potenciais ameaças caso eu demonstrasse fraqueza.Geralmente, eu suportava esse tipo de reunião. Alianças eram sempre bem-vindas — e minha alcateia era visada.A cozinheira estava na cozinha, mas eu já conseguia sentir seu cheiro. Estava no ar antes mesmo do jantar ser servido. Eu não precisava vê-la para saber que ela estava ali. Meus sentidos nunca me enganavam.Eu esperava que ela fizesse a comida como eu havia ordenado.Os convidados começaram a chegar. Victor, meu beta, estava ao meu lado, como sempre."Tudo pronto, Alfa."Discutimos alguns detalhes. A mesma chatice de sempre: territórios, ameaças, filhos, lobas de
Minhas mãos suavam frio. A proximidade entre nós estava me deixando tonta.Saí daquele terraço com raiva. O ar gelado do corredor não aliviava o calor que ele deixava no meu corpo.Me recostei contra a parede de pedra, tentando controlar a respiração. Ele tinha me encurralado, quase como se estivesse marcando território. Mas por quê? Ele nem gostava de mim. Ou gostava?A vibração do celular me despertou. Para minha surpresa, havia sinal ali.Era Magie.Atendi no segundo toque, a voz dela veio carregada de tensão."Como estão as coisas, Carol? Os advogados estão recorrendo sobre a revogação do contrato, mas o Zion não vai facilitar."Mordi o lábio inferior, sentindo uma pontada de angústia no peito."Claro que não facilitaria. Mas as coisas estão indo...""E o trabalho?""O novo chefe... é uma pessoa complicada." sussurrei, olhando para o chão."Como assim?""Nós dormimos juntos." murmurei, baixinho."O QUÊ?" ela praticamente gritou do outro lado da linha."Ainda não nos conhecíamos,
Caroline HartMais uma noite naquela casa. E meu sono simplesmente não vinha. O meu querido chefe Damon estava estranho. Ele parecia ter ficado com raiva após a noite do jantar, e estava me tratando com indiferença.Fiquei rolando na cama por horas, com o peito apertado e os pensamentos me sufocando. Quando finalmente levantei para tomar um pouco de ar, vi algo que me fez gelar.Um uivo cortou o silêncio da madrugada — longo, dolorido, quase humano. Olhei em volta, mas não havia nada. Apenas a escuridão e o farfalhar das árvores.Ao andar um pouco pelo jardim da mansão, notei marcas de queimadura em algumas pedras próximas ao bosque. Como se alguém tivesse acendido uma fogueira ali — ou algo muito mais intenso.Mais adiante, vi riscos fundos na casca de uma árvore. Pareciam... garras. Eu já nem sabia o que eu estava vendo.Engoli seco.Não era normal. Esse lugar não era normal. Mas talvez, minha cabeça estivesse tão cheia, que eu estivesse imaginando coisas.Na manhã seguinte, já ca
Caroline Hart.O ar aqui nessa parte da cidade, era diferente do centro de Nova York. Não era tão poluído o quanto.Pessoas se cumprimentavam sorridentes, aparentemente todos se conheciam.O mercado estava tranquilo, uma pequena pausa da rotina frenética da cidade. Eu amava esse momento.Havia algo em escolher os ingredientes com as próprias mãos que me trazia uma sensação de controle, algo que me faltava em minha vida nos últimos dias.Eu ainda estava tentando processar tudo o que estava acontecendo com minha vida.Zion havia se tornado uma sombra constante, uma presença ameaçadora que me seguia por todos os cantos. Eu bloqueei todas as suas tentativas de contato, mas ainda assim, ele me rondava.Escolhi mais alguns ingredientes para o jantar de mais tarde e, ao passar pela barraca de bebidas quentes, não pude resistir. Aquele chocolate quente parecia exatamente eu precisava.Eu pedi a bebida, sentindo o aroma doce e reconfortante preencher o ar ao meu redor, e estava prestes a tomar