Marcada pelo meu chefe Alfa
Marcada pelo meu chefe Alfa
Por: Ellencarolinne
01. A traição

Caroline Hart

Era para ser o melhor dia da minha vida.

O troféu ainda estava nas minhas mãos: o cobiçado Prêmio Michelin. O sonho de qualquer chef. A consagração definitiva de uma carreira construída com sangue, suor e cicatrizes nas mãos.

Quando chamei meu nome no palco, quase não acreditei. Lembrei de todas as noites em claro, de cada humilhação engolida, de cada lágrima que chorei escondida no banheiro do restaurante. Tudo, absolutamente tudo, parecia ter valido a pena.

E agora eu só queria dividir aquele momento com ele.

Zion. Meu noivo.

Após quatro anos juntos, faltava apenas um mês para o nosso casamento.

Tínhamos acabado de nos mudar para o nosso novo apartamento, um presente luxuoso de casamento. Eu tinha comprado a sobremesa preferida dele no caminho, um tiramisù de champagne artesanal. Queria comemorar.

Mas quando abri a porta...

O prato caiu primeiro. Depois, o troféu. Ambos quebraram no chão, como se simbolizassem a ruína que me esperava.

Zion estava nu. No nosso sofá. Com uma loira por cima dele, gemendo como se estivesse no próprio palco.

A mulher... usando a minha camiseta favorita, como se fosse dela riu quando me viu parada na porta, paralisada. Zion nem tentou disfarçar. Levantou com pressa, tropeçando nas próprias calças, murmurando desculpas vazias.

"Caroline... não é o que parece!", ele balbuciou.

"É o nosso sofá..." Minha voz saiu fraca, embargada. "Nosso aniversário... a noite do meu prêmio... Zion, por quê?"

A loira ajeitou o cabelo e saiu sem pressa, como se aquilo fosse o mais normal do mundo.

"Foi um erro!" ele insistiu. "Um deslize, só isso. Não significa nada!"

"O nosso sofá", repeti. "A nossa casa. A nossa história."

O gosto amargo da traição queimava minha garganta. Meu corpo tremia, mas o que doía mais era a calma com que ele tratava tudo.

"Você vai destruir tudo por causa disso?" ele disse, com frieza repentina.

"Você destruiu tudo, Zion!"

Foi então que ele deixou cair a máscara por completo. A voz mudou. Ficou cortante.

"Se você não se casar comigo, vai perder tudo. Esqueceu do contrato que assinou quando eu paguei sua faculdade?"

O sangue gelou.

"Você tá brincando..."

"Não. Tem uma cláusula. Se você romper o noivado, perde os direitos de imagem, os contratos, a representação jurídica. Eu garanti meu investimento, Caroline. Você não chegou até aqui sozinha."

Meu estômago revirou.

"Você é um monstro..." sussurrei, recuando. "Você me comprou."

"Eu te preparei pro sucesso. Agora seja esperta: casa comigo, faz seu nome crescer... e depois, se quiser, some. Mas se tentar sair agora, você vai pro fundo do poço."

Não respondi. Só virei as costas e saí, antes que ele visse as lágrimas caindo.

Andei pela cidade como um fantasma. A chuva começou a cair fina, e as luzes de Nova York pareciam zombar de mim a cada esquina.

Acabei parando diante de um hotel boutique, elegante e discreto. Um desses lugares que famosos frequentam quando querem desaparecer por uma noite.

Entrei. O ambiente era acolhedor, com luz baixa, paredes de madeira escura e cheiro de vinho e perfume caro no ar.

Me sentei no bar. Pedi um drink. Depois outro.

Foi quando vi ele.

Sozinho em uma mesa ao fundo, uma taça de whisky entre os dedos longos. Alto, corpo largo sob um terno escuro, o rosto parcialmente sombreado pela luz fraca. Os cabelos negros estavam levemente bagunçados, e os olhos azuis intensos me observaram como se já soubessem o que eu sentia.

Ele exalava perigo. Confiança arrogante. Era o tipo de homem que fazia você se esquecer do próprio nome.

Quando ele percebeu meu olhar, ergueu uma sobrancelha, provocador.

"Vai ficar me olhando ou vai vir até aqui?" a voz dele cortou o ar como uma navalha.

Arrogante. Marrento. Mas aquele tipo de marra que hipnotiza.

Meu corpo se moveu antes que minha mente pudesse pensar. Me levantei. Fui até ele.

"Você se importa?" perguntei, apontando para a cadeira à frente.

"Depende. Você veio beber ou se esconder?"

"Talvez as duas coisas."

Ele deu um sorriso enviesado, debochado. E eu não esperei mais. Me aproximei e o beijei.

Sem aviso. Sem nome. Sem razão.

Foi um beijo desesperado, de raiva, fuga e álcool.

Ele retribuiu. Com intensidade. Com gosto de pecado e algo que eu não sabia nomear.

Por alguns segundos, o mundo parou. Só existia aquele beijo. O calor dele. As mãos firmes segurando minha cintura.

E então...

Flashes. Paparazzi. Câmeras surgindo das sombras, clicando, clicando, clicando.

Eu me afastei num pulo, ofegante.

"Merda…" sussurrei, cobrindo o rosto.

O homem passou a mão pelos lábios, rindo com ironia. "Você beija sempre assim estranhos nos bares, ou só quando tá tentando fugir de alguma coisa?"

"Você não entende… eu preciso ir."

"Ah, entendo. E vou te dar um conselho: da próxima vez, escolha um lugar sem fotógrafos humana."

Não entendi porque ele me chamou assim, mas apenas saí correndo. O celular já vibrava, explodindo em mensagens, manchetes e notificações:

"Caroline Hart beija homem misterioso em hotel de luxo."
"Flagra: noiva do chef Zion Wallace trai às vésperas do casamento."
"Escândalo Michelin: a queda da nova estrela da gastronomia."

Meu mundo desmoronava e eu não acreditava que mesmo sendo a vitima, Zion sairia como certo.

Entrei no táxi chorando.

Magie, minha agente e melhor amiga, atendeu na terceira tentativa.

"Vi tudo", ela disse, sem rodeios. "Paparazzi. Zion. As redes... você virou trending topic."

"Ele vai me destruir, Magie. Quando cheguei ao apartamento, ele estava com outra no nosso futuro sofá. E me disse que se eu não casar com ele, há um contrato que eu mesma assinei que dá o direito dele tomar tudo, até meu dinheiro."engoli o seco."

"Hart..."

"A culpa é toda minha." eu enxuguei as lágrimas."

" A culpa é desse filho de uma puta!! Sei o quanto amava ele, Carol, você não perdeu tudo. Mas precisa sumir. Tem uma vaga no interior. Cozinheira particular de um CEO. Ninguém dura lá, mas o salário é ótimo. Quer tentar?"

"Sim. Me tira daqui. AGORA!"

**

A madrugada se aproximou e o carro que veio me buscar sacolejava pela estrada de terra. A cidade ficou para trás. O escândalo, os holofotes, o nome manchado. Tudo. A manhã estava se aproximando devagar, e eu não conseguia pregar os olhos, apenas chorar.

A mansão surgiu entre as árvores. De pedra escura, janelas altas. Fria, imponente, silenciosa.

Um castelo de sombras.

Antes que eu batesse na porta, uma voz gritou de dentro:

"Esse café da manhã está um lixo! É boa essa cozinheira chegar aqui antes do amanhecer!"

Fechei os olhos. Respirei fundo. Puxei a alça da mala com força.

"E agora, Hart? Em que inferno você foi se meter?"

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