ZOE
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Entramos no condomínio sem dificuldades. A tal da Brenda não havia cancelado a entrada do Victor, o que me pareceu uma idiotice sem tamanho, vinda de alguém que escondia um amante. Era como deixar a porta da própria desgraça escancarada.
— Onde vamos estacionar? Perguntei, observando as placas nas vagas.
— Não podemos ficar nas dela.
— Vou colocar na vaga de outro apartamento que esteja vazio.
— E não vamos ter problemas com isso?
— Eu espero que não.
A naturalidade com que ele dizia isso me deixava meio desconfortável, mas não questionei mais. Victor encontrou uma vaga livre e manobrou com calma, como se fizesse aquilo diariamente. O som do motor desligando me deixou com o coração acelerado. Até então, tudo parecia uma ideia absurda, mas agora, do condomínio onde talvez meu pai estivesse cometendo a maior traição da vida dele, tudo se tornava real demais.
Fomos caminhamos em silêncio até o bloco indicado. Meus olhos se fixaram imediatamente no carro dela, estacionado como prov