Cap. 49 Encontrando Kan na nova escola.Maya seguia em alta velocidade, sem conseguir parar de olhar para o relógio, aflita a cada segundo que passava, com medo de chegarem atrasados.— Se tivéssemos nos teletransportado, seria bem mais fácil — resmungou Ayel, sentado ao lado dos irmãos. Os três estavam com os braços cruzados e olhares emburrados, como se a culpa fosse da mãe caso se atrasassem.— Ufa... — Maya suspirou, descansando a testa no volante ao ver que ainda faltavam dez minutos para a prova.Ao descerem, Maya se deparou com a imponente fachada da Academia de Talentos Acadêmicos, uma das instituições mais luxuosas e prestigiadas da cidade.O edifício era moderno e elegante, cercado por jardins meticulosamente cuidados e esculturas que mais pareciam obras de arte esculpidas em mármore branco. As janelas refletiam o céu límpido, e o símbolo dourado da academia brilhava acima da entrada principal, como uma coroa.O estacionamento parecia um desfile de alto padrão: só carros de
Cap. 50 estranha sensaçãoEles atravessaram um corredor de piso brilhante até chegarem a uma sala ampla e fechada com paredes de vidro espelhado por fora — permitindo que quem estivesse de fora assistisse tudo sem ser notado.— podemos ver por aqui o desempenho de todos eles. — a diretora avisou.No interior, havia pelo menos dez crianças sentadas em mesas separadas. Cada uma com um caderno de provas lacrado e uma tela interativa acoplada para questões lógicas e desafios de raciocínio.A estrutura era quase militar em termos de organização, cada criança recebia uma avaliação individualizada, com questões em diversas áreas, línguas, lógica, criatividade, leitura dinâmica, matemática avançada e até noções de liderança e cooperação em simulações em tempo real.Kan se aproximou do vidro.Seus olhos encontraram facilmente os três menores entre todas as crianças. Estavam nas últimas mesas, um ao lado do outro em uma distancia considerável os impedindo de se comunicar entre si.— como se cha
Cap.51 interesse de Kan.Samuel Kan.Confesso, nunca dei muita importância a esses testes. Provas de admissão sempre me pareceram mais uma forma de excluir do que selecionar. Mas havia algo naquele dia que me fazia querer assistir.Talvez fosse o jeito irritantemente confiante com que Mayara chegou. Talvez fosse o olhar daqueles três meninos, pequenos demais, determinados demais.Eu me aproximei da sala de vidro e perguntei à diretora, tentando disfarçar o interesse:— Por que cargas d’água essa prova é tão difícil?Ela sorriu como se já tivesse ouvido essa pergunta antes.— Porque não é uma prova comum, senhor Kan. É uma triagem. Usamos esse teste para encontrar crianças superdotadas. Mas, mesmo assim... em todos esses anos, apenas uma ou duas passam. E veja bem, estamos falando de crianças com doze anos, no mínimo.Ela suspirou, como se já estivesse acostumada com a decepção dos pais esperançosos.— Seus filhos, por exemplo... acertaram trinta por cento. Isso é um feito absurdo para
Cap. 52 Não gostamos de você.POV Samuel Kan.— Três candidatos… passaram com cem por cento de acerto... — ela comentou com espanto— O quê? — alguém sussurrou.— Os candidatos Ayel, Noam e Lior — ela disse pausadamente, como se mal acreditasse nas palavras — tiveram rendimento total. Cem por cento. Gabaritaram a prova.Eu caí para trás na poltrona. Literalmente.Fiquei ali, de boca entreaberta, olhos arregalados, sentindo meu cérebro falhar por um segundo.Cem por cento?Essas crianças mal sabiam amarrar os sapatos! Ou sabiam? O jeito que andavam, a confiança, os olhares... Estariam enganando todo mundo? Ou seriam realmente prodígios?Mas o que mais me perturbou foi a reação deles, nada de comemoração.Nada de euforia.Apenas se entreolharam, sorriram de lado e fizeram um toque de mãos discreto, como quem fecha um negócio.Arrogantes, Seguros. Letais, ainda assim... isso é tão familiar.E enquanto todos olhavam boquiabertos, Maya os encarava como se o chão tivesse sumido sob os pés.
Cap. 53 primeiro dia.Mas no dia seguinte…Cenário: Kan Industries – Torre Corporativa, 78° andarMaya chegou com um blazer emprestado, um crachá improvisado e a alma pronta para sair correndo na primeira brecha.— Só preciso evitar ele. Fácil. Um prédio desse tamanho... deve ter centenas de departamentos.Infelizmente, não.A recepcionista a atendeu e então a encarou, surpresa. Todos pareciam se perguntar quem ela era por algum motivo, mas ninguém ousou lhe dirigir a palavra.— Senhora... — Maya suspirou, com a voz embargada.— Andar superior, sala presidencial. Seu crachá estará pronto ao final da tarde. Use seu cartão de identificação sempre que sair. Além disso, é proibido perambular por departamentos aos quais você não pertence. Tome bastante cuidado por onde pisa. O senhor Kan é extremamente rigoroso — avisou de forma rápida e meticulosa, enquanto Maya a encarava sem reação, gravando cada palavra como se sua vida dependesse disso.Em seguida, ela saiu do elevador e Maya a seguiu
Capítulo 53 – Meu lobo te reconhece.POV MayaEu devia ter saído da sala. Entregado a roupa, dado meia-volta e sumido no corredor mais próximo. Mas ele estava ali. De costas para mim, encostado na mesa limpando o corpo com um lenço, vários já estavam no chão sujos com o café que sujou até mesmo seu cabelo, os músculos rígidos como aço e cobertos por manchas do café derramado, limpando-se de maneira impaciente, como se quisesse arrancar da pele o próprio constrangimento. A raiva que ele sentia era evidente, vibrava no ar como eletricidade.Engoli em seco e dei dois passos, meus olhos firmemente grudados no chão.— Aqui estão as roupas extras, senhor Kan — murmurei, segurando a camisa, o blazer e a gravata com as duas mãos como se fossem um escudo.Ele virou o rosto na minha direção, mas não falou nada. Só me lançou aquele olhar de aço cortante, e foi quando ele soltou.— Me ajude a tirar toda essa meleira, não sei o que aconteceu de estranho, até meu cabelo está pingando o expresso.Me
Maya Volpyn— Eu não esperava que ela fosse me empurrar. — Eu estava tão feliz depois de despertar... de finalmente ver o mundo pela primeira vez. Mas nem todos estavam me esperando como eu imaginava.Lana me levou até o mirante — como fazia nos dias bons. Ela me ajudava a caminhar, com paciência, enquanto eu reaprendia tudo do zero desde que saí do coma.Quando o sol começava a aquecer os jardins da mansão, ela ria alto, como se o mundo tivesse sido feito só para ela. Caminhamos em silêncio até a beira do lago. Ela parou, olhando para a água com um brilho estranho nos olhos.— Esse lugar é lindo... Todas essas plantas, essas flores... torna tudo tão mágico, né? — perguntei, tentando disfarçar a dor nas pernas, me apoiando na proteção da ponte para acompanhar minha irmã gêmea. — É por isso que você me traz aqui todos os dias?— Na verdade... — Ela suspirou, os olhos ainda fixos no lago. — Eu venho aqui com você pensando em algo. Faz dias que crio coragem... inventando que só quero esta
Cap. 2 Lançada para a morte;Tudo aconteceu rápido demais.Confusa, encarei Lana se aproximar com um olhar estranho. Antes que eu pudesse reagir, senti suas mãos me empurrando com força, direto para a água gelada do lago.O impacto foi brutal. O frio cortou minha pele como lâminas invisíveis e meus pulmões arderam, implorando por ar. Afundava cada vez mais, como se o lago quisesse me engolir inteira.Lá em cima, entre as ondas, vi o rosto dela — sereno, cruel. Eu a implorei com o olhar, mas Lana apenas virou as costas, desaparecendo como se fugisse de algo... ou de alguém.Nunca aprendi a nadar. Meu corpo lutava por instinto, mas era inútil. A dor me puxava para o fundo, até que... tudo mudou.De repente, não estava mais no lago.Estava em um campo de batalha.Espadas colidiam com estrondo, a guerra explodia ao meu redor. Lobos enormes corriam em disparada, seus uivos se misturando aos gritos de feiticeiros e magos.Em minhas mãos, uma espada brilhava com um poder estranho. Eu lutava.