Luiza narrando:
A sirene toca o que indicava que já era 9h da manhã, eu estava exausta, eu mal conseguia caminhar de tanta dor nas minhas pernas.
- Marta, é assim todos os dias?
- Todos os dias, não paramos em nenhum dia, nem em data de natal e ano novo.
A rotina tinha sido a mesma da noite anterior, limpamos a boate inteira com parada apenas para o almoço que eram marmitas prontas que eles traziam para a gente, naquele momento nenhum dos três estavam por ali.
- É impossível fugir desse lugar?
- Algum jeito deve ter, mas tem que ser algo muito bem bolado, porém se eles nos pegarem, estamos mortas.
- Marta, não tem como aguentar muito tempo nesse inferno.
- Eu estou aqui há dois meses, no primeiro mês eu pensei que eu ia enlouquecer, mas quando eu entendi que se eu jogar o jogo deles podemos sobreviver a isso.
- Marcos se interessou em você - Samara fala -, use isso ao seu favor.
- Vocês querem que eu me envolva com ele para me dar bem aqui dentro?
- Esse é o único jeito de você conseguir ficar viva - Marta fala -, você é bonita Luiza, tem um corpão de enlouquecer qualquer homem.
- Tirando que quando eu limpei perto do escritório eu os vi falando sobre você. O cliente que você teve ontem depois do Marcos te elogiou muito.
- Eu não sei se consigo usar isso ao meu favor, pois é nojento demais, repugnante - eu limpo os vidros do quarto.
- Uma hora você vai entender que vai ter que agir assim - Samara fala -, vou limpar o banheiro - assentimos.
Eu paro e fico pensando no que ela disse, eu não conseguia engolir que eu tinha chego nessa situação. Era tudo culpa minha está aqui, eu que acreditei e confiei na Carla . Eu era uma idiota. Uma idiota. Uma otaria.
- Você está chorando ? - Maria pergunta se aproximando e eu limpo as lágrimas rapidamente.
- Não , não estou não. Vou continuar limpando aqui - Ela me encara.
- Eu sei , não é nada fácil está aqui. - Ela suspira. - É horrível, mexe com tudo dentro de nós.
- Como pode existir pessoas tão cruéis como eles ? - Eu falo para ela. - Eu já cheguei à conclusão que o nosso destino final é a morte.
- Não fala isso - Ela passa sua mão em meu rosto. - Nosso destino será fugir juntas daqui e recomeçar juntas. - Ela sorri.
- Eu queria ter essa esperança Maria.
- Mas tenha Luiza, mas tenha. Porque esse será o nosso destino - Ela sorri e eu tento abrir um sorriso mas sai um bem fraco para ela.