Chase Harrison
Cheguei em casa exausto. A merda de dor de cabeça a latejar na minha mente combinava perfeitamente com o dia. Manhã cinza, daquelas que não perdoam ninguém. O corredor estava silencioso, cheiro de café vindo da cozinha, e a gravata me estrangulando o resto de paciência que sobrou. Parei no hall, tirei os sapatos como quem arranca uma faca cravada no pé, passei a mão pelo rosto. Cansado era pouco. Eu estava moído por dentro, moído por fora, e com a cabeça ainda batendo no mesmo lugar. O Capitólio jogava gente em cima de mim, e minha própria vida agora cuspia areia. Foda-se. Eu tinha um trabalho a fazer ali. Começar pelos meus.
— Reúnam-se na sala — falei para ninguém e para a casa inteira ao mesmo tempo. O robô entendeu. A luz no peito dele acendeu, e ele foi atrás das crianças como um mordomo de aço. Ótimo. Que servisse para alguma coisa.
Sentei na poltrona em frente ao sofá, as costas reclamando. O jornal do dia anterior ainda estava jogado na mesinha, dobrado no edit