JASON
JASON
Por: Déia
Capítulo 1

Jason pegou o copo encardido com uma generosa dose de uísque duplo e virou na boca de uma vez. Ele sentiu o líquido cor de âmbar queimar a sua garganta, estômago e até mesmo o peito ardeu.

Jason bateu o copo vazio na mesa de madeira do único bar disponível num raio de centenas de quilômetros. Aquilo não é um bar, na verdade é uma espelunca suja e mal acabada na beira de uma estrada deserta.

Com as passagens se fechando com a neve para chegada do rigoroso inverno, ninguém em sã consciência atravessa o deserto de Fênix com seu clima frio, nublado, úmido e com apenas montanhas por todos os lados.

- Outra dose, Jimmy.

Prontamente, Jimmy, o velho e impassível dono da decadente propriedade serviu Jason.

- Sem miséria, velho.

Jimmy encheu o copo até transbordar e cair uísque na mesa imunda de cascas de amendoim, cinzas e bitucas de cigarro.

Enquanto Jason virava o copo na boca, Jimmy tampou a garrafa empoeirada e limpou a boca no pano de prato que um dia já tinha sido branco.

- A negra está terminando de arrumar as coisas dela.

Jason deu uma olhada na porta que dá para os fundos do estabelecimento.

- Você me cobrou caro por ela.

Jimmy deu de ombros.

- Ela vale o preço.

- Espero que saiba cozinhar. - Jason olhou em volta com desgosto. - Porque no quesito limpeza...

- Não é culpa dela. Kate até tenta, mas só recebemos porcos por aqui.

Jimmy se arrependeu na mesma hora do que disse. Jason olhou para ele e franziu a sobrancelha com uma cicatriz.

- O que disse?

- Eu não me referi a você, Jason. É uma parada de caminhoneiros. É difícil manter as coisas em ordem. Agora com a chegada do inverno, tudo para. E é com pesar que eu estou passando Kate para você. - Jimmy sorriu com os dentes amarelados e podres. Serviu outra dose. - Por conta da casa.

Jason manteve os olhos azuis em Jimmy. Uma ratazana cruzou o balcão.

Nenhum dos dois homens se deu ao trabalho de matar o animal.

Jason bebeu o uísque e ficou de pé.

- Vá apressar a negra. Eu quero estar em casa antes do anoitecer.

- É claro!

Jimmy voou para a porta dos fundos.

Kate colocou suas poucas roupas e sapatos dentro de um saco de lixo preto. Com 21 anos, está acostumada a viver de trabalho escravo.

Perdeu a família cedo e desde então vem passando por várias cidades trabalhando em troca de um prato de comida, ou se prostituindo para ter onde passar a noite.

Para Kate é algo muito natural passar fome e aguentar todos os tipos de homens a violentando das formas mais brutais e nojentas possíveis. É algo que ela merece.

Negra, magra, feia, cabeça raspada, pobre e sem estudos, Kate sabe que nasceu para a dor e o sofrimento. Suas únicas riquezas são a saúde e a buceta carnuda e suculenta.

Deus a compensou dessa forma e Kate aceitou com gratidão. Aos nove anos era difícil aguentar as cabeças de homens selvagens entre suas pernas, agora ela não sente mais nada.

Nem dor e nem medo. Tudo desapareceu para Kate. "Nada em mim foi covarde." O pensamento traz conforto para o coração ferido.

- Está pronta, Kate?

Ela se virou para Jimmy. Ele foi bom para ela. A acolheu em troca de comida na mesa e sexo na cama. Por ser um velho na casa dos sessenta anos, Kate não sofreu nas mãos de Jimmy e muito menos no seu pinto pequeno e murcho.

Mas agora, por alguma razão, Kate estava apreensiva com o seu novo dono. Jason já tinha ido ao bar algumas vezes. Moreno, alto, forte, cabelos castanhos escuros compridos, rosto másculo, olhos azuis de predador, barba de macho alpha e perigosamente sexy e quente.

O que dizem sobre ele? Jason já matou mais pessoas do que a própria guerra. Ele apareceu há três meses. E dizem que foi a pior "coisa" que apareceu em Fênix.

Jimmy viu o olhar de preocupação de Kate e lhe deu um sorriso sincero.

- Jason não é como eu. Ele é jovem e viril. Obedeça ele e você ficará bem.

Kate saiu do quarto com o saco de lixo e dentro dele os seus poucos pertences. Jason estava debruçado no balcão segurando uma ratazana pelo rabo. O animal esperneava para se livrar do seu caçador.

Kate e Jimmy não saíram do lugar. Alheio a presença dos dois, Jason pegou o canivete no bolso da calça jeans preta e com um sorriso diabólico, deitou o rato no balcão e cortou-lhe a cabeça fora.

Kate gritou. Jimmy vomitou. Jason sorriu para os dois.

- O jantar está servido.

Kate de olhos arregalados e com o coração aos pulos, deu um passo para trás. Ao fazer isso viu o olhar de Jason escurecer e ele ficou sério.

Com o andar lento e calculado, como um leão prestes a dar o bote, Jason foi até ela. Kate puxou o ar e prendeu a respiração diante do imponente gigante.

Ele a olhou dos pés a cabeça, e pareceu não gostar da mercadoria que tinha acabado de adquirir.

- Está tentando fugir de mim, negra?

Sua voz rouca e grave como um trovão fez Kate tremer. Incapaz de falar, ela balançou a cabeça de um lado para o outro. Ao mesmo tempo que estava com medo, também estava fascinada pela beleza rústica e selvagem de Jason.

Ele nunca tinha estado tão próximo ou falado com ela. Sem desviar os olhos azuis de Kate, Jason disse para Jimmy.

- Vá se limpar. Mas antes, tire o rato de cima do balcão.

Com as pernas trêmulas e o estômago embrulhando, Jimmy obedeceu.

Sozinhos, Jason pegou Kate pelo braço e a arrastou para fora do bar até a sua caminhonete preta. Kate foi atirada dentro do veículo com força.

Enquanto Jason dava a volta para entrar no carro, Kate massageou o braço que quase foi arrancado. Tinha sido apenas uma pequena amostra do que o futuro lhe reservava.

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