Jason pegou o copo encardido com uma generosa dose de uísque duplo e virou na boca de uma vez. Ele sentiu o líquido cor de âmbar queimar a sua garganta, estômago e até mesmo o peito ardeu.
Jason bateu o copo vazio na mesa de madeira do único bar disponível num raio de centenas de quilômetros. Aquilo não é um bar, na verdade é uma espelunca suja e mal acabada na beira de uma estrada deserta.
Com as passagens se fechando com a neve para chegada do rigoroso inverno, ninguém em sã consciência atravessa o deserto de Fênix com seu clima frio, nublado, úmido e com apenas montanhas por todos os lados.
- Outra dose, Jimmy.
Prontamente, Jimmy, o velho e impassível dono da decadente propriedade serviu Jason.
- Sem miséria, velho.Jimmy encheu o copo até transbordar e cair uísque na mesa imunda de cascas de amendoim, cinzas e bitucas de cigarro.
Enquanto Jason virava o copo na boca, Jimmy tampou a garrafa empoeirada e limpou a boca no pano de prato que um dia já tinha sido branco.
- A negra está terminando de arrumar as coisas dela.Jason deu uma olhada na porta que dá para os fundos do estabelecimento.
- Você me cobrou caro por ela.Jimmy deu de ombros.
- Ela vale o preço.- Espero que saiba cozinhar. - Jason olhou em volta com desgosto. - Porque no quesito limpeza...
- Não é culpa dela. Kate até tenta, mas só recebemos porcos por aqui.
Jimmy se arrependeu na mesma hora do que disse. Jason olhou para ele e franziu a sobrancelha com uma cicatriz.
- O que disse?- Eu não me referi a você, Jason. É uma parada de caminhoneiros. É difícil manter as coisas em ordem. Agora com a chegada do inverno, tudo para. E é com pesar que eu estou passando Kate para você. - Jimmy sorriu com os dentes amarelados e podres. Serviu outra dose. - Por conta da casa.
Jason manteve os olhos azuis em Jimmy. Uma ratazana cruzou o balcão.
Nenhum dos dois homens se deu ao trabalho de matar o animal.Jason bebeu o uísque e ficou de pé.
- Vá apressar a negra. Eu quero estar em casa antes do anoitecer.- É claro!
Jimmy voou para a porta dos fundos.Kate colocou suas poucas roupas e sapatos dentro de um saco de lixo preto. Com 21 anos, está acostumada a viver de trabalho escravo.
Perdeu a família cedo e desde então vem passando por várias cidades trabalhando em troca de um prato de comida, ou se prostituindo para ter onde passar a noite.
Para Kate é algo muito natural passar fome e aguentar todos os tipos de homens a violentando das formas mais brutais e nojentas possíveis. É algo que ela merece.
Negra, magra, feia, cabeça raspada, pobre e sem estudos, Kate sabe que nasceu para a dor e o sofrimento. Suas únicas riquezas são a saúde e a buceta carnuda e suculenta.
Deus a compensou dessa forma e Kate aceitou com gratidão. Aos nove anos era difícil aguentar as cabeças de homens selvagens entre suas pernas, agora ela não sente mais nada.
Nem dor e nem medo. Tudo desapareceu para Kate. "Nada em mim foi covarde." O pensamento traz conforto para o coração ferido.
- Está pronta, Kate?
Ela se virou para Jimmy. Ele foi bom para ela. A acolheu em troca de comida na mesa e sexo na cama. Por ser um velho na casa dos sessenta anos, Kate não sofreu nas mãos de Jimmy e muito menos no seu pinto pequeno e murcho.
Mas agora, por alguma razão, Kate estava apreensiva com o seu novo dono. Jason já tinha ido ao bar algumas vezes. Moreno, alto, forte, cabelos castanhos escuros compridos, rosto másculo, olhos azuis de predador, barba de macho alpha e perigosamente sexy e quente.
O que dizem sobre ele? Jason já matou mais pessoas do que a própria guerra. Ele apareceu há três meses. E dizem que foi a pior "coisa" que apareceu em Fênix.
Jimmy viu o olhar de preocupação de Kate e lhe deu um sorriso sincero.
- Jason não é como eu. Ele é jovem e viril. Obedeça ele e você ficará bem.Kate saiu do quarto com o saco de lixo e dentro dele os seus poucos pertences. Jason estava debruçado no balcão segurando uma ratazana pelo rabo. O animal esperneava para se livrar do seu caçador.
Kate e Jimmy não saíram do lugar. Alheio a presença dos dois, Jason pegou o canivete no bolso da calça jeans preta e com um sorriso diabólico, deitou o rato no balcão e cortou-lhe a cabeça fora.
Kate gritou. Jimmy vomitou. Jason sorriu para os dois.
- O jantar está servido.Kate de olhos arregalados e com o coração aos pulos, deu um passo para trás. Ao fazer isso viu o olhar de Jason escurecer e ele ficou sério.
Com o andar lento e calculado, como um leão prestes a dar o bote, Jason foi até ela. Kate puxou o ar e prendeu a respiração diante do imponente gigante.
Ele a olhou dos pés a cabeça, e pareceu não gostar da mercadoria que tinha acabado de adquirir.
- Está tentando fugir de mim, negra?Sua voz rouca e grave como um trovão fez Kate tremer. Incapaz de falar, ela balançou a cabeça de um lado para o outro. Ao mesmo tempo que estava com medo, também estava fascinada pela beleza rústica e selvagem de Jason.
Ele nunca tinha estado tão próximo ou falado com ela. Sem desviar os olhos azuis de Kate, Jason disse para Jimmy.
- Vá se limpar. Mas antes, tire o rato de cima do balcão.Com as pernas trêmulas e o estômago embrulhando, Jimmy obedeceu.
Sozinhos, Jason pegou Kate pelo braço e a arrastou para fora do bar até a sua caminhonete preta. Kate foi atirada dentro do veículo com força.
Enquanto Jason dava a volta para entrar no carro, Kate massageou o braço que quase foi arrancado. Tinha sido apenas uma pequena amostra do que o futuro lhe reservava.