IV - Desconfiança e Dúvida

“É difícil confiar em alguém que já não é mais a mesma pessoa que você costumava conhecer – difícil para ambos os lados devo dizer, pois mesmo quem causa tamanha desconfiança nunca quis se perder de tal forma a ponto de se tornar um estranho para as pessoas amadas.” ~ ♣ ~Jack deu um gritinho quando abriu os olhos e deu de cara com duas ametistas brilhantes o encarando de cima, quase que escondidas sob fios dourados de cabelo que caíam em ondas perfeitas sobre o rosto do rapaz e lhe faziam cócegas sobre a pele suada com suas pontas macias.Violet riu e se afastou, deixando que ele se levantasse ainda ofegante pelo susto recente. Ela não

V - Um Adeus

“Às vezes despedidas são menos dolorosas do que a insistência em tentar encaixar num lugar – ou em alguém – que já não lhe serve mais apesar do amor ainda ser o mesmo, é como uma roupa apertada que você se recusa a jogar fora porque um dia ela já foi sua favorita, mas é um adeus necessário, e todos sabem disso.” ~ ♣ ~Allen e Alfred brincavam de guerra de travesseiros com uma animação sem igual quando Violet entrou no quarto, as mãos apoiadas sobre os quadris e uma careta de desaprovação em seu rosto que logo se desfez num sorriso brincalhão.– Ok bonitinhos, já é hora de dormir &nda

VI - Lembranças

“Lembranças são as joias mais preciosas para aqueles que só podem se agarrar à isso visto que qualquer vestígio dos momentos reais já se foi, assim como as pessoas que fazem parte tais memórias distantes porém igualmente importantes – e espero e desejo ser uma de suas joias, não se deixe esquecer de mim.” ~ ♣ ~– Gosta dele? – Violet ouviu Aaron dizer assim que passou pela saída do corredor e sentiu o ar lhe faltar por um momento, lançando um olhar furioso para o garoto de cabelos coloridos.– Sabe que odeio sustos, Aaron, por Deus – ela murmurou, sua voz baixa ecoando pelo salão vazio e silencios

VII - Primeiro Ato

“A coisa mais importante que tudo isso me ensinou foi que a sobrevivência não é dos mais fortes, e nem dos mais espertos, mas sim dos mentirosos com maior capacidade de adaptação.” ~ ♣ ~ [Dez anos antes] – Finalmente acordou – a princesa ouviu alguém dizer ao seu lado assim que abriu os olhos, a visão ainda levemente embaçada e fora de foco, sentia como se tivesse levado uma pancada na

VIII - Segundo Ato

“Vossa majestade me ensinou que coisinhas bonitas bastam para enganar crianças inocentes, mas eu, querida, aprendi desde cedo que palavras ensaiadas são mais que o suficiente para enganar adultos idiotas.” ~ ♣ ~As horas se passaram enquanto Violet e Aaron tentavam se distrair com conversas bobas, qualquer coisa que deixasse tudo aquilo menos torturante e entediante – a menina não sabia ao certo quanto tempo já se passara desde que havia acordado ali, enjaulada como se fosse algum animal perigoso, mas já sentia como se tivessem se passado dias.Seu estômago roncava e sua boca estava seca, se lembrava de ter comido pela última vez na tarde do mesmo dia em seus pai

Prólogo - Costure, costure...

Olhos da cor das ametistasestãoa brilharCosture, costureE ponha os de vidro nolugarSua pele remendada,A repare de ano em anoE seupobrecoraçãojánãopassaráde um bolo de panoSeus cabelos clarosquebrilham e voam com o ar,Logo mais, lãirãovirarCosture, costureAtéacabarPerfeita a senhorita deve ficarPois se a minha Rainha a quer,Entãoela teráPobre bonequinha,Perden

I - Alteza

Venha, venha... ~ ♣ ~Violet deslizava os dedos pelas teclas do piano com rapidez, mostrando que seus seis anos de aulas realmente haviam dado resultado. As ondas louras quase que prateadas de seus cabelos caíam por cima do ombro direito, impedindo que seus pais, Carl e Valentina, vissem seu rosto enquanto a ouviam e observavam do sofá ao lado, colado na parede bem abaixo de uma janela.

II - A Porta

Tenho um pouco de queijo para você... ~ ♣ ~– Alteza – uma voz feminina a chamou, chacoalhando Violet pelos ombros, e a menina choramingou, abrindo lentamente os olhos inchados por conta do sono. – Vossa Majestade a está esperando para o café.– Hum... Aham... Sim, estou indo, obrigada Lorie – ela resmungou mais uma vez, sentando-se na cama ao ouvir os passos da criada se distanciarem, seguidos do som da porta pesada de seu quarto se fechando.Ela fez uma careta ao passar o dorso da mão abaixo da boca e senti-la umedecer com a saliva pegajosa que escorria por sua pele. Ótimo, já estava começando o dia bem.Depois de se arrumar com uma preguiça quase torturante, desceu as escadas em espiral até o salão principal com a maior lentidão possível, levantando a barra de seu vestido rosado com as mãos en