Capítulo 8

Liz parecia especialmente animada e Javier a observou se levantar e olhar para o nada, colocando a mão no peito.

Ele se perguntou se ela era realmente a mulher que Frederico disse, pois se ela fosse aquela mulher, ele não queria mais brincar de casar com ela.

Ele a viu rodopiar e após sumir pela casa e disse ao telefone:

— Investigue mais Elisabeth, não acredito que ela seja a mesma Elisabeth que você encontrou.

No dia seguinte, Liz acordou cedo e imediatamente se arrumou, pois logo cedo havia sido chamada para uma entrevista de emprego.

Ela foi a primeira a chegar no local de vendas de crédito consignado da Martinez S.A., enquanto esperava ser chamada, andou um pouco pelo local, verificando se tudo estava como antes.

Liz percebeu que não foi atendida em nenhum momento, os funcionários preferiam conversar entre si do que perceber que tinha algum suposto cliente por ali. Ela pensou logo que aquela empresa estava sem controle e que se continuasse assim iria falir novamente.

Porém, em outro instante se lembrou que não era mais a CEO e estava apenas se candidatando a um cargo de gerente.

Liz foi chamada para entrevista e o entrevistador mal olhou o seu currículo e já foi perguntando:

— Por que você acha que se qualifica para essa vaga?

Liz observou bem o entrevistador e pensou que aquele comportamento não era também o que ela esperava do RH da empresa, ela sempre ordenava que os funcionários fossem sempre bem tratados, principalmente os que estavam se candidatando a uma vaga de emprego.

— Bem, eu tenho bastante experiência no mercado…

— Olhe, vou ser bem sincero, vi que mentiu no seu currículo.

— Como?! — Liz se surpreende.

— Sim, está mentindo. O seu currículo é exagerado, se quer mentir no currículo, seja mais discreta. Ninguém irá acreditar que você tem toda essa formação, que fala fluente mais de três línguas… Que trabalhou para empresas tão importantes.

— Certo, te entendo. Vamos fazer assim, entre na internet e pegue qualquer texto em algum idioma do meu currículo e me entregue, assim veremos se estou mentindo ou não. Me teste sobre minhas competências e se eu não conseguir passar, eu vou dar razão a você e pedir desculpas, mas se eu passar, você terá que me contratar.

O entrevistador sorriu, debochando e Liz cruzou os braços, dizendo:

— Vamos, me teste! Ou por acaso você está com medo de estar errado?

Ela o desafiou e de repente ele ficou sério. Ele tentou testar Liz de várias formas que para ele eram impossíveis, mas ela passou em tudo. Ela comprovou as suas formações e as suas experiências, mas isso deixou o entrevistador ainda mais com raiva, já que a cada teste que ela passava, ela se mostrava mais competente do que ele.

— Ok! Eu admito, estava errado! — ele disse, desistindo. — Porém, eu não vou te contratar. Mesmo que você tenha um currículo incrível, você não é o perfil que estamos procurando. Não estamos procurando alguém da sua idade, sabe… — ele disse com deboche, rindo de Liz.

Liz se levantou imediatamente e disse:

— Vejo que essa empresa não vai durar muito mesmo, contratando funcionários como você. E olhe, sim, eu tenho quase 50 anos e vejo que o problema não é minha idade e sim, despeito da sua parte. Com quase cinquenta anos, tenho mais educação e energia do que você!

Liz saiu da sala de entrevista possessa, mas não derrotada. Ela só pensou que a Martinez S.A. realmente nunca mais foi a mesma depois que ela saiu e eles que estavam perdendo não querendo a contratar.

Assim que Liz passou, Javier apareceu, observando ela sair batendo os pés, com raiva.

Ele entrou na sala de entrevista e o entrevistador quase caiu da cadeira.

— Sr Javier! — ele gritou de susto e se levantou logo, arrumando o terno — Sr, mas… que surpresa a sua visita. Bem, eu não sabia que viria… vamos almoçar juntos!

— Cale-se! — Javier disse, o interrompendo — Aquela mulher que saiu daqui? Porque ela saiu daqui com raiva?

— Ah, não fique incomodado com isso. Acontece sempre. Ela deve estar sofrendo com a menopausa.

Javier se irritou profundamente com o funcionário.

— Menopausa…

— É, senhor. Coisa de mulheres, quando elas chegam a uma certa idade ficam com um humor péssimo.

— Qual o seu nome mesmo?

— Luiz.

Javier pegou o telefone, discou e disse:

— Eu quero uma demissão e uma admissão. Contrate Elizabeth, pois segundo o Sr Luiz do RH, ela tem um humor péssimo e… eu gosto do humor dela. Fiquei pessoalmente ofendido.

Luiz arregalou os olhos e engoliu em seco, ouvindo Javier falar ao telefone.

— E sobre a demissão, não preciso mencionar o nome.

— Sr Javier… o Sr está me demitindo? Por favor, não faça isso! Eu não disse por mal. E que… na verdade a vaga já está preenchida por uma funcionária que será promovida. Essas entrevistas são apenas para cumprir o protocolo do processo seletivo, é por isso que não a contratei. Ela ficou com raiva e nos desentendemos, eu tentei acalma-la, mas ela estava descompensada.

Javier continuou olhando para o funcionário e seus lábios foram se contorcendo de raiva. Ele continuou ao telefone e disse:

— Demita esse verme por justa causa e envie um comunicado a todas as empresas parceiras para banirem ele. Quero que a carreira de merda desse incompetente seja destruída.

— Sr Javier, eu tenho família! Me perdoe, eu não sabia que o senhor tinha um interesse naquela mulher! Pense bem, não vá perder um funcionário excelente por causa disso. Se ela ficar com raiva de você, eu prometo que consigo uma substituta melhor para o senhor.

Foi rápido e quando Luiz percebeu, já estava no chão. Javier não se segurou e chutou ele sem medir forças.

— Sr Javier?!

— Onde estão os seguranças desse lugar para tirar essa barata da minha empresa? — Javier gritou na porta e imediatamente os seguranças apareceram e levaram o entrevistador que tentou resistir, gritando e pedindo perdão.

Enquanto isso Liz estava no carro que pediu por aplicativo, ela estava olhando para fora, ainda com o rosto retorcido. Estava com raiva pela situação que passou, pois foi a primeira vez que isso lhe aconteceu. Em todos os lugares que foi procurar trabalho, ela recebeu reconhecimento nas entrevistas.

De repente seu celular tocou e quando atendeu, seu humor mudou completamente.

Ela se perguntou qual o milagre que aconteceu, pois agora, ela estava contratada para trabalhar como gerente do setor de vendas de crédito consignado.

Liz abriu seu caderno e riscou mais um item da sua listinha… trabalho. Agora ela estava mais um passo próximo para ser a melhor candidata a adoção de Aurora, ela acabou de conseguir um trabalho.

Agora, o próximo passo era se casar com Javier.

Ela ligou para ele imediatamente, para contar a novidade, mas antes que dissesse, ele disse:

— Me encontre no endereço que vou te passar, vou pegar o meu carro na oficina.

Liz deu de ombros e pediu para o motorista mudar o endereço.

Assim que chegou e desceu do carro, ela estranhou o lugar. 

O lugar parecia um cenário de filme pós apocalíptico. Tinham peças de carros enferrujadas pelo chão e alguns pneus velhos, encostados.

Liz abraçou o seu próprio tronco, se sentindo um pouco com medo.

— Bem, é esse aqui o lugar. — de repente, Javier apareceu do seu lado, fazendo ela dar um pulo de susto.

— Tem certeza que é esse o lugar que você deixou seu carro?

Javier ficou pensativo, pois até ele estava um pouco apreensivo.

Ele acenou levemente, se perguntando se Frederico arranjou um jeito de mandar e Liz para serem sequestrado.

De repente um homem saiu de dentro do local, ele estava sujo de graxa e com um pé de cabra na mão. Liz correu e ficou atrás de Javier, com os olhos arregalados.

Javier manteve a pose, mas no fundo estava preocupado.

— Ei, o que gente como vocês estão fazendo nesse lugar? Aqui na minha oficina não tem nada roubado, pelo menos, vocês não tem como provar.

Javier juntou as sobrancelhas e se imaginou, socando o nariz de Frederico.

— Viemos pegar um carro, mas acho que nos enganamos. — Javier disse, pegando a mão de Liz, para levá-la embora.

— Ah, o senhor é o Javier?!

O homem perguntou e Javier iria negar, até que Liz disse:

— Sim, ele é o Javier. Então essa é mesmo a oficina que está o carro dele?

— É sim! Esperem aqui que eu vou trazer.

Algum tempo depois, o homem da oficina apareceu dirigindo um carro. Se é que podemos chamar aquilo de carro.

O veículo tinha vários amassados, e tinha várias partes enferrujadas e o motor fazia um barulho tão alto que os tímpanos de Javier doeram. Quando o carro parou, ouviu se um estouro e uma névoa de fumaça preta saiu do cano de escapamento, fazendo Javier dar um passo para trás e esconder Liz atrás dele.

Os dois ficaram olhando aquele veículo por algum tempo, abismados, pois o carro não tinha retrovisores e nem vidros nas janelas.

— Tá, muitas coisas eu disse que não me importava, mas eu não vou entrar nisso não. — Liz diz, apontando para o carro.

Javier rosnou e se imaginou enganando Frederico que nunca conseguia fazer nada direito e disse:

— Muito menos eu vou entrar nessa merda de carro. Vamos! Vamos embora desse lugar!

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