sem revisão
Amélia nunca lidou bem com dias de chuva. Era como se cada gota que batia na janela ativasse lembranças que ela preferia manter enterradas. Naquela noite, o peso no peito apertava mais que o normal. Talvez fosse o silêncio forçado daquele cativeiro, ou talvez... o fato de estar presa ali, com ele.
Cansada de lutar contra a própria cabeça, agiu sem pensar. Cruzou o pequeno espaço da sala e, sem dizer uma palavra, deixou-se cair no sofá, repousando a cabeça nas coxas de Dimitri. Não havia afeto naquele gesto, só a necessidade egoísta de se agarrar a qualquer coisa que aliviasse aquele desconforto.
— O que é isso? — ele perguntou, surpreso, erguendo uma sobrancelha.
— A chuva... me deixa melancólica — respondeu, simples, como se aquilo justificasse tudo. E, para ela, justificava.
Puxou a mão dele, segurando-a, encaixando seus dedos nos dele — como se aquele toque temporário bastasse para silenciar os pensamentos.
Ele não respondeu. Só deixou a mão dela ali, e com a outra, di