Caroline Hoffmann
Franzindo a testa, Oliver desviou os olhinhos de mim, deu de ombros e desfez o nó em torno do seu pescoço e soltou a capa azul marinho e veio correndo em minha direção com uma expressão sorridente.
Era sempre assim. Eu chegava em casa e ele me recepcionava como se não me visse a meses.
Um sentimento genuino de saudade.
Nesse momento envolvi meu pequeno em uma abraço apertado com toda a saudade que existia em mim, o que me fez sentir a sensação de proteção do nosso pequeno mundo. Um mundo onde eu e ele vivemos juntos, felizes e protegidos do caos.
Oliver foi como um escape em minha vida dificil. Ele significa muito para mim, e através dele eu descobri um novo motivo de amor e também uma forma de recomeçar a minha vida.
É por ele que me levanto diariamente para superar meus problemas.
Por ele que eu tento ser melhor a cada dia.
— Faltava só você chegar para pedirmos uma pizza.
Minha irmã de repente falou e eu assenti enquanto me afastava de Oliver.
— Podem pedir. Só vou tomar um banho rápido e me junto a vocês.
Todos satisfeitos, logo se direcionaram até a cozinha enquanto eu fui até meu quarto.
O momento mais relaxante que eu tinha na minha rotina durante os últimos anos era o horário do meu banho. Fisiologicamente falando, não tenho tempo nem ânimo para mais nada. Talvez o meu “eu mulher” tenha se escondido em algum lugar e nunca mais de as caras, mas para mim, tudo bem se for assim, pois sei que dessa forma nada mais irá me machucar e desse jeito, terei olhos somente para meu filho, que é o que realmente importa.
Enrolada na toalha, saí do banho com meus cabelos molhados e fui até meu closet, onde encontrei uma calça moletom e uma camiseta larga que sinceramente são as minhas preferidas e as vesti. Eu amo roupas largas para ficar em casa, e amo os momentos que tenho com a minha família, e ao lembrar que terei dois dias de folga, logo me animo e vou secar meu cabelo para a-proveitar ao maximo com eles.
Escovando as madeixas, começei a pensar em como devo me portar amanhã, caso Guillermo compareça no jantar em que fui convidada pela própria anfitriã.
Será amanhã às 20h e confesso que estou tremendo na base, pois não sei como reagir na presença de Guillermo, a impressão que tenho é que o ódio que ele sentiu de mim a 6 anos atrás apenas cresceu quando nos reencontramos, e eu não o culpo. Sou merecedora de todo tipo de sentimento que ele tem por mim, justamente por causa da escolha que fiz, onde arrancou metade da minha alma quando o vi sair em meio as lágrimas do meu apartamento.
Se tem algo que nunca vi em mimnha vida, foi um homem chorar, e ver o quão vulneravel Guillermo ficou, só me deixou pior naquela epoca.
Acredito que todo o fato de eu engolir essa barra sozinha, seja justamente pela culpa que sinto.
Ele não merecia aquilo.
Eu não merecia aquilo.