Minha mãe lança um olhar de desgosto para Otávio, que permanece impassível, mas seu silêncio parece mais ameaçador do que qualquer palavra que ele pudesse dizer.
— Posso ver que você se envolveu com o conselheiro da Cosa Nostra. Tem que ter muita coragem para isso. — Ela faz uma pausa, como se quisesse que suas palavras se aprofundassem como lâminas. — Você sabe exatamente o que ele faz?
— Eu sei exatamente o que ele fez e faz. — Minha voz soa firme, mas por dentro eu tremo.
Não, eu não sei exatamente o que ele fez e faz.
Ela sorri, aquele sorriso debochado que me faz querer atravessá-la.
— Percebo. — A risada seca dela ecoa pelo quarto. Meu olhar corre para Otávio, e vejo um brilho assassino nos olhos dele, tão intenso que quase me faz recuar.
— Mas vamos lá... Tentarei ser uma boa mãe dessa vez. O que minha filha deseja saber?
Minhas unhas se cravam na palma da minha mão. A vontade de esbofeteá-la é quase insuportável, mas me seguro.
— Paulo realmente não é meu pai? — Minha voz falh