Por Tonhão
O quartinho era um buraco sujo, cheio de mofo e com um cheiro insuportável de cigarro velho misturado com rato morto. Mas era o que a gente tinha, e pra mim, tava bom demais. O moleque que chamavam de "Gordo" já tinha dado uma geral, tirado as tralhas que tinham por lá, e deixado o espaço minimamente habitável. O colchão jogado no chão era pra menina, e eu não tava nem aí se ela ia gostar ou não. Era ali que ela ia ficar até os otários dos pais dela entenderem que não se mexe com Tonhão.
Segurei a pirralha pelo braço enquanto ela me olhava com aqueles olhos grandes de quem achava que ia me intimidar. Só rindo mesmo.
— Quem é você? — perguntou, a vozinha firme apesar do tremor.
Parei no meio do quartinho e me abaixei, ficando na altura dela. O sorriso no meu rosto era uma mistura de ironia e raiva.
— Quem eu sou? — cuspi as palavras, aproximando meu rosto do dela. — Eu sou o desgraçado que odeia os filhos da puta dos seus pais.
Ela arregalou os olhos por um segundo, mas log