Por Bruna
O som da porta se fechando atrás de mim ecoou pelo pequeno quartinho, abafando o burburinho que vinha de fora. O cheiro de mofo e poeira era sufocante, mas eu não me importava. Tudo o que me interessava estava ali, naquele canto miserável, onde uma garotinha de olhos arregalados e rosto sujo me olhava como se eu fosse o próprio diabo.
Carlinha estava sentada no colchão velho, com as perninhas encolhidas contra o peito, abraçando-se como se isso fosse suficiente para protegê-la. Patética. Aquela pirralha não fazia ideia do que estava acontecendo ao redor dela. Só sabia repetir como um papagaio o que Halu devia ter enfiado na cabeça dela.
— O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou, com a voz tremendo, mas carregada de uma coragem que, sinceramente, me irritou.
Eu me aproximei devagar, cruzando os braços enquanto lançava um olhar cínico.
— Isso importa? Você vai fazer o que eu mandar, pirralha melequenta.
Ela piscou rápido, mas não desviou o olhar. Quanta petulância. Antes