Hannah Mond.
Buscar manter a calma em situações extremas é o melhor exemplo de resolução. Mas agora pensamos; como podemos manter a calma em situações inesperadas? Isso é o que vamos estudar a partir de hoje, dominar o seu interior a ponto de acessar uma calma...’
— Hannah!! — Ouvi a voz da minha mãe, após três batidas suaves na porta do meu quarto. Fingi silêncio por alguns segundos, quase nem respirei, para que ela não percebesse que eu estou em casa. — Hannah abre esta porta filha, eu sei que você está aí!
Bufei frustrada fechando meu livro rapidamente. Deixei ele sobre a cama e me levantei calçando minhas pantufas, caminhei lentamente em direção à porta.
— Oi mãe!? — Destranquei, apontando apenas minha cabeça para fora, forcei um sorriso fraco, afinal. Eu sabia porque ela estava ali.
— Filha, tem um guarda da matilha, te esperando na porta! — minha mãe me deu um sorriso caloroso, eu poderia até dizer, que foi de orelha a orelha. — Ele disse que você não consta como presente na festa hoje.
— Mãe, eu não quero ir. — Respirei fundo, deixando meus ombros caírem, enquanto me encostei na porta. — Eu realmente não quero...
— Filha, você precisa. — Senti a mão da minha mãe tocando o meu rosto com carinho, enquanto ela entrou, me fazendo dar alguns passos para trás. — Hoje você completa dezoito anos... — ela respirou fundo tentando conter sua emoção. — Hoje você descobrirá quem é o seu companheiro!
— Mãe! Eu não quero companheiro. — Minhas palavras pareciam um choque para ela, já que seus olhos se arregalaram, me fazendo suspirar. — Eu estou bem sozinha! — fechei e abri meus olhos com o medo percorrendo o meu corpo como um suave tremor. — Não posso ficar? — implorei
— Filha, você sabe que é regra da matilha. — Ela suspirou frustrada, estava claro isso.
Qual é a mãe que não quer ver sua filha com o seu companheiro?
— Hannah? — Olhei para minha mãe, enquanto ela continuou. — Estes bailes mensais são feitos, para ajudar as fêmeas a encontrarem seus companheiros. Desde quando nascemos nessa matilha, temos nossos nomes na lista.
Respirei fundo, enquanto minha mãe acariciou meu rosto novamente.
— Agora se apresse. — Sorri amarelo para minha mãe. — Vamos estar torcendo aqui por você. — Seus olhos brilharam. — Quando voltar lhe entregaremos algo.
— Mãe. — Beijei sua bochecha. — Sabe que não precisa, né! — abracei minha mãe, apertado.
Ela saiu enquanto fechei a porta sem coragem de ir. Não quero sofrer nenhuma rejeição, o índice é alto ultimamente, se eu não estiver no mesmo lugar que, será difícil dele me farejar, agora se eu ir lá esfregar meu cheiro no nariz dele. Aí fica difícil de me manter longe.
Devagar me aproximei da janela e com apenas um suave puxar na cortina, olhei rapidamente, não tem nem como fugir, aquele guarda é um bom farejador, como eu sei? Ele é colega de trabalho do meu pai. Fechei a cortina, se eu não sair. Ele também não vai embora.
— Vamos, Hannah vai ser legal — minha loba quase gritou na minha mente, com alegria. — Vamos encontrá-lo, quero brincar com ele, correr...
— Oh! Que alegria! — Revirei meus olhos, respondendo ironicamente, minha loba mentalmente. — Você já esqueceu que fomos rejeitadas uma vez? Está desejando a segunda, Ayla?
— Aquele idiota nem era nosso companheiro! — Ayla resmungou. — Eu te avisei que ele estava usando você! — Ela grunhiu — Eu sei que o nosso companheiro, está lá nos esperando...
Arrepiei ouvindo as palavras da Ayla. Nos esperando? Realmente a rejeição dele não doeu, mas eu fiquei sentida, ele era meu amigo...
— Vamos Hannah!! — Ayla quase gritou, me tirando dos meus próprios pensamentos — Não quero demorar muito!
Senti como se minha própria loba, estivesse me puxando para fora. É ela realmente quer ir. Mas ainda assim, eu não quero! Mas só de pensar que ela vai surtar e ficar tagarelando alto na minha cabeça depois, fez minhas forças subirem um pouco, me fazendo pentear meus cabelos.
Demora um pouco, eles são longos. Então prendi em um rabo de cavalo. Ajeitei meus óculos em meu rosto, e corri no banheiro escovar meus dentes novamente. Eu gosto desse aparelho preto. Não sou uma garota padrão, longe disso.
— Você é única Hannah! — Ayla resmungou. — Não fique se colocando para baixo. Se você se arrumasse direito, ficaria uma gata.
— Tá bom. — Ironizei com um sorriso, olhando para o espelho e minha loba reluziu, seu tom azul tão escuro, como o fundo do oceano. — Você sabe né? Que eu. Odeio ser o centro da atenção!
Ayla apenas suspirou irritada, enquanto me olhei no espelho, puxando rapidamente as mangas da minha blusa de moletom preta.
Satisfeita, sorri. É assim que eu gosto, nada de pele amostra. Tudo tampadinho no seu devido lugar, até a legging está no mesmo tom, me arrisco a até colocar a touca da blusa.
— Hannah! Pelo amor da nossa ‘mãe’. — Ayla gritou na minha mente. — É por isso e pelas idiotices, daquele panaca. Que a sua autoestima vive lá em baixo. — Ayla grunhiu. — Vamos! Favor, vamos!!
— Está bem! — Falei alto, até mesmo minha loba sabia que eu estava enrolando. — Vamos chegando lá, você o vê. Depois voltamos para casa. Não vou esperar ele me... Nos rejeitar.
Após calçar meus tênis, Ayla simplesmente sentou no fundo da minha mente e aguardou. Eu estava estudando e pronta para dormir, então já havia tomado banho. Apenas ajeitei o necessário e saí do meu quarto.
Na verdade, eu sou mais na minha, já tentei fazer maquiagem, mas não deu muito certo. Sempre me dá o sentimento de que tem algo errado no meu rosto, enquanto os outros ficam me olhando, minha mãe também já me ajudou, ou tentou, mas enfim... Não deu. Adoro estudar, sou completamente apaixonada pelos estudos e sou fã de roupas largas ou moletons.
Essa sou eu. Ou um pouco de mim, Hannah Mond completo dezoito anos hoje. Mas antes que eu comece a dizer o quanto minha loba é o oposto de mim, minha mãe parou na minha frente segurando meus ombros suavemente, enquanto disse:
— Boa sorte, meu amor. Que seu companheiro seja sua metade verdadeira! — Minha mãe tocou a ponta do seu nariz no meu enquanto fechamos nossos olhos, isso é coisa de mãe e filha, eu amo isso. E a frase, acho que toda família deseja isso para seus filhos. Mas eu sou realista, este é o dia em que tudo pode dar certo ou errado...