— ALLAN —
O mundo girava.
Eu cambaleei para o lado, pisando em falso na calçada, mas nem tentei me equilibrar. Qual era o ponto? O chão ia me engolir de qualquer jeito.
As luzes da cidade piscavam como estrelas distantes, desfocadas, dançando diante dos meus olhos. As vozes ao redor eram apenas ruídos distantes, como se eu estivesse debaixo d’água.
Eu ri.
Ou talvez tenha engasgado. Nem sei mais.
Minha garganta queimava com o gosto da bebida barata que desceu rasgando.
Não queria voltar para lugar nenhum.
Estela? Jamais.
Patrício? Pior ainda.
Eles me odeiam, os dois. Consegui fazer meu pai me odiar e a bruxa da Estela nunca me amou de verdade.
A verdade é que eu não pertencia a lugar nenhum. Nunca pertenci.
O álcool subia rápido, entorpecendo meus sentidos. O gosto amargo da bebida ainda estava na minha boca, misturado com raiva, arrependimento e algo mais que eu não queria nomear.
Eu tinha estragado tudo. De novo.
Não deveria me importar.
Mas me importava.
Droga.
Tentei dar outro pass