>PATRÍCIO<
Eu encarei o copo à minha frente, girando o líquido âmbar entre os dedos, sentindo o cheiro forte da bebida que já não fazia mais efeito como antes.Já estava entorpecido o suficiente para esquecer de tudo por alguns instantes, mas, ao mesmo tempo, sóbrio o bastante para saber que estava me destruindo.E, mesmo assim, continuei bebendo.— Você vai se matar desse jeito, Patrício.A voz de Fernando cortou o barulho abafado do bar. Eu ri, sem humor, levando o copo à boca e bebendo mais um gole.— Não seria tão ruim assim, né? — murmurei, sentindo a ardência na garganta.— Para com essa merda! — Ele bateu as mãos na mesa, atraindo alguns olhares. — Você se ouve falando? É isso que você quer? Morrer afogado em álcool porque perdeu a mulher que ama e seu filho desapareceu?Fechei os olhos por um instante, tentando bloquear a dor que as palavras dele despertaram.— O que mais eu posso fazer? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro.