Acordei do transe que a visão dela me causou e fui para o meu quarto, uma mulher na flor da idade... No alto de sua meia-idade e sem um namorado para apagar aquela fornalha em forma de corpo? Eu não sou de ferro, me vi excitado pela professora que recém contratei e dando total razão ao ciúme de Elena.
Tomei um banho, eu deveria estar farto sexualmente porque Elena sempre me deixava sem forças e claro, propositalmente... não sabe ela, que o passado de intensas cenas seguidas me conferiu um desejo insaciável, acabei batendo uma para Liana e gozando deliciosamente ao imaginar um desfecho diferente do nosso encontro na cozinha.
Aquele dia havia terminado de uma forma bem diferente dos últimos tempos, Elena e eu estamos juntos há quatro anos e era totalmente novo desejar uma mulher que não fosse uma das parceiras de cena que tive no passado. Deitei na cama, alisei o tecido fino de cetim e adormeci rapidamente.
Dia seguinte...
Eles estavam se preparando para sair, José ia levar Liana até a cidade para buscar suas coisas e também levar Théo para a escola e meu filho já estava de mochila nas costas e mãos dadas com ela. Enquanto se organizavam do lado de fora da casa, Pedro, o capataz, apareceu com uma proposta bem inesperada.
— Se quiser, patrão, eu posso levar eles até lá. Assim José fica livre para buscar o advogado na cidade vizinha como o senhor e ele acordaram antes! Ou se esqueceu do homem?
Aquele, peste nem disfarça o interesse por Liana, mas realmente o advogado não sabia como chegar até a fazenda e precisava de uma carona naquele dia.
— Não precisa, Pedro! — respondi, firme. — Se José não pode levá-los, eu mesmo os levo. Você fica aqui cuidando das coisas para mim. Afinal, a fazenda não pode ficar sem o capataz!
Ao entrarmos no carro, ela não queria se sentar no banco da frente e talvez por respeito.
— Pode se sentar aqui, ou vou parecer um taxista.
Ela sorriu e entrou no carro.
— Meu pai nunca me levou até a escola!
— Claro que já... — respondi constrangido.
— Só no ano passado.
Liana com um sorriso respondeu:
— O que importa é que ele está levando agora, não é?
Assenti, alguns minutos de estrada depois, chegamos a escola e Théo saiu do carro. Liana se despediu dele com um beijo no rosto e eu fiz o mesmo em seguida, percebi o quanto estava sendo frio com ele. Seguimos sozinhos, eu não sabia como começar uma conversa ou se deveria começar uma...
— Se formou há muito tempo no idioma?
— Mais ou menos, eu morei fora por um tempo!
O silêncio voltou a reinar, apenas quebrado quando eu coloquei uma música sertaneja. Ela sorriu e percebi que temos gostos em comum, chegamos três horas de um longo cochilo dela. A deixei em frente ao endereço indicado prometendo voltar para buscá-la duas horas mais tarde, aproveitei aquela ida para comprar algumas peças e insumos para a fazenda.
Horas mais tarde, busquei Liana novamente e ela se despediu das pessoas da casa e seguimos de volta. Ao pegarmos a estrada, tivemos que parar por um tempo devido à interdição da via por um acidente... Presos há trinta minutos da fazenda até finalmente, só às 16:00 podermos seguir.
Liana desceu do carro, fui educadamente pegando sua mala.
— Por que demorou tanto? — Pela voz irritada era Elena.
— Não me avisou que viria a fazenda hoje! — respondi rapidamente. Liana tomou a mala das minhas mãos. Obviamente sem querer participar de tudo aquilo.
— Estou aqui desde cedo, levou ela pessoalmente até a cidade? O que ficaram fazendo por aí até essa hora?
— Elena pare de gritar, a está ofendendo!
— Dane-se ela! Poderia ter mandado qualquer um levá-la.
— José tinha outros afazeres... — gritei no mesmo tom.
— Manda ela de volta, demite essa estúpida ou nunca mais vai me ver!
— Ficou maluca mulher? — Liana estava pálida e eu furioso com Elena.
— Brigou por ela no bar, já me contaram tudo!
Saí puxando Elena pelo braço, constrangido com toda aquela situação e fomos conversar perto do curral.
— Que diabo de cena está fazendo?
— Me disseram tudo Bruce! Eu vim assim que soube e te peguei no flagra com ela!
— Não há flagra algum, eu não briguei por ela. Deixa de estupidez, houve um acidente e por isso demoramos na estrada…
Elena me puxou com força e nos abraçamos.
— Eu te mato se me trocar, ainda mais por ela que não chega aos meus pés! Você não seria tão idiota, seria?
— Claro que não, vá para casa e se acalma. Irei para conversarmos após falar com o advogado, o pobre do homem deve estar cansado de esperar o dia todo.
Elena me beijou. Liana já havia entrado na casa e nem sei como me desculpar com ela depois de tudo o que essa descontrolada disse. Entrei, Théo estava abraçado com ela, chegaram do colégio há um bom tempo...
— Liana não vai embora, não é papai?
— Claro que não, pode me deixar conversar um instante com ela, filho?
— Sim senhor!
Théo saiu.
— Me desculpa pelo que ela disse. Liana, tudo isso é imaginação dela!
— Eu entendo, mas assim como o senhor me pediu para ser discreta... Peço que não me envolva nesse tipo de problema pessoal. — Ela pegou a mala pesada e seguiu para o quarto de hóspedes sem olhar para trás.
"Eita!" um tiro certeiro, ela sabe mesmo se virar quando precisa. Segui para o escritório onde o advogado me esperava, pretendo vender algumas propriedades para investir na bolsa de valores e preciso de orientação de um especialista no assunto.
— Me desculpe pela demora, tive um imprevisto na estrada.
— Eu entendo.
Conversamos por horas, decidi tentar aplicar um valor simbólico a princípio e sei que quando minha mãe souber que pretendo me desfazer de tudo para sair do país nos próximos dois anos, ela irá enlouquecer ou me enlouquecer antes.