Rodrigo estava confuso. Gusman não havia dito nada sobre a herança e agora ele estava desembarcando no aeroporto internacional de Salvador na Bahia, para sua Lua de Mel com Júlia, Uma viagem longa, onde um turbilhão de ideias o deixava atordoado.
— Vem, amor. O que foi? Você não está feliz?
— Júlia, a gente acabou de chegar, vamos com calma.
— Eu estou louca para ir a praia e comer o tal Acarajé.
— Eu sei, mas vamos descansar um pouco, antes de sairmos por ai.
— Tá, e o que você quer fazer?
— A gente pode tomar um banho, pedir um lanche e assistir um filme, mais tarde a gente sai.Tudo bem?
— Não vai ter sol, que graça tem a praia a noite?
— Amanhã saimos cedo para a praia, eu estou mesmo muito cansado hoje.
— Está bem,. Eu vou ligar para minha mãe, se você quizer ligar para o restaurante do hotel, eu estou faminta.
— Ok. Júlia lhe deu um selinho repentino que Rodrigo não conseguiu desviar, ela estava cada vez mais próxima dele , como se ganhasse espaço entre ele e seu objetivo.
Assim que Júlia foi para o banheiro, ele ligou para Tiago, seu amigo que trabalhava no hospital onde Ricardo estava escondido:
— Como ele está?
— Acordou ontem, eu tentei ligar para você, mas o celular estava desligado.
— Certo, e o que ele disse?
— Ele está com Aminésia e vai levar um tempo para se lembrar do que aconteceu.
— Isso é bom. O nosso plano continua o mesmo, vou mandar a nova remessa do valor combinado. nada de noticiários na tv, jornais, revistas. Não coloque tudo a perder Tiago. ele precisa ficar assim até eu colocar as mãos naquela fortuna.
— Fique tranquilo, está tudo sobre controle. - Ao desligar o celular, o enfermeiro olha para Ricardo.
— Ricardo, o que está planejando?
— Não se preocupe, o combinado é lhe dar o dobro do valor que ele lhe mandar. Esse Impostor pagará por tudo que está tirando de mim, pode ter certeza. - o olhar vingativo de Ricardo fez com que o enfermeiro sentisse um arrepio percorrer sua espinha.
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Em salvador Júlia teminava seu banho, quando ouviu um som estranho, vir do quarto ao lado. Ela desligou o chuveiro, se enrolou na toalha e caminhando, a passos lentos, foi verificar o que estava acontecendo.
— Rodrigo. - Ela se assustou, quando se esbarrou nele ao sair do banheiro. _ Que barulho foi esse?
— É a máquina de café. Está bem velhinha, mas dá pra fazer um capuccino pra você. Quer um? - ele disse ofegante.
— O que estava fazendo no quarto?- ela perguntou, ainda cismada com o comportmento dele nos últimos dias.
— Fui procurar minha carteira. Você está bem?
— Estou.- ela balançou a cabeça, como se quizesse expulsar aquela desconfiança intrusa de sua mente.
— Vai querer ou não?
— O que?
— O capuccino, Júlia.- ele estendeu os ombros e abru os braços aguardando sua resposta.
— Não, deixa pra outra hora, vou me trocar.
— Eu já fiz o pedido, e se quizer você pode escolher o filme.
— Certo.
Ao fechar a porta do quarto, Júlia correu e se sentou na cama, respirando fundo:
"Não pira, você está ficando paranóica. Nada mudou, você só está criando coisas onde não existem."
Ela repetiu várias vezes, como se fosse um mantra, tentando convencer a si mesma que tudo estava bem. Mas, sua forte intuição a incomodava, dando sinais claros de que não deveria confiar nele.
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Na mansão dos Kensington Isadora conversava com Patrícia a mãe biologica de Júlia e sua melhor amiga.
— Eu realmente estou procupada com Ricardo, Patricia.
— A Júlia sabe lidar com ele, Isadora, tantos anos juntos.
— A júlia é um doce de menina, você a criou muito bem.
— Apesar de toda dificuldade, sou grata por ter Antenor ao meu lado.
— Ele sem dúvidas é um grande homem.
— Confesso que foi bem dificil no começo, como toda relação, tinhamos nossas diferenças. Entretanto, superamos tudo e ele ajudou muito na educação de Júlia.
— Fico muito feliz por vocês.
— Isadora, desculpe perguntar, Gusman e você, chegaram a conhecer os pais de Ricardo? - Isadora a olha lembrando o passado.
ANOS ATRAS NO ORFANATO LUZ DO AMANHECER
O Casal Kensington chega ao Orfanato Luz do Amanhecer.
— Senhor e Senhora Kensington, sejam bem vindos. - A assistente social os recebem em seu escritório.
— Então, Senhora Carter? Já tem uma resposta para o nosso caso?
— Sentem-se por favor. Eu entendo a ansiedade de vocês, mas gostaria de conversar sobre a adoção dos dois meninos, eu entendo que vocês só tenham a intenção de adotar um, mas eles são gêmeos e pela idade deles já construiram uma forte conexão.
— Senhora Carter, infelizmente não há condiçoes, não digo financeira, pois não nos falta recursos. Mas duas crianças demanda atenção em dobro e sei que Isadora apesar de todo seu amor e carinho não conseguiria cuidar dos dois ao mesmo tempo, e estamos falando não só de cuidados fisicos, mas de um suporte emocional que toda criança demanda.
— Certo. O meu trabalho aqui é tentar manter a união deles e se vocês acreditam que não será viável...
— Gusman.- Isadora segurou firme a mão do marido, prevendo a negativa que seria dita pela assistente.
— Eu compreendo sua situação Elena, mas acredito que possa dar um jeitinho. Não deixaremos a outra criança desamparada, apenas desejamos que um deles possa receber nosso sobrenome e seja nosso futuro herdeiro. Ele estudará nos melhores colégios e terá uma vida muito boa. Não devemos sacrificar um inocente, com um futuro tão promissor, Não é mesmo?- Gusman lhe entrega um envelope com um grande valor finaceiro, que Elena verifica e coloca na sua bolsa pessoal.
— Tudo bem. Nós podemos falicitar as coisas por aqui, mas isso tem que ser extremamente sigiloso, eu estou arriscando o meu pescoço por vocês, espero não ser prejudicada por isso.
— Claro que não, afinal nós somos os maiores interessados deste acordo ficar somente entre nós.
— Ok, eu vou buscar o menino, esperem aqui.
A passos apressados, Elena ganhou o corredor do orfanados, seguindo para o pátio onde as crianças se encontravam em recreação.
— Karine. - ela chama uma das monitoras.
— Pois não Senhora.
— Traga o garoto Ricardo, a familia dele irá levá-lo para casa.
— A Senhora disse a familia dele? Então, devo trazer Rodrigo também?
— Não, eles só querem o mais novo. Vamos ter que lidar com o mais velho, por mais tempo.
— Entendi Senhora. Eu já trago o menino.- Karine saiu cabisbaixa em busca da criança. — meninos venham aqui.
— Já acabou o recreio Tia Karine?
— Ainda não Rodrigo, mas preciso conversaar com vocês, um minutinho.
— O que foi Tia Karine? Nós fizemos bagunça?
— Não ricardo, está tudo bem. Mas hoje você ira ficar na casa de um titio e uma titia diferente.
— Eu? O Rodrigo não vai?
— Não, eles levarão uma criança de cada vez, hoje vai você, em outro dia o Rodrigo vai.
— Mas eu quero ir com meu irmão.- Rodrigo agarrou a mão de Ricardo.
— Não pode, meu amor. A casa deles é bem pequenininha e só cabe um de cada vez.
— karine. - A assistente grita seu nome apressando-a.
— Vamos Ricardo, está na hora.
— Não, eu quero ficar com meu irmão. - Ricardo o abraçou.
— Meninos, precisam entender que cada um terá sua chance de se divertir, agora vamos.
— Eu não quero ir. - Ricardo se recusava a soltar o irmão.
— Ricardo, seu irmão irá lhe encontrar, fique tranquilo é só uma questão de tempo. - Karine tentava separar os irmão até que Rodrigo a olhou nos olhos como se tivesse compreendido toda a situação.
— Você ouviu a tia? É só uma questão de tempo, a gente nunca irá se separar de verdade. - Rodrigo disse empurrando Ricardo para que ele se soltasse e o menino caiu no chão. — Pare de chorar, deixa de bobeira, a gente não vai se separar, nunca, eu prometo. - Rodrigo tinha raiva em seu olhar, uma coisa incomum a uma criança.
— Karine. -A Senhora Carter a chamou, apressando-a.
— Vamos Ricardo. - ela estendeu a mão para o garoto e enquanto o levava olhou para trás com tristeza em seu coração e viu Rodrigo extremamente nervoso com a situação. - Eu sinto muito, ela murmurou para si mesma.
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Rodrigo e Júlia estavam deitados em almofadas no chão em frente a tv, as conversas divertidas e risadas engraçadas, demonstravam a grande afinidade entre eles, algo que fazia com que Rodrigo esquecesse até mesmo quem era, quando estava com ela.
— Você se lembra da Luiza do segundo ano?
— Ela estava no casamento?
— Não, mas soube que ela está gravida.
— E o que te fez pensar nisso agora?
— Não sei, só me veio a mente.
— A gente já não falou sobre isso?- ele respirou fundo, aquela havia sido uma jogada arriscada.
— Já é só uma coisa, esquece.
— Tem certeza?
— Tenho. - ela o beijou e se aninhou em seu peito. Rodrigo respirou fundo e sentiu seu coração bater em descompasso junto ao dela.
— Júlia, eu preciso lhe dizer uma coisa.- ela se virou e seus olhos se encontraram.
Ele a segurou firme pela cintura e a puxou para ele beijando-a intensamente, Júlia estava quase sem fôlego quando derepente ele parou e se levantou rapido, ela agarrou sua mão, fazendoó parar.
— O que aconteceu?- ela perguntou confusa. Mas ele se afastou, se trancando no quarto e brigando consigo mesmo.
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— Vocês nunca mais tiveram noticias do garotinho?- Patricia continuava interessada na história de Isadora sobre o passado dos gêmeos.
— Não, toda a ajuda que enviamos ao menino foi desviada pela assistente social, só soubemos alguns anos depois. Gusman, ficou arrasado, entretanto, soubemos que o garotinho também tinha sido adotado, estava bem e feliz.
— Mas será que essa é uma informação verdadeira?- Isadora a olha intrigada.
— Como assim Patricia?
— Se ela mentiu sobre o dinheiro, pode muito bem ter mentido sobre a situação do garoto, você nunca quis saber como ele estava?
— Na verdade eu me apeguei a essa informação. Eu sei que Gusman não queria que eles brigassem futuramente pela herança, mas deixa-lo sem recursos jamais foi nossa intenção.
— Então, por que você não o procura? Gusman certamente não discordará de você, eu conheço Gusman, ele não tem um coração, isso será bom.
— Não vejo por que revirar o passado, ainda mais depois de tantos anos.
— Minha amiga se eu não tivesse feito isso, eu jamais teria encontrado Gusman, e tido a oportunidade de lhe conhecer.
— Verdade, talvez você tenha razão. E pensando bem, seria ótimo para Ricardo, reencontrar o irmão.
— Sim, eu lhe ajudarei, vamos encontrá-lo.
O Destino do Impostor estava atirado a própria sorte, a sua historia tinha um futuro incerto assim como o seu coração.