Capítulo Dez

Agora sim eu tinha me metido numa bela confusão. Enquanto subia para o Céu junto com Castiel, eu praticamente tinha certeza de quem havia me colocado naquilo era Aiel, mas mesmo assim tive que perguntar. 

- Quem me denunciou? – perguntei batendo minhas asas brancas e pesadas rapidamente. 

Ele hesitou alguns segundos. 

- Ariel. – respondeu.

- Você foi acusado junto? – indaguei.

- Sim, como você sabia? – ele murmurou confuso.

- Olívia esta noite teve uma visão sobre nós dois sendo castigados com carrasco e tudo. Provavelmente seremos expulsos do Céu. – falei pesaroso.

- Não se bolarmos um plano para colocarmos Ariel como mentiroso. – Castiel disse. 

- Como assim? Não tem como enganar o Céu. Eles vão descobrir. – falei indo cada vez mais alto entre as nuvens.

- Eu sei, mas não precisamos mentir, apenas omitir algumas partes menos importantes. Por exemplo o sonho que você castigou o menino. – ele olhou para mim, e levantei as sobrancelhas. Como ele sabia? – Eu sei, por que sou seu irmão mais próximo. – ele riu. – Bem, mas continuando, podemos dizer que o máximo de errado que você fez foi se aproximar de sua protegida e falar que é um anjo, e assim ofereceu aulas para ensiná-la sobre seus dons e usá-los para o bem. O que não deixa de ser verdade. 

Ponderei suas palavras. Claro que eu poderia dizer isso. Eu em todo momento quis o bem de Olívia, nunca o mal ou se aproveitar dela. Então necessariamente não haveriam motivos para me castigar, se eu contasse a versão resumida de Castiel.

- Mas, e você? Que parte tem em tudo isso? – perguntei.

- Nenhuma, somente me mandaram chamar você e que talvez eu vá ter alguma participação. – ele deu de ombros. Nada nunca abalava Castiel.

- Só poderia ser Ariel mesmo. E o que vamos dizer sobre você? – falei.

- A verdade. Que eu te apenas fui seu amigo. Nunca seu cúmplice em nada. Por que nenhuma regra foi quebrada. – ele disse.

Chegamos ao final do Céu. Na estratosfera. Era distante da Terra, mas ali existia o portal para o Reino do Céu. Era ali a porta onde todos os anjos entravam e saiam. Até mesmo as almas. 

Passamos pelo portal leitoso e esbranquiçado. E automaticamente nos transformamos em apenas espíritos da Luz. Meus olhos examinaram o campo branco a minha frente, e dois arcanjos se aproximaram. Olhei para Castiel ao mesmo tempo em que ele para mim, e ali confirmamos o que iríamos dizer. 

- Castiel, Melahel. Esperamos por você. A corte dos Céus precisa de vocês. – o Arcanjo disse. 

- Estamos atrás de você. – Castiel disse monótono.

Os Arcanjos fecharam o semblante, mas andaram em nossa frente em direção a grande construção de pedra marrom e antiga. Ali ficavam os mais altos Arcanjos, e claro, Deus. 

Tremi ao pensar que um dia eu estaria nessa situação só por que tinha feito uma besteira. Pois, havia sido besteira quase matar aquele garoto de susto, para ajudar minha protegida, porém no fundo eu sabia que faria novamente. Porém, eu iria até o final por minha amada. Isso era simples. Um fato. 

Entramos pelo portão de ferro, e caminhamos por um corredor grande e com várias portas, no final havia um salão extenso onde os criminosos eram julgados. Embora eu não fosse criminoso, mas sentia o peso de estar naquela sala.

No grande salão, era como uma sala de um juiz, havia a parte das testemunhas, onde ficavam os réus e a defesa. Na grande poltrona do juiz, ficava Deus, é claro. Nunca conseguimos O ver de fato, pois Sua aura era tão resplandecente que sua face era um mistério. Mas, todos, sem exceção nenhuma tínhamos um sentimento de amor sem fim. Ele era Nosso Pai.

No lugar das testemunhas estavam muitos anjos que eu conhecia. Deus já estava lá cercado de seus dois Arcanjos fieis, Miguel e Gabriel parececiam dois cães de guarda ao seu lado, e por fim na acusação estavam Ariel e mais um de seus amigos Mikael. 

- Sente-se ali nos bancos dos réus. – os dois Arcanjos empurraram Castiel e eu. Nos sentamos e o silêncio retumbou na sala do Juízo Celestial. 

Todos os anjos olharam para mim com uma acusação em seus olhos. Será que realmente todos achavam que eu era um criminoso? Céus eu apenas estava ajudando uma pobre menina e era isso que eu ganhava? 

Um ódio passou pelo meu peito. Eu odiava estar preso ao Céu. 

- Todos se levantem. O Senhor vai falar. – proclamou Miguel.

Todos nós levantamos. 

- Creio que a maioria esteja ciente de qual acusação nosso irmão está sendo julgado. – Gabriel disse. – Ele está sendo julgado por quebrar duas regras terminantemente estrita no Céu. A de nunca se revelar sua identidade para um humano e jamais alterarem essa vida.

Todos os anjos assentiram e permaneceram quietos. 

- Meu filho Ariel acusa seu irmão desses crimes, o Melahel. – disse a voz majestosa de Deus. – Creio que essa é uma acusação forte, pois seu castigo é a expulsão do Céu para quem é culpado. Você confirma essa acusação, Ariel? 

- Sim, meu Senhor. Melahel inferiu as regras de nosso reino. – disse Ariel olhando para nosso Pai.

- Melahel, essas acusações são verdadeiras? – Deus disse e sua voz ecoou.

- Não exatamente, Senhor. E se o Senhor me deixar explicar, poderá ver que é compreensível o meu erro e não é tão grave como Ariel me acusa. – respondi sério. 

- Isso é mentira, Senhor! Vai, Melahel, diz a verdade agora! – gritou Ariel do outro lado. Me mantive quieto diante de Deus.

- Silêncio! – a voz do Trono principal soou. A voz reverberou por todo o salão e até os pelos de meu braço se arrepiaram. – Quero que fale apenas quem eu chamar. 

Ariel se manteve quieto, mas deu pra ver a raiva refletida em seus olhos. 

- Melahel. – o Trono me chamou. – Você tem a hora de sua explicação. Escolha bem suas palavras. 

Engoli e seco, tentando manter a calma. Era apenas dizer o que havia combinado com Castiel, afinal eu não havia feito nada de mal.

- Bem, com as melhores das intenções por que Olívia é minha protegida, apareci em seu sonho e revelei para ela que eu era um anjo enviado para ajudá-la. Depois apareci novamente, mas apenas espiritualmente e deixei minha voz transparecer para que ela lembrasse de mim, e então considerei dar aulas para ela, pois Olívia sofre muito com algumas coisas e sobre suas visões. Seria esse o conteúdo da aula. Mas, eu nunca iria aparecer de verdade e alterar a vida dela. – falei. Não passou despercebido que eu havia mudado um pouco o rumo da vida de Tyler, mas ele nem fora mencionado no julgamento. 

Deus ficou em silêncio durante alguns minutos com certeza ponderando minhas palavras e então o ponto de luz mais brilhante do Céu se virou para Ariel.

- Você tem alguma prova real de que Melahel cometeu esses crimes? – a voz soou.

Ariel tremeu e hesitou várias vezes antes de responder.

- Não. Porém, se o Senhor mandar investigar Melahel poderá ver que eu digo a verdade. – ele disse e deu um pequeno sorriso cínico para mim. Ainda me mantive quieto. 

- Diante das palavras suas e de Melahel creio que não houve crime nenhum grave. – Deus disse. 

- Mas, Senhor...

- Chega, Ariel. Seu comportamento mostra que você não tem como provar que realmente Melahel fez algo. – Ele disse com a voz dura. E Deus se voltou para mim. – E você, meu filho, não deveria nem ter mostrado sua voz ou aparecido no sonho de sua protegida não importam suas intenções. Não houve realmente um crime, mas isso não ficará impune. – ele disse mais suave. – Você disse que pretendia dar aulas a ela? 

- Sim, Senhor. – minha voz tremeu.

- Pois, então durante duas vezes por semana você terá uma hora para ensinar tudo que deseja para ela. Poderá usar sua aparência de anjo e não somente a voz. Mas, apenas durante essas duas horas na semana. O resto do tempo você ficará obrigado a ficar no Céu e não poderá vê-la. Somente se ela precisar urgentemente. Então ela deverá rezar e chamar você. Se eu permitir você poderá encontrá-la. Mas, é só. – a voz de Deus decidiu e meu coração caiu no chão. 

- Precisarei ser vigiado? – falei.

- Não. Apenas no Céu. Durante suas aulas você poderá ficar tranquilo, mas não pode sair da casa dela. Se sair, saberemos e você será castigado. A corte está encerrada. – Deus se virou e saiu.

O burburinho dos anjos começou. E arrasado levantei de meu lugar. Gabriel se aproximou de mim.

- Suas aulas começam hoje a oito e terminam as nove em ponto. Nenhum minuto a menos ou a mais. Duas vezes durante a semana de sexta e de terça. – Ele disse e então também se foi. 

Castiel ao meu lado apertou meu ombro.

- Eu sinto muito, irmão. Vamos dar um jeito nisso, você verá. – ele falou olhando para mim.

- Que jeito? – falei e minhas esperanças iam para o lixo.

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