Alhana passou a vida sabendo que não era "normal". Que não pertencia a esse mundo. Mas onde era seu lugar? Ela vive uma vida boa ao lado de sua irmã Vanora, mas sempre soube que não seria assim para sempre. Coisas estranhas aconteciam quando ela era criança, pessoas se machucavam quando sentia raiva, então ela aprendeu a se controlar... E a se esconder dentro de si. Uma prisão interna que está prestes a ser aberta. Uma profecia e um portal. Bruxos e fadas. Um Rei. Ela terá que salvar um povo que não conhece, e tentar sair de uma guerra viva.
Ler maisO som de passos no corredor interrompeu o sono conturbado do príncipe em seu leito real. Em um sonho, onde corria por uma densa e morta floresta, ele perseguia alguém… ou ele era o perseguido? Não saberia dizer com a pouca experiência de vida em seus 5 anos de idade, mas não seria a última vez que teria sonhos assim.
ㅡ Nasceu… ㅡ vozes cochichavam em meio às árvores em seu sonho ㅡ Ela nasceu. Nasceu…
Batidas na porta o fizeram pular de susto e abrir os olhos, olhando freneticamente para todos os cantos de seu quarto. O suor escorria de seu rosto e seus lençóis, úmidos, colavam em sua pele pegajosa. Nos últimos meses esses sonhos estavam sendo recorrentes, mas nunca fora tão real como este. O menino podia jurar que sentiu uma mão fria lhe pegando pelos pés.
ㅡ Pequeno Rei? ㅡ a voz da cozinheira real soou do outro lado da porta ㅡ Está acordado?
ㅡ Não sou pequeno e ainda não sou rei! ㅡ respondeu o menino, carrancudo.
A mulher riu e entrou no quarto. Suas bochechas cheias estavam vermelhas devido ao esforço de estar carregando uma bandeja cheia de bolinhos e pães. Não era comum que lhe servissem esse tipo de alimento quando já havia escurecido, o que fez o menino franzir as sobrancelhas e fixar seu olhar sério sobre a cozinheira.
ㅡ Hora do seu lanche da tarde. ㅡ disse ela ao depositar o objeto em cima de uma mesa de carvalho.
ㅡ Mas, oras! ㅡ o menino se espantou ㅡ Já é noite! Como me trazes apenas o lanche da tarde? E por quê nenhuma das preceptoras veio me acordar? Jamais dormi uma tarde inteira desde que iniciei minhas lições!
A criança pula da cama e corre para seu cômodo de vestir.
ㅡ Venha, Kira! Me ajude a encontrar o traje para o jantar! ㅡ o menino grita ㅡ Meu pai não perdoa atrasos, sabes disso.
ㅡ Pequeno… ㅡ Kira o chama com carinho ㅡ Venha, ainda não é hora do jantar. Ainda não é noite.
ㅡ Como não? ㅡ ele para na porta do cômodo, com os braços cruzados ㅡ Como explica então a escuridão através de minha janela?
A cozinheira engole com dificuldade e olha para o chão. Como explicar para uma criança tão pequena o que está acontecendo lá fora? Como poderia explicar que, no meio de um dia ensolarado, uma nuvem escura escondeu o sol e a lua tomou conta do céu?
ㅡ Kira? ㅡ ele chama, com a voz trêmula, e se aproxima ㅡ Por que está tremendo tanto?
ㅡ Eu não sei explicar o que aconteceu, meu príncipe. ㅡ ela olha para a porta no exato momento em que um guarda chega ㅡ Seu pai está a sua espera, ele lhe explicará tudo.
Mas o Rei não explicou.
O menino foi levado por uma enorme quantidade de guardas reais até a entrada do jardim. Nenhum deles ousou responder às suas infinitas perguntas.
Outro grupo de guardas, desta vez com armaduras completas e espadas em punhos, o cercou e o guiou floresta adentro.
ㅡ O que está havendo? ㅡ ele questionava a todo instante ㅡ Onde está meu pai? Para onde estão me levando?
Mas os guardas mantinham seus olhos a frente, sérios e firmes em sua caminhada.
O menino ouviu a voz de seu pai ao longe e correu ao seu encontro. Ao ver o filho ali, o Rei acenou para os guardas, que se espalharam em volta de uma enorme cabana enfeitada com flores coloridas e plantas carnívoras.
ㅡ Boca fechada, ouviu bem, menino? ㅡ o Rei disse ao se abaixar para olhar nos olhos do filho ㅡ Apenas faça o que eu mandar e mantenha a sua boca fechada.
A criança apenas acenou, sentindo o frio na barriga se intensificar pelo medo que sentia do pai. Ao entrarem na cabana o menino percebeu que era muito maior do que aparentava sua fachada, e também percebeu que se tratava de uma casa de Fadas.
Seres altos, de olhos amarelos, acompanhavam seus passos enquanto andava ao lado de seu pai até uma cama em um canto do lugar. O Rei posicionou o menino ao lado de um pequeno berço de balanço, de onde mãozinhas minúsculas tentavam sair de um embrulho de pano. Ao perceber que o bebê começaria a chorar, Alaric resolveu ajudar. Puxou as duas mãozinhas para fora da manta, em completo silêncio.
E então algo estranho aconteceu… o bebê segurou seu dedão com tamanha força que um choque percorreu todo o seu braço, fazendo o menino se assustar e puxar a mão com uma certa brutalidade. Um choro estridente preencheu o ar.
ㅡ O que você fez, seu pirralho? ㅡ o rei puxou o filho pelo braço, com raiva, mas logo foi impedido por uma voz doce que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem.
ㅡ Deixe-o.
O rei largou o príncipe como se estivesse sendo queimado, e o menino encarou o ser pálido de pé a sua frente que acabara de lhe salvar de uma tremenda surra.
ㅡ Por que seu cabelo é branco? ㅡ o menino perguntou encantado.
ㅡ Porque sou uma deusa. ㅡ a mulher lhe sorriu e piscou um olho ㅡ Já ouviu falar de mim?
ㅡ Eu conheço todos os deuses, faz parte das minhas aulas semanais. ㅡ ele sorriu e o choro do bebê aumentou ㅡ Faça ele calar a boca!
ㅡ É ela. ㅡ a suposta deusa disse, se aproximando do berço ㅡ É uma linda menina.
ㅡ Daire, eu imploro! ㅡ uma fada que estava deitada na cama gemeu ㅡ Salve minha filha!
ㅡ Estou aqui para isso, querida. ㅡ ela cantarolou e olhou para o príncipe ㅡ Acredita em Destino, pequeno Rei?
O menino, que odiava ser chamado assim, sentiu seu coração aquecer ao ouvir as palavras da boca da deusa.
ㅡ Eu não sei o que é isso. ㅡ todos ao redor riram, inclusive seu pai ㅡ Mas saberei logo.
ㅡ Não se preocupe. ㅡ a mulher com longos fios prateados se ajoelhou, pegou a mão do príncipe e a pousou sobre o berço ㅡ O Destino é um ser muito sábio que guia nossas vidas. Mas ele também pode ser muito cruel as vezes…
ㅡ Então ele é do mal? ㅡ o príncipe sussurrou, assustado.
ㅡ Depende… ㅡ respondeu a deusa, pensativa ㅡ Mas não se preocupe. Ele planejou que vocês dois estivessem aqui hoje. ㅡ ela apontou do menino para a bebê ㅡ O Destino quer unir suas vidas.
O menino olhou para a pele clara da menininha que agora dormia tranquilamente. Seus fios ruivos ainda eram ralos, mas se podia notar a mesma cor em suas sobrancelhas e cílios.
ㅡ Tem de ser feito logo. ㅡ a voz do rei reverberou por todo o lugar ㅡ Eles logo chegarão.
ㅡ Daire, por favor. ㅡ a fada rogou, de pé ao lado do rei ㅡ Tire-a daqui. Antes que a encontrem, tire-a daqui!
A deusa olhou para as crianças a sua frente, e achou graça da forma que o menino brincava com os pés da bebê, alheio a toda a comoção a sua volta. Alheio a guerra que já se iniciava do lado de fora.
ㅡ Sim, está na hora. Vamos tirar a Filha da Lua de Alroy. ㅡ Daire se levantou e tirou um pergaminho de um lugar invisível em sua roupa ㅡ Preparem o sangue das crianças.
E ali, dentro de uma cabana no meio da floresta, em um dia que se tornou noite, o Destino resolveu unir a vida de duas crianças inocentes. E elas pagariam um preço muito alto por isso, que já começou sendo pago com sangue.
♡ Livro finalizado em 11 de julho de 2020. ♡Olá, para você que leu até aqui!Acho que uma das partes principais de todo livro é a parte em que agradecemos, então vamos lá:Agradeço primeiramente a minha mãe, minha eterna rainha.Obrigada, mãe, por ter sido a melhor mãe do mundo para mim! Eu serei eternamente grata a Deus por ter nascido sua filha!Que saudade, mãe, da sua voz, do seu cheiro, do seu calor... dói cada dia que acordo e não tenho um áudio da senhora perguntando se eu consegui dormir a noite, dói cada vez que pego em um livro e lembro do quanto a senhora brigava comigo por viver lendo, mas se inflava de orgulho para falar para as pessoas que eu vivia com um livro na mão.Que saudade, mãe!Hoje faz 1 ano que beijei seu rosto quente pela última vez, faz 1 ano desde que ouvi sua voz me dando um simples "bom dia, filha".E eu te agradeço, mãe, por ter sido uma mulhe
👑👑👑 17 anos depois 👑👑👑Olho para Alaric recostado tranquilamente em uma árvore com seus braços cruzados e reviro os olhos pela milésima vez.ㅡ Como pode manter a calma dessa forma? ㅡ soo um pouco indignada ㅡ Ela está atrasada, Alaric! Mais uma vez, devo ressaltar.ㅡ Ela tem a quem puxar, meu amor. ㅡ sua resposta vem através de um sorriso ladino que me desarma completamente.Ah, esse sorriso!ㅡ Alaric!ㅡ Meu amor, são só alguns minutos, tenho certeza de que minha irmã não vai se importar com nosso atraso.ㅡ É claro que ela vai se importar! ㅡ esbravejo colocando as mãos na cintura ㅡ Há anos que ela não vem a Alroy, e quando vêm é deixada plantada esperando! Sua irmã agora &eacut
Mãos ágeis trabalham para fazer meus fios rebeldes formarem cachos perfeitos sobre a minha cabeça, mas eles insistem em se desmancharem, atrapalhando o serviço das ajudantes de Winnie.ㅡ Não vão obedecer, já avisei. ㅡ Vanora diz, sentada ao meu lado, com outras mulheres trabalhando em seus pesados cabelos ㅡ Tem certeza que aqui não existe laquê? Ajudaria muito.ㅡ Não existe, Van.. ㅡ repito, pela milésima vez ㅡ Da próxima vez que atravessarem, irei fazer uma lista de itens para você trazer da Irlanda.Vanora apareceu no Palácio apenas duas semanas depois que voltei, ainda de resguardo, ela não aguentou de tanta ansiedade com a possibilidade de conhecer Alroy. Ficou maravilhada com tudo que viu, e foi mimada como a verdadeira Cleópatra por Alaric. Esta é a sua terceira vez aqui. Zephan chora sempre que chega, e chora ainda mais quando vai embora, e Cara é tão paparicada por todos, principalmente por meu noivo, que mal a vejo durante o
Corro pelo corredor desesperada, puxando uma mala de rodinhas em uma mão, e na outra carregando uma bolsa enorme e pesada que insiste em bater contra mim a cada passo que dou.Droga, droga, droga!Viro a esquerda e procuro freneticamente a placa que indica que direção devo seguir, até que vejo Zephan sumir na esquina de um corredor. Sigo correndo em sua direção e uma mulher chama minha atenção, dizendo que é proibido correr em corredores de hospitais.Dane-se, ora essa! Minha sobrinha vai nascer!Derrapo ao virar no corredor e vejo a placa "Sala de pré parto" indicando que cheguei na ala correta. Pergunto no balcão em qual quarto minha irmã se encontra, e uma enfermeira simpática aponta e sorri.A primeira coisa que ouço quando abro a porta &eacu
Entoo o cântico cada vez mais alto, com mais fervor, e um choque me percorre da cabeça aos pés. O vento fica cada vez mais forte, jogando meu cabelo de um lado para o outro com tanta força que sinto arder cada vez que atinge o meu rosto.ㅡ O nënë hyjnore, dëgjo britmën time. Vajza e tij e lyp keqardhjen, për jetën e dashurisë së tij. Mos shkoni, rrini për aq kohë sa është. ㅡ grito com todas as minhas forças, sentindo minha garganta arranhar no processo ㅡ O nënë hyjnore, dëgjo britmën time. Vajza e tij e lyp keqardhjen, për jetën e dashurisë së tij. Mos shkoni, rrini për aq kohë sa është.Então finalmente acontece.Uma luz irradia de mim e se espalha em todas as direções. Minha coluna se curva para trás, tamanha a força do poder,
ㅡ O que você fez? ㅡ Liadam sussurra, em completo choque.ㅡ Não, não, não! ㅡ a voz de Miggs, mesmo fraca, me faz virar bruscamente a cabeça em sua direção.A bruxa está sentada com as duas mãos apoiadas no chão, seu rosto transparece choque e medo, e ela olha diretamente para Liadam. Me viro novamente para olhar meu pai no exato momento em que ele começa a cuspir sangue. Seus olhos estão esbugalhados, seu rosto transmite a dor de ter presenciado a morte cruel de sua amada, mas não me deixo abalar, ele mataria Alaric sem piedade; eu preciso acreditar que Mab já estava morta, que sua alma estava sofrendo todos esses anos presa a um corpo morto.Ela precisava se libertar. Ela me implorou por liberdade.Os braços de Liadam começam a enrugar e posso ver a pele seca grudando em seus ossos. Se
Último capítulo