No dia seguinte, pontualmente às sete horas, Angel tocou a buzina na entrada da fazenda de Taylor. Ele demorou apenas alguns segundos e apareceu na frente dela. Estava terrivelmente bonito. Aquelas calças justas, o cinto com uma fivela enorme e uma camisa branca de mangas compridas arregaçadas até o cotovelo deixavam á mostra o braço forte. Ele estava sem chapéu e o cabelo preto cacheado meio grande caía pela testa e dava certo charme ao rosto dele. E a boca? Era linda. Ele só precisava sorrir um pouco mais. Era muito sério, mas as poucas vezes que ela o vira sorrindo era de parar o coração de qualquer mulher. Meu Deus! Eu vou sair com Taylor Belinari sozinha à noite.
Ela tentou controlar as batidas do coração e esperou ele entrar no carro.
- Você quer ir no seu carro mesmo ou vamos no meu?
Ela sorriu meio tonta com o perfume dele.
- Já estamos aqui, vamos no meu mesmo.
- Seus amigos não vão?
Ela sacudiu a cabeça.
- Não. Eu saí escondido dos meus pais.
Taylor tossiu espantado.
- Você fez o que?!
- Meu pai não deixou, então eu saí escondido.
Ela falou calma enquanto manobrava o carro.
- Pare aí e volte para casa, não quero me meter em confusão.
Ela deu uma gargalhada.
- Está com medo, Taylor? Onde está seu espírito de aventura?
Ele estava surpreso com a coragem daquela garota.
- Você tem mesmo dezoito anos, não é? Não quero problemas com a polícia.
- Sim. Sou maior, não se preocupe.
- Ainda acho que você deveria voltar para sua casa.
Ela brecou o carro de vez.
- Se quiser pode sair, eu vou sozinha.
Taylor não sabia o que era pior. Ir com aquela garota maluca ou deixá-la sozinha numa festa. Ela com certeza aprontaria alguma loucura.
- Não, eu prefiro ir com você.
- Então vamos lá, quero me divertir muito essa noite.
***
Angel estava feliz e eufórica. Estava dançando como homem mais lindo daquelas redondezas e ele a tinha beijado na boca ali no meio da pista de dança. As outras garotas olhavam com inveja e ela se sentiu linda e desejada.
Ela tomou o cuidado de não beber além da conta, não queria estragar aquela noite ficando bêbada novamente.
Taylor era atencioso e não a deixou sozinha em nenhum momento, apesar de parecer um pouco preocupado. Talvez ele tivesse com algum problema, mas ela ainda não tinha intimidade suficiente para perguntar o que o preocupava tanto. Melhor era aproveitar a companhia dele e fazê-lo se divertir um pouco. Talvez o ajudasse a esquecer o que o afligia.
Já passava da meia noite quando Taylor pegou-a pela mão e puxou-a em direção à saída do bar.
- Agora devemos ir embora, já é um pouco tarde.
Angel não discutiu e estavam quase na porta de saída quando uma moça o chamou.
- Taylor?
Ele virou e pareceu meio sem jeito diante da moça loira
- Oi Caroline.
- Você sumiu, ficou de me ligar.
- Eu... tenho andado um pouco ocupado.
A loira olhou para Angel de alto a baixo e ela sustentou o olhar.
- Sua namorada? Ela se dirigiu a Taylor.
- Não...
- Sim, eu sou a namorada dele, por quê? - Angel respondeu.
A loira fez uma cara de deboche.
- Parece que ele não sabe que é seu namorado, querida.
Taylor resolveu acabar com aquela discussão sem sentido.
- Não é da conta de nenhuma de vocês duas com quem eu namoro ou deixo de namorar, vamos embora, Angel!
Angel se recusou a entrar no carro e olhou para ele de cara amarrada.
- Se você tem namorada, por que me convidou para sair?
Taylor estava a ponto de explodir.
- Eu não tenho namorada, e eu convido quem eu quiser para sair.
- Mas você me beijou ontem e hoje também, isso não é namorar?
Taylor respirou fundo tentando se acalmar e falou lentamente.
- Angel, me dê as chaves e entre nesse carro, por favor.
Ela obedeceu e bateu a porta com força.
Ele olhou demoradamente para ela e então deu uma risada meio forçada.
- Garota, você é muito nervosinha, as coisas não são como você quer não. Precisa baixar um pouco esse nariz!
Ela continuava calada.
- Não gostei da cara daquela Caroline!
Taylor ligou o carro.
- Ela também parece que não foi muito com sua cara.
- Vocês tem alguma coisa?
Ele demorou para responder, parecia concentrado na estrada.
- Não. Talvez pudéssemos ter, mas agora...acho que não.
Angel não perguntou o que ele queria dizer com talvez agora não. Agora que estava com ela? Resolveu ficar calada.
Ele dirigiu em silêncio e meia hora depois parou em frente ao portão da casa dele e desceu.
- Espera que eu vou pegar meu carro e acompanho você até sua casa, é um pouco tarde pra você ir sozinha.
Angel sentiu-se protegida ao vê-lo dirigir atrás dela até chegar em casa. Ela estacionou o carro, desceu e foi até ele debruçando-se na janela do carro.
- Obrigada, eu gostei muito de sair com você.
Taylor levantou a mão e tocou o rosto dela afastando o cabelo que caía na testa.
- Eu também gostei, me fala se teve algum problema com seus pais.
Ela sorriu.
- Ele vai dar um gritos, mas eu sei contornar meu pai. Ele só tem cara de mau, mas comigo ele sempre se acalma.
Ela percebeu que a mão de Taylor tremeu um pouco e ela então segurou a mão dele preocupada.
- Você está bem? Pareceu meio triste o tempo todo.
Ele desviou o olhar.
- Está tudo bem, pode ir.
Ela acariciou o rosto dele timidamente.
- Obrigada por me acompanhar até aqui.
Angel percebeu que o olhar dele realmente estava triste, mas não quis insistir no assunto.
- Tchau.
Taylor manobrou o carro e deu um soco no volante. Precisava se acalmar. As coisas não estavam saindo como ele planejara. Aquela garota era muito perspicaz, sacava as coisas com rapidez e ele precisava ter muito cuidado ao lidar com ela. Ela era inocente e madura ao mesmo tempo e não seria fácil esconder seus sentimentos.
Ele tentava não pensar que estava envolvendo uma pessoa inocente em seu plano de vingança. Mas naquele momento ela era o único meio que ele tinha de atingir Robert Murat e ele faria isso custasse o que custasse, mesmo que tivesse de fechar o coração e a mente para a voz que dizia que ele estava enveredando por um caminho muito perigoso.
***
Angel entrou em casa silenciosamente, porém, ao pisar na sala a luz foi acesa e seu pai estava em pé na porta com os braços cruzados.
- Pai!
- Bom dia, Angel, será que é um pouco cedo, ou é muito tarde para você está chegando em casa?
Ela respirou fundo e sentou no sofá.
- Está bem, pode começar o sermão.
- Quem trouxe você para casa, porque já vi que não era o carro do Benício.
- Um amigo...
- Que amigo, Angel? Eu conheço todos os seus amigos.
Ela levantou e foi em direção ao quarto seguida pelo pai.
- Um amigo novo meu, pai, o senhor não conhece.
- Não fiquei acordado até essa hora pra você mentir pra mim, Angel, quem era o rapaz?
Ela jogou a bolsa sobre a cama.
- O nome dele é Taylor.
Se Angel tivesse olhado para o rosto do pai naquele momento teria visto a expressão de choque que ele demonstrava.
- Você... não quer dizer que é Taylor que mora na fazenda Boa Esperança, não é?
- Ele mesmo.
Roberto se aproximou da filha e segurou forte em seu braço.
- Prometa que não vai ver esse rapaz de novo, Angel!
Ela se assustou com a voz autoritária do pai e estranhou a forma como ele a segurou pelo braço.
- Pai? O que está acontecendo? Por que não posso me encontrar com ele?
Robert soltou o braço da filha e se afastou passando a mão pela cabeça preocupado.
- Filha, não temos um bom relacionamento com a família dele, por isso não quero que vocês sejam amigos.
Ela se aproximou do pai.
- Desde quando você me proíbe de ter amigos? Você nunca se importou com isso. A mamãe também não gosta muito da mãe da Karen e nós somos amigas e ninguém diz nada.
- Angel, isso é diferente!
- Diferente por quê? Eu gostei do Taylor, por que não posso ser amiga dele?
Robert estava visivelmente alterado.
- Porque não pode, Angel, e essa história está encerrada!
Ele saiu batendo a porta com força e Angel deixou-se cair sobre a cama chorando. Não era justo seu pai estragar o início do seu namoro. Taylor não era um bandido, era uma pessoa conhecida, morava ali vizinho e todos sabiam quem era ele. Por que não podiam ter um relacionamento? Ela não tinha nada a ver com os problemas que eles tinham com a família dele. Ninguém nunca tinha contado que tinha rixas com a família vizinha e agora ele vinha com aquele ideia.
Que droga! Logo agora que ele parece interessado em mim.
Ela assoou o nariz e puxou a coberta sobre a cabeça. Tinha que haver um jeito de convencer os pais a permitirem que eles namorassem.