Quando se fala em Laerte Valença me imaginam como um verdadeiro xerife, um homem extremamente frio e mandão, até sou assim, não sou de transparecer as minhas fragilidades e emoções para ninguém, mas sou um homem compreensível e de bom coração por baixo de toda essa carcaça de roupa de cowboy e caipira xucro.
Sempre gostei do campo, adoro sentir o ar puro da natureza, após me formar engenheiro-agrônomo, aprendi a trabalhar e a conduzir os negócios da minha família, pois fiquei órfão de pais muito cedo e sempre fui sozinho, já que meu irmão decidiu morar na capital. Então tive que aprender a me virar. Adoro a minha solidão, mas às vezes sinto um vazio profundo no meu coração, minha tia disse ser falta de um amor, uma mulher de verdade para entrar no meu coração e apesar de ser muito cobiçado pelas mulheres desse lugar, nenhuma me desperta o sentimento de querer estar perto, de conhecer. Mas estou bem só, cuidando dos animais e organizando os meus rodeios, estou preparando a minha viagem para a capital do Texas, o meu irmão Célio pediu o meu comparecimento numa importante reunião e um evento de comemoração dos 25 anos da nossa empresa SOL indústrias. Estou no meu quarto, quando tia Lurdes b**e à porta. — Pode entrar, tia. — Vim me despedir de você Laerte, já está quase na hora da sua partida, filho e não se esqueça de dizer que estou mandando um abraço para Célio. — Pode deixar e saiba que você é muito importante para nós. Lhe dei um abraço e em seguida desci com a mala, segui para a minha viagem e quando chego na capital, minha vontade é de voltar para trás. O motorista do Célio acena para mim, a diferença aqui é grande, as pessoas não vivem elas correm, não sabem sequer apreciar a natureza. Entro no carro, no banco de trás, e me deparo com um jornal com uma foto de uma mulher vestida de noiva, que me chamou muito atenção, já que ela é linda. A manchete fala que um playboy abandonou a noiva no altar, e por incrível que pareça, o moleque é filho do Maximiliano um dos maiores bilionários desse país, e ainda está exposta à vida pessoal da noiva, que é uma linda mulher, com jeito de garota, tento imaginar o que ela sente nesse. — Senhor Laerte, perdão por deixar esse jornal no banco de trás. — Não precisa se preocupar, estou vendo que a mais alta sociedade está movimentando os sites de fofoca, quem é essa moça que foi abandonada? — Vanessa, é filha do Escobar, um grande e ex empresário que é amigo do senhor Célio e acho que do senhor também. — Como assim ex empresário? Ele é um grande amigo nosso, não estou sabendo que ele abandou a vida de empresário. No caminho ele me conta o que está acontecendo, segundo ele, está tudo escrito naquele jornal e os meus olhos fixam novamente na foto da tal Vanessa raramente algo me chama muito a atenção como ela me chamou, muito tempo se passou e não sabia que ele tem uma filha e o mesmo está vendendo as suas empresas. O motorista me avisa dizendo que chegamos e sou recebido por Célio que me abraça. — Irmão seja bem-vindo, já vejo que vem lendo as notícias de fofoca, o fazendeiro está diferente. — Não sabia que Escobar tinha falido e nem da existência de sua filha. — Ah, Vanessa, ela só era conhecida por namorar o patife do Leonardo que abandonou no dia do casamento e o sinal ficou vermelho, o Escobar perdeu muito dinheiro em investimentos errados e jogos, mas não entendo a sua preocupação. — Estou surpreso somente, sabe que odeio vir para cá, a foto do sofrimento da noiva me chamou atenção e comecei a ler. — Chamou atenção entendi, Escobar nos ofereceu as suas empresas, não posso fazer um negócio sem sua autorização. — Estou cansado Célio, depois conversamos sobre isso. A governanta me leva até o meu quarto, e ao entrar me sento na poltrona. olho a foto do jornal, Vanessa vestida de noiva, rasgo a página que esta aquela foto e deixo sobre o criado mudo, após o banho tomado, desci até a cozinha para fazer um lanche e todos os olhares das empregadas se voltam para mim, sem entender o que eu fazia ali no meio deles, tento falar um pouco da minha rotina simples na fazenda para eles e todos ficam felizes por eu tomar café com eles, percebi que Célio está no escritório, bato na porta. — Pensei estar descansando. – Ele fala. — Pode comprar as empresas do Escobar e tudo o que estiver à venda dele, pelo que vejo eles estão precisando muito. — Farei isso, a sua mansão está à venda também, ele nos convidou para irmos até a sua casa e negociar tudo. — Por mim tudo bem. Descansei bastante e no dia seguinte pude avaliar todos os relatórios das nossas empresas, e graças a um trabalho árduo estamos crescendo mais e mais. Pela tarde, enquanto me arrumava para ir à reunião com Escobar para agilizar a compra de todos os seus empreendimentos, Célio diz que não poderá ir comigo, mas o motorista me acompanha e quando chegamos Escobar corre para me abraçar. — Quanto tempo Laerte, que homem você se tornou, seu pai deve estar feliz por deixar dois grandes homens a frente das suas indústrias. — Quanto tempo mesmo, vim aqui para fecharmos a compra das suas empresas, só quero voltar quando tudo tiver certo. Você irá vender ainda? Quando ele ia abrir a boca, a sua filha Vanessa desce ligeiramente das escadas gritando, pedindo para que o seu pai não faça essa loucura, meus olhos vão ao encontro dela, ela é mais bonita pessoalmente. — Pai, não cometa essa loucura de vender a nossa herança, há de haver alguma solução. Ela parece completamente descontrolada e fora de si… — Não há uma solução filha, até essa casa irei vender, preciso pagar o que devo e o que sobrar ir morar num lugar pequeno. — Saia da minha casa agora, você não irá comprar nada, saia daqui seu impostor. Ela fala vindo na minha direção me empurrando, a seguro nos braços, olhando nos seus olhos para tentar contê-la. — Olha aqui, garota baixe a sua bola, você não sabe com quem está falando e mexendo, se estou aqui foi porque fui convidado, estou fazendo um favor ao seu pai comprando o que ainda lhe restou e por um preço até maior do que elas valem, agora tenta se controlar e fecha a boca e volta para a sua vida normal não tenho culpa das suas frustrações. Escobar e a sua esposa nos olham assustado, eles tentam acalmar Vanessa que começa a chorar, e sai da nossa presença, fico arrependido de ter dito essas palavras, não consegui me controlar, perdi totalmente a minha paciência. — Desculpa por essa cena agora, se você não quiser vender as empresas irei entender, só vim porque Célio disse que você nos ofereceu e quero fechar esse negócio e ir embora o mais rápido possível. — Vamos fechar o negócio, Laerte, quero te pedir um favor de amigo. — O que quer? — Pedir se pode levar Vanessa para o campo, ela está passando por um momento difícil, foi abandonada pelo noivo, ela nunca agiu com ninguém assim como agora se ela permanecer aqui tenho medo dela se matar. — Escobar você só pode estar brincando comigo, olha como ela agiu comigo, acha mesmo que ela irá acompanhar um homem estranho, a força não a levarei, estou indo embora amanhã as portas da minha fazenda estarão abertas caso um dia ela queira ir. Ele me leva até o seu escritório para darmos início a nossa negociação, fiquei um pouco desconcertado com o pedido dele para levar Vanessa comigo para a fazenda, ela jamais irá aceitar descontrolada como está.