Cap. 149 Arrependimentos de Janete.O mesmo café isolado, a mesma mesa de canto banhada por uma luz suave. E lá estava ela, uma visão de sofisticação fria e calculada. Impecável, como sempre. Um vestido de corte simples, mas de tecido caro, acentuando a cintura fina e insinuando curvas sem jamais vulgarizá-las. O decote discreto apenas atiçava a imaginação, uma armadura de elegância impenetrável.Seus olhos encontraram os meus enquanto me aproximava, cada passo meu sendo minuciosamente avaliado por aquele olhar gélido, disfarçado sob uma máscara de superioridade. Era como se eu fosse um espécime sob sua lente de aumento, cada detalhe sendo registrado e julgado.Entreguei o pacote sem qualquer preâmbulo, o papel de presente amassado em minhas mãos. Ela zombou, um som seco e breve, quando mencionei o cartão de crédito que Andrews me havia dado na noite anterior. Era como se a mera menção do nome dele fosse uma ofensa ao seu refinamento.E então, aquele sorriso. Lento, calculado, enquant
Cap. 150: Um homem mais perigoso do que imagina.Janete permaneceu em silêncio por alguns segundos após a partida de Aurora. O café ao redor parecia distante, como se sua mente estivesse mergulhada em uma névoa espessa. As palavras da outra mulher ainda ecoavam em sua cabeça, cada uma mais afiada que a anterior.— Você sabia que ele foi parar na cadeira de rodas porque o seu amante tentou matá-lo?Uma lágrima solitária escapou antes que ela pudesse impedi-la. Levantou-se abruptamente, os passos vacilantes, e seguiu em direção ao banheiro, querendo apenas se recompor, respirar, fingir que ainda tinha controle sobre alguma coisa.Mas não teve tempo.Antes que pudesse alcançar a porta do corredor lateral, foi puxada com violência. Um baque surdo soou quando suas costas bateram contra a parede. Ela arfou, o ar sumindo dos pulmões, e em seguida sentiu uma mão apertando seu pescoço. A visão embaçou. O mundo girou por um instante.Quando seus olhos finalmente se ajustaram, encontrou o olhar
Cap. 151 Meu jeito de resolver problemas.Andrews congelou. Seu corpo inteiro ficou rígido, e lentamente ele ergueu os olhos para o retrovisor. Aurora o encarava com um sorriso discreto, mas, ao mesmo tempo um pouco de apreensão.— Aurora... — murmurou ele, atordoado como se seus olhos perguntassem o que ela fazia ali.Ela encostou o queixo no encosto do banco e o observou como se estivesse olhando para uma versão dele que já conhecia.— Eu estava esperando que você aparecesse.— Por isso ficou?— Eu só queria saber... — disse ela, com a voz calma. — Se você realmente odiava a Janete como dizia. Agora eu tenho certeza.Ele se virou um pouco, com os olhos arregalados.— Você... você ouviu a nossa conversa?— Não — respondeu. — Assim que sai da cafeteria, senti que devia voltar e encontrei você entrando e seguindo Janete, quando vi a cena, pensei em interferir naquele momento em que você a encurralou, mas você estava bem controlado.— Não faço as coisas sem pensar, não sou tão impulsivo
Cap. 152 Onde Mais, Andrews?Ele virou o rosto devagar para ela, e um sorriso torto surgiu nos lábios dele. Levantou a mão e pousou suavemente no topo da cabeça dela, como se ela fosse uma coisa preciosa que ele ainda não sabia como lidar.— Só quando se trata de você — murmurou. — Não queira saber como eu resolvo com as outras pessoas.Ela arqueou uma sobrancelha, mas não respondeu. Apenas soltou um suspiro e se moveu, apoiando as pernas sobre o colo dele enquanto se inclinava para frente, ajudando-o a abotoar a camisa ainda meio desalinhada. Andrews observava cada movimento com um sorriso divertido, tentando arrumar os fios rebeldes do cabelo dela.Logo, no entanto, as mãos dele deslizaram de volta para as coxas dela, acariciando a pele com delicadeza. A textura macia aveludada parecia ter ficado impressa na memória de seus dedos.— Pode me deixar na universidade? — ela perguntou, com a voz um pouco mais baixa.Minutos depois, o carro estacionava discretamente em frente à entrada pr
Capítulo 1: Um casamento tramado.Implacável, Difícil de lidar, Impossível de agradar. E... cadeirante.— Essa era a descrição completa de seu noivo, Andrews Westwood. O homem que dominava a cidade com um poder absoluto e inquestionável. Aurora passou a mão pelo rosto, enxugando os vestígios das lágrimas que ainda não haviam secado. Não podia parecer fraca. Não agora. Ela era resiliente, moldada pelas adversidades que a vida lhe impôs—e, mais ainda, pelos dias de humilhação na mansão que agora ficava para trás. Mas as humilhações nunca a abalaram de verdade. Seu foco sempre foi sobreviver, encontrar um caminho para a estabilidade que tanto precisava, especialmente com as responsabilidades que carregava nos ombros. Mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar, ela se forçava a ser forte. E, por trás da fachada inabalável, suas escolhas pesavam como correntes invisíveis que não podia quebrar. Agora, estava a caminho de um casamento que nunca escolheu. E, mesmo que o medo
Cap:2: Casamento com uma estranha.A noiva que se aproximava tinha traços semelhantes, mas era visivelmente mais jovem. O vestido caía perfeitamente em seu corpo esguio, e mesmo com o véu cobrindo parte de seu rosto, Andrews conseguia notar sua expressão hesitante, como se ela estivesse pisando em um território perigoso.O coração de Andrews não acelerou, ele não se perturbou tão facilmente. Mas o que sentiu naquele momento não foi surpresa… foi ódio, cerrou os punhos mantendo a expressão calma, mas ele estava sob a pior hipótese.Ele havia sido enganado.Sua verdadeira, a mulher que deveria estar ali, desapareceu e o entregou a uma substituta. E ele? Ele estava prestes a assinar um casamento com uma completa estranha, diante de toda a sociedade.Mas Andrews Westwood jamais seria visto como um homem humilhado e enganado.Seu rosto permaneceu impassível. Nenhuma emoção transpareceu enquanto a noiva parava ao seu lado. O véu foi retirado, revelando um rosto que ele nunca tinha visto de
Capítulo 3– O Confronto Inicial.O caminho até a mansão foi silencioso. Aurora observava asluzes da cidade passarem pela janela, mas seu olhar estava perdido. O medocrescia dentro dela conforme o carro se afastava da vida que conhecia. Sem suaamiga governanta ao lado, sentia-se completamente sozinha. Se perguntando o quea esperava naquela casa que seria sua próxima moradia ao lado de um homem queclaramente a odiava a primeira vista.No banco da frente, o assistente de Andrews quebrou o silêncio.— Tem certeza de que deseja levá-la para casa esta noite, senhor?O coração de Aurora se contraiu. Mesmo sem encará-los, podia sentir a tensão no ar.— O que esperava? Que eu a deixasse em um hotel? — A voz de Andrews era fria, impiedosa. — Ela é minha esposa agora. Além disso, se eu facilitasse, ela fugiria, e eu perderia qualquer rastro dessa mulher.Aurora apertou os dedos contra o tecido do vestido. Ele falava dela como se fosse um objeto, um problema a ser resolvido.— Mas não era el
Cap. 4: A cadeira não tem serventia.Sentado na cadeira de rodas, vestido com um pijama impecável de seda escura, Andrews a esperava. parece que até mesmo planejou onde se posicionaria apenas para a encurralar, bem em frente à porta do banheiro, como se já soubesse exatamente o que iria acontecer.Os olhos dele desceram lentamente pelo corpo dela, analisando-a sem pudor, e um sorriso enviesado surgiu em seus lábios.— Parece que estou atrapalhando um momento de celebração. — ele perguntou com ironia.Aurora sentiu o rosto queimar.— O que… o que você está fazendo aqui? — ela perguntou tentando cobrir o corpo.Andrews inclinou levemente a cabeça, seu olhar afiado prendendo o dela.— Onde mais eu deveria estar? Esse é o meu quarto. E, aparentemente, o seu também, ela não tinha analisado nada que estava ali e nem olhado dentro do closet.— Achei que… que você teria preparado outro quarto para mim. — ela balbuciou e ele riu.— Achei que já tivéssemos estabelecido que eu não sou um homem t