O rosto de Anna surge em minha mente, inesperado e inoportuno.
Raul
Chego em casa mais tarde do que pretendia. O jantar com Dara foi silencioso e desconfortável. Ela estava cansada, o peso do tratamento deixando-a mais pálida e frágil do que nunca. Seus olhos, que antes brilhavam com intensidade, agora pareciam carregar uma sombra permanente. Dessa vez eu fiquei focado nela, mantendo a conversa leve para ela se sentir feliz, mas não teve jeito, ela estava muito apática.
Ao abrir a porta da mansão, o silêncio habitual me recebe. Só o som abafado dos meus passos no piso de mármore ecoa pelo espaço amplo. A casa, mesmo grandiosa, parece pequena diante do vazio que a preenche. Subo as escadas com passos lentos, como se cada degrau aumentasse o peso nos meus ombros.
Paro diante da porta entreaberta do quarto de Rafael. Um cheiro ácido de álcool e cigarro escapa pelo corredor. Meu maxilar se contrai. Entro sem bater e o vejo jogado na cama, completamente à deriva. Garrafas vazias estão espalhadas pelo chão, e sua camisa está amassada, colada ao corpo s