Eu saio da sala sem olhar para trás. Porque, se olhar, eu desabo. Porque, se ele me chamar... eu fico.
Anna
Passamos um tempo agradável na sala. Santiago assistia a desenhos animados, sentado no tapete com os olhos atentos e um pedaço de bolo nas mãos. Meu pai conversava com Rafael, lembrando histórias antigas, rindo baixo, parecendo até mais disposto do que o normal.
A presença de Rafael, confesso, mexe comigo. Mas também me deixa em constante alerta. A maneira como ele olha para mim, como se quisesse atravessar minhas barreiras, me faz sentir dividida entre o desejo e a cautela. Principalmente agora, depois de saber que ele tem um filho. Uma criança que olha para ele com a confiança mais pura do mundo — e que, de alguma forma, também está envolvida nessa equação.
Mas o tempo passa, e o sol começa a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado. Rafael recolhe a mochila de Santiago e chama o menino, que, relutante, obedece.
— Vamos, campeão. A Teodora já deve estar esperando você em casa.
—Teodora? —questiono.
—A governanta, tem sido uma mãe para ele. E foi para mim e meu irmão também q