Eu andava pelos corredores do hospital sentindo o chão escorregar sob meus pés.
A imagem de Fernanda com aquele sorriso arrogante e a mão no ventre — um gesto que me tirou todo o fôlego — parecia se repetir como um eco em minha mente.
Cada palavra que ela lançou naquela conversa, cada insinuação, parecia um veneno que se infiltrava e corroía cada parte de mim.
Assim que Isaías se aproximou, senti o olhar dele em mim, tentando entender o que estava acontecendo, mas eu não conseguia mais disfarçar.
Meus olhos o encararam com um misto de tristeza e desespero.
Não havia mais como ignorar o que estava me corroendo.
— Alby… — ele começou, hesitante, mas eu o interrompi antes que pudesse dizer qualquer outra coisa.
— Ela realmente está grávida, Isaías? E você… você é o pai?
— As palavras saíram de um jeito mais trêmulo e quebrado do que eu planejava.
Era a minha dor, escancarada, sem defesas.
Isaías suspirou, o olhar mergulhado em uma espécie de angústia que eu nunca tinha visto nele.