Capítulo 3

( Renata Pellegrini)

Quem diria, eu realmente estou pisando na sede da empresa Computing Diamond. Atualmente ocupando o quinto lugar no ranking das empresas mais lucrativas do mundo. E o seu dono, ocupando o primeiro lugar no ranking do homem mais rico do mundo, tendo uma fortuna com mais de US$359 bilhões.

Suspeito, como a empresa dele fica em quinto e ele em primeiro? Bem, ele deve ter investimentos em outros ramos além da própria empresa.

Isso não é da minha conta, já vi tantas propagandas dos computadores e seus sistemas operacionais criados aqui dentro, os celulares smartphones e as smart tv vendidas com os sistemas da Computing Diamond são umas das mais caras no mercado, meu sonho de consumo era ter um notebook da linha Diamond (tanto sua estrutura física, quanto todos os circuitos foram criados e produzidos nessa própria empresa). Quem sabe, como agora eu trabalho aqui, talvez eu tenha algum desconto na hora de comprar.

A minha profissão é analista de sistemas, estudei por longos quatros anos, mas não adiantou de nada, aqui estou eu, como uma faxineira. Ao menos estou trabalhando em uma das maiores empresas do mundo, o salário com certeza deve ser bom. No final do dia, vou procurar Verônica para acertar as pendências e assinatura da minha carteira de trabalho.

— Bom dia, poderia me dizer onde fica a sala do senhor Valentini? — pergunto a uma moça.

Ela está vestida com uma saia lápis, uma camisa social branca e o cabelo está preso em um coque alto. Muito bonita, diferente de Verônica, ela não me olha de cima.

— Bom dia, é nova aqui? — pergunta simpática, gostei dela.

— Sim, fui contratada faz alguns minutos.

— Entendo, me chamo Sophie, sou a assistente do senhor Lucas Parmanel, qual seu nome?

Lucas Parmanel, eu pesquisei sobre ele na internet, ele é o vice-presidente dessa empresa, nos sites de fofoca falam que ele é um mulherengo, mas mesmo sendo um galinha de primeira categoria, sua inteligência fica abaixo apenas do CEO ou seja. A ideia bruta dos notebook da linha Diamond foram pensadas por Lucas, Filippo as melhorou e as colocou em prática.

— Renata Pellegrini, muito prazer em conhecê-la — apertamos as mãos. Pelo menos uma pessoa nessa empresa é gentil.

— Bem vinda a família Diamond, aquela porta no fim do corredor é a do senhor Valentini, ali, a chave extra da porta está embaixo do tapetinho — ela me orienta e mentalmente eu agradeço a Deus por colocá-la em meu caminho.

— Muito obrigada — agradeço e caminho até a porta.

Que porta grande, vidro espelhado, tudo muito chique.

Que droga!

Eu não sou uma pessoa invejosa, mas eu queria estar vestida que nem aquela moça, eu estudei para ir trabalhar com aquele tipo de roupa, mas olha só como eu estou. Usando um uniforme de faxineira, limpando e espanando, estudei tanto… Deixei tudo para trás, será que no Brasil eu conseguiria um emprego melhor?

Entro na sala, ela cheira a dinheiro, as paredes de cor creme são bem iluminadas, em cima da mesa grande retangular estão vários papéis, um computador da linha Diamond SX, atrás da mesa uma cadeira grande toda acolchoada. Certeza que só essa sala vale mais que a minha vida. Observo a estante cheia de troféus e garrafas de whiskey de diversas tipos, também tem vários porta retratos com fotos enormes, pego um deles na mão e analiso atentamente o meu chefe, aqui ele está ainda mais bonito do que nas revistas e sites de fofoca, as sobrancelhas cheias e escuras franzidas davam a ele um ar de cara mau.

Coloco o porta retrato no lugar e começo logo o meu serviço, observo uma outra estante, nela tem vários tipos de armas, imagino que sejam de plástico, nunca vi esses modelos. Que tipo de chefe coleciona armas na empresa em que trabalha?

Pego o espanador e começo a retirar a poeira, tomo muito cuidado para não tirar nada do lugar. Depois organizo a mesa e cato as bolinhas de papel do chão. Resolvo abrir uma dessas bolinhas, isso é um projeto de arma? Desenhos minuciosos de cada parte, foi o senhor Valentini que desenhou?

“Que coisa feia, olhando as coisas do chefe, não foi isso que sua mãe te ensinou!” — minha consciência me repreende, amasso o papel novamente e jogo na sexta do lixo.

A sala não estava tão suja quanto eu pensava, usei o aspirador no sofá de dois lugares ao lado da porta e no chão, por fim só resta uma manchinha vermelha no topete. Pego o pano úmido e fico sobre os joelhos, começo a esfregar com força a mancha, mas ela é persistente demais. "Você não vai conseguir me ganhar, mancha idiota!" — falo em pensamentos, me curvo ainda mais e coloco ainda mais força na esfregação.

— Quem é você? — uma voz masculina extremamente grave fala atrás de mim.

Meu coração parece que vai sair por minha boca, que dia Senhor, que dia… Por que eu tenho que ser tão azarada?

Me viro, o senhor Filippo está me olhando com o cenho franzido, e assim como na foto, ele tem o ar de homem malvado, todos os meus alertas de perigo disparam dentro de minha cabeça, meu sangue gela, não consigo desviar meus olhos do olhar dele, profundo. Será que ele consegue ver a minha alma?

— Vai ficar ai no chão, ragazza?

— N-não senhor — me levanto e ajeito meu jaleco na tentativa de ficar o mais apresentável possível.

De repente essa sala parece ter ficado tão pequena.

— Quem te deu permissão de entrar na minha sala?

Por que eu me sinto tão intimidada? O que é isso que exala desse homem? Melhor, o que aconteceu com minha voz?

Sinto como se estivesse sendo pega fazendo coisa errada, e ele fosse me castigar. Meus dedos formigam.

— Senhor… Limpar… Mancha… Desculpa, eu… Arma — caramba, estou tão nervosa que minha voz sai tremula e minha frase sai toda desconexa.

— Seja clara, porra! Acha que tá falando com quem!? — grita e se aproxima de mim, dou passos para trás. Sinto que esse homem pode me matar!

Meu corpo todo treme, estou com medo, o dia de hoje deveria ser um dia de alegria, mas só está vindo provação atrás de provação. Quando isso vai acabar?

— Senhor Valentini… — Verônica entra na sala com um grande sorriso no rosto, tirando a atenção do Filippo de mim.

Ao me ver, seu sorriso morre e ela me dirige um olhar mortal, meu Deus, vou ser demitida… Minha carteira nem foi assinada… Só trabalhei por uns dez minutos e já pus tudo a perder...

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