O envelope com as fotos permanecia sobre a mesa como uma bomba prestes a explodir. Isadora havia passado a noite inteira acordada, analisando cada imagem, cada conexão, cada detalhe. A chantagem de Helena era mais complexa do que imaginava. Ela não queria apenas separá-los — queria destruir tudo o que construíram.Mas Isadora não era mais a mulher frágil do início. Estava disposta a ir até o fim.Ao amanhecer, mandou uma mensagem para Dominic: “Preciso que confie em mim. Tenho um plano. Me encontre na cobertura às 9h.”Enquanto o sol nascia sobre a cidade, Isadora se preparava para o que viria. Tinha consciência de que enfrentaria uma mulher poderosa, influente e disposta a tudo. Mas Helena havia cometido um erro: subestimou Isadora.⸻Dominic chegou no horário marcado. Trazia no olhar a mesma mistura de tensão e proteção que sempre o envolvia quando se tratava dela.— O que está acontecendo? Você parecia assustada na mensagem — disse, sentando-se ao lado dela no sofá.Isadora respiro
O silêncio que dominou a cobertura após a revelação era sufocante. Isadora permanecia sentada no sofá, com o papel amassado entre os dedos, enquanto o som da porta batendo ecoava em sua mente como uma sentença. Dominic havia saído sem dizer uma palavra — e isso doía mais do que qualquer grito.Ela releu o documento mais uma vez. O nome Alcântara estampado abaixo do de sua mãe biológica fazia seu estômago revirar. Era como se toda sua história tivesse sido reescrita em uma única folha. E agora, além de lidar com a ameaça de Helena, com os segredos da empresa e os jogos de poder, precisava enfrentar a possibilidade de ser, de alguma forma, irmã de Dominic.“Isso não pode ser real”, sussurrou para si mesma, sentindo as lágrimas deslizarem pelo rosto. “Tem que haver alguma explicação.”⸻Dominic, por outro lado, vagava pelas ruas como um fantasma. A cidade ao redor parecia girar em um ritmo diferente, como se o mundo tivesse seguido em frente e ele estivesse preso naquele momento. As pala
O dia amanheceu pesado. O céu cinzento parecia anunciar o que estava por vir. Dominic e Isadora tomaram café em silêncio, os olhares trocados mais por cumplicidade do que por palavras. Eles sabiam que o que enfrentariam agora não seria apenas uma guerra familiar — mas uma guerra de reputações, de poder e de sobrevivência.O e-mail anônimo com as fotos e o dossiê havia sido apenas o início. No fim da manhã, o nome de Isadora começou a aparecer em fóruns corporativos e sites de fofoca, com manchetes insinuando incesto, escândalos familiares e manipulação corporativa.“Filho do CEO vive romance proibido com prima desconhecida: conheça o drama por trás da nova diretora da Alcântara Group.”A manchete era cruel, acompanhada das imagens vazadas e de teorias maldosas.— Isso vai escalar rápido — Dominic disse, com o olhar fixo no tablet. — Precisamos agir antes que acionistas comecem a pedir esclarecimentos públicos.Isadora assentiu, o rosto tenso.— A reputação da empresa está em jogo. Mas
O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos.Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Foi então que o sentiu.O olhar intenso queimando sobre sua pele.Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele.Do outro lado do salão, um home
O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad
Os dias seguintes foram um verdadeiro teste para Isadora.Ela sempre soube separar a vida pessoal da profissional, mas agora, o universo parecia decidido a desafiá-la. Trabalhar sob a mesma estrutura que Dominic transformava cada instante em um jogo perigoso de controle.A cada passo nos corredores da empresa, sentia o olhar dele sobre si. A cada reunião, a voz grave e firme de Dominic ecoava como uma corrente elétrica por sua pele. Ele não precisava tocar nela para dominá-la—seu simples olhar já fazia isso.Mas Isadora não cederia.Dominic era um desafio, sim, mas não um que ela pudesse se permitir perder.Ela tentou manter-se ocupada. Participou de reuniões importantes, entregou projetos impecáveis e conquistou a confiança de colegas e superiores rapidamente. Era inteligente, ambiciosa e determinada a crescer.Porém, toda vez que sentia que estava recuperando o controle, Dominic surgia para bagunçar tudo novamente.Naquela manhã, ao sair da sala de reuniões, ela sentiu uma presença
A noite já havia se instalado por fora, mas dentro do escritório da empresa, a escuridão dava lugar a uma luz suave, quase melancólica, que invadia a sala de Isadora. Ela estava sozinha, concentrada em terminar os últimos ajustes de um relatório importante. A sala silenciosa, iluminada apenas por um abajur de luz amarelada e pelo brilho distante dos postes da cidade, parecia um refúgio onde o tempo se diluía.Enquanto organizava os documentos espalhados pela mesa, Isadora sentia o cansaço se misturar com uma inquietude inexplicável. O tumulto dos últimos dias ainda ressoava em sua mente — as lembranças da noite anterior, a intensidade do toque de Dominic, e aquele olhar penetrante que a assombrava, mesmo agora. Ela sabia que, apesar de todo seu esforço para manter a racionalidade, o desejo e a tensão entre ela e Dominic não eram mais meras lembranças, mas sim uma realidade presente.De repente, o som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Ela não precisou levantar os olhos
Isadora estava em seu escritório, olhando para a tela do computador. Os gráficos e relatórios se embaralhavam diante de seus olhos, como se estivessem zombando de sua tentativa de manter o foco. O ponteiro do mouse pairava sobre o mesmo gráfico havia minutos, mas sua mente estava longe — muito longe dali.Dominic.Ele invadia seus pensamentos como uma tempestade repentina. Um sopro de lembrança e ela se pegava sentindo o toque dos olhos dele sobre sua pele, como se ele estivesse ali, mesmo quando não estava. E quando estava… tudo piorava.Ela havia enfrentado desafios maiores em sua vida. Isadora não era do tipo que se deixava abalar por emoções passageiras — ou ao menos não era, até Dominic surgir. O problema é que ele não parecia passageiro. Ele era presença, intensidade e… ameaça.Havia algo nos olhos dele que a desequilibrava. Uma certeza, um controle, como se já soubesse que, cedo ou tarde, ela cederia. Mas ela não podia. Não devia. Ela tinha construído sua carreira com esforço,