CAPÍTULO 4
— Está esperando alguém? — Anelise perguntou ao limpar a boca, havia terminado o jantar. — Não. — Vicente, respondeu mais sério. Levantou após usar o guardanapo, segurou o interfone, e franziu a sobrancelha quando soube quem era, porém, deixou subir para não ser mal-educado. — É Desirê… — Estranho, faz tempo que não vem aqui! — se entre olharam, essa mulher sempre foi a melhor amiga de Alicia, a ex namorada de Vicente, e como as outras, desdenha de Anelise. Quando Desirê entrou, cumprimentou o Vicente com um sorriso largo e um abraço, já para Anelise, apenas esticou a mão. — Cheguei num bom momento, o que estão comemorando? — sem autorização, a mulher se atravessou na frente de ambos. — Nossa, quero esse bolo! Olha só, parece maravilhoso! — Ah, é da Ane! Só espere ela cortar primeiro, ok? Comprei para ela! — Vicente avisou, e a mulher soltou a faca com cara de desdém, e então Anelise foi cortar o seu bolo. — Bom, eu espero! Vim mesmo porque precisava contar pessoalmente uma novidade! — mexeu os dedos, estava animada com a revelação que faria. — Só espere um minuto, vou pegar um prato para você! — Vicente disse, indo até a cozinha depois. Olhando para as costas do Vicente, Desirê se aproximou da Anelise, contou em voz baixa: — Alicia voltou para recuperar o que é dela! E, todos na cidade, pensam que Vicente Cardoso não pensará duas vezes para te expulsar daqui! — E depois? Eu sou namorada dele! — é a resposta de Anelise ao virar as costas tranquilamente. Afinal, aquilo não era novidade pra ela, já sabia da volta daquela mulher. — "E o meu noivado já está próximo! — devolveu o deboche, dando de ombros e continuou comendo o seu bolo. Vicente voltou da cozinha, e então Desirê sorriu de forma perversa. Desirê deu uma olhada de deboche à Anelise, sentando numa cadeira bem perto de Vicente, adorou contar a fofoca: — Sua garota voltou! Alicia já está na cidade! — ela soltou aquelas palavras de uma vez, e para Vicente foi como segurar uma bomba – relógio nas mãos, parecia que a qualquer momento poderia explodir, ele soltou o talher imediatamente. — Isso é verdade? — Vicente perguntou, e Desirê sorriu satisfeita quando percebeu que conseguiu a atenção total do grande CEO. — Sim, ainda há pouco eu a recebi no aeroporto, já se instalou e foi descansar! Ela está louca pra te ver, morrendo de saudades! — Vicente olhou para Desirê, e disfarçou o seu incômodo, voltando a segurar o talher, mas aquelas palavras não saíam da sua cabeça, a impressão que tinha era que o bolo não descia ou estava sem gosto, então virou o copo de suco de laranja para ajudar. — De qualquer forma, isso não tem nada a ver comigo! Alicia foi muito clara quando disse que a sua vida estava em Washington, e seguiria o seu sonho de Estilista, então... creio que perdeu o seu tempo vindo até aqui apenas para me trazer essa notícia! — ele voltou a comer o bolo tranquilamente, até ergueu o prato e pediu outro pedaço com Anelise. — Ane esse bolo é realmente bom! Pode me servir outro? — Anelise percebeu imediatamente a mudança na expressão de Vicente. Havia uma emoção, apareceu nos olhos de Anelise, mas logo, ela baixou os olhos e escondeu seus pensamentos íntimos com o gesto de entregar o bolo. Quando Anelise levantou a cabeça novamente, um sorriso decente apareceu no rosto dela. — Claro, esse é o melhor bolo que eu já comi! — ela respondeu, e ao mesmo tempo, pegando o prato da Desirê — Agora que você comeu seu bolo, é hora de ir embora. Desirê lançou um olhar severo para a Anelise, levantou-se, em voz de ódio: — Bom apetite! — saiu com raiva. . No outro dia, aconteceu como o combinado, e Ane foi até a casa dos pais de Vicente com ele, que a receberam muito bem como de costume. — Oi, querida! Cada dia mais bonita! — sua sogra a recebeu com um abraço e um beijo. — Que isso, dona Beatriz! A senhora é muito simpática! — Ane retribuiu o sorriso e cumprimentou o sogro, o senhor Emanuel, assim como o namorado, pensando em como pode eles serem tão diferentes de Paola? Após o jantar foram ao conforto do jardim. Vicente já havia comentado que nesse jantar contaria uma novidade e todos estavam esperando por isso, mas Vicente não conseguiu sentar, aparentemente inquieto, respirava com dificuldade. — Como vai à vida de vocês? Alguma novidade? — Emanuel, pai de Vicente, perguntou. Anelise olhou para Vicente, esperava que o anúncio fosse feito, porém, assim que sentou, ele levantava o tempo todo mexendo nas plantas, e tomava água em excesso. — Estamos bem! Vamos inaugurar um hotel novo, estou cheio de trabalho! — ele respondeu e tomou outro copo de água, que Anelise o serviu, e logo ficou de costas. — O jantar estava salgado, meu filho? Nunca o vi bebendo tanta água? — sua mãe perguntou sorridente, e Vicente devolveu um sorriso forçado, então seu pai franziu a testa, ”tem algo errado”. — Estava ótimo! Eu é que estou com mais sede, hoje! [Trim-Trrrim] — Ah! O meu celular está tocando, deve... deve ser o meu assistente querendo passar informações do hotel novo, eu... é... eu preciso atender! Com licença! — Ele gaguejou ao se explicar, e mal enxergou o caminho da grande sala para atender. “A ligação foi uma ótima fuga, seja quem for, será importante a partir de agora!“ — Pensou ele que não estava conseguindo contar sobre o noivado, e então atendeu aquele número desconhecido. — Alô! — Sou eu Vicente! Alicia... onde você está? Assim que ouviu o nome de Alicia, Anelise imediatamente se virou para olhar para Vicente! Ele tirou o celular do ouvido e ficou olhando para a tela, pensando no que faria, agora! Ela voltou!