Preciso de paz

CAPÍTULO 59

Maicon Prass Fernandes

O cara aparece na porta da minha casa, sem aviso, sem sequer uma ligação antes. Estou na minha poltrona, o couro frio contra as minhas costas, mas é o peso das armas nas minhas mãos que realmente me dá conforto. Vejo ele através do vidro fosco da janela, a silhueta maldita que eu já deveria ter apagado da memória.

Ele entra sem cerimônia, com aquele ar de quem acha que ainda tem algum direito de estar aqui. Não entendo o que ele quer, mas não gosto nada da sensação que me toma. Eu sou o consigliere do Don, e nada passa por mim sem que eu saiba antes, ele não tem mais nada a ver com a minha mulher.

— O que você quer aqui? — Minha voz sai firme, mas meu sangue está fervendo por dentro. Ele nem parece surpreso com o tom, ou com o fato de eu estar armado. Ele me encara de volta, desafiando, como se tivesse algum direito de estar no mesmo espaço que eu, na minha casa, perto da minha mulher.

— Vim ver a Maria Eduarda, as coisas ficaram
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