Diana

Já se passaram dez dias desde aquela perseguição que parecia filme ruim — só que era a nossa vida. Dez dias desde o carro caindo da ponte, desde o clarão na TV, desde a sensação de que algo finalmente poderia mudar. Dizem que a justiça chega de formas tortas. Pois chegou.

Dois dias atrás confirmaram: encontraram o corpo da Meredite. Encontraram. Ler aquilo na tela do meu celular foi estranho; queria sentir um baque de vitória e senti um buraco. A notícia vinha com imagens, repetições, vozes oficiais dizendo que a identificação foi feita e que tudo indica que a correnteza fez o resto. Ela saiu da ponte e a maré fez o trabalho que muita gente queria fazer por mim com raiva. Só que a polícia não fala em “sorte” — fala em procedimentos, relatórios, perícia. E eu, que queria um final mais teatral, ganhei papelada e prazos.

A família dela pediu velório com caixão fechado. Disseram que o corpo estava irreconhecível. Não houve desfile de fotos, não houve lágrimas exibidas em rede nacion