Capítulo Quatro: Noah Clarence

Sempre que me pego diante do meu pai, tenho a sensação de que estou diante de um espelho, sinto que estou vendo uma imagem distorcida de mim. Um eu mais velho e mais experiente. Minha mãe sempre me diz o mesmo, ela diz ser assustadora a forma como somos fisicamente parecidos, olhos azuis e cabelos negros, ela diz que a única diferença é a personalidade. Meu pai me encara com uma fúria contida, sei que está pronto para falar sobre responsabilidade, mas eu não estou disposto a escutar outro sermão. Sorrio para o meu pai enquanto solto a gravata e vou para minha mesa.

 —  Pai, que bom velo tão cedo na empresa. —  Digo de forma brincalhona. — Brenan disse que você não chegaria nem tão cedo hoje.

 —  Quem era aquela moça que estava fazendo um escândalo na portaria?  —  Pergunta meu pai ignorando toda minha gentileza.

 —  Uma louca, olha o que ela fez. —  Indico o curativo. —  Eu já proibir a entrada dela no prédio.

 —  Como ela fez isso? —  Pergunta meu pai se sentando de frente para mim.

 —  Ela tacou uma bolsa na minha cabeça, ele tem um braço bom para isso. — Murmuro tirando minha camisa, Brenan entra na sala e me entrega a camisa limpa, ela sempre guarda uma muda de roupa no escritório, as vezes acho que ela faz isso para se tornar indispensável. Agradeço e ela sorri, fala algo com o meu pai e sai do escritório.

 —  Noah o que eu te disse sobre ter uma mulher por noite? Você acha que sua mãe gostaria disso? — Meu pai questiona me olhando, ele me estuda antes de relaxar na cadeira.

 —  Pai não comece, o senhor fazia a mesma coisa, uma diferente por noite. —  Comento o olhando com um sorriso torto. —  O senhor sabe que é difícil ficar longe delas. — Coloco minha camisa rapidamente e volto a me ajeitar no meu lugar.

 —  Eu já fui assim até o dia que eu conheci sua mãe. —  Percebo que meu pai vai começar o seu monólogo de perseguidor apaixonado. Reviro os olhos e o corto antes que ele comece.

 —  Clarence pode parando por aí, eu não vou me apaixonar e virar um stalker atrás de uma mulher. —  Me pai me olha e sorri, vejo o brilho perigoso em seu olhar. —  O que foi pai?

 —  Meu filho, um dia você vai encontrar aquela mulher que vai virar sua vida de cabeça para baixo, quando você a encontrar não vai achar tão ruim se um perseguidor. —  Meu pai se levanta e mostra sua postura imponente. —  Não se esqueça do leilão amanhã às vinte horas, será no Skyloog, eu preciso de você lá, focado nos negócios que teremos que fazer. —  Vejo meu pai sair e volto para o meu trabalho.

As dez horas vou para uma reunião sobre um novo projeto. Onze faço uma conferência com a filial de Seattle e ao meio dia saio para o almoço com Joshua. Saio da garagem da Clarence Tower e entro no trânsito louco de Nova York, incrivelmente ele hoje está fluindo. Passo pela quinta avenida, paro em um sinal fechado e espero a luz ficar verde, quando o sinal abre e eu vou avançar uma louca se taca na frente do carro que a atinge de forma fraca mais a lança no chão.

 —  Merda! —  Grito batendo no volante, abro a porta do carro e desço rapidamente. —  Você está louca? Não viu o sinal aberto?  —  Pergunto me apressando para ajudá-la.

 —  Você que está ficando louco cara, não me viu atravessando não? —  Me questiona levantando, seguro seu braço para ajudá-la, mas ela o puxa e se vira para mim. —  Você está maluco cara? Não encosta em mim.  —  Quando meu pai falou que um dia eu iria encontrar uma mulher que me faria querer persegui-la o tempo todo, eu não pensei que ela iria surgir tão rápido, solto o braço dela e encaro os profundos olhos acinzentados que me encaram de volta. Seu rosto e de uma beleza quase sobrenatural, sem dúvidas ela deve ser um flash de um sonho, uma deusa vinda de algum reino distante. —  Você está me ouvido?

 —  Desculpe, eu não irei tocar em você, a não ser que me peça. —  Olho seu rosto o gravando na minha memória, percebo que ela analisa meu rosto. —  Qual o seu nome?

 —  Greta! Meu deus Greta o que aconteceu? Eu vi na hora que o carro te acertou, você está bem minha filha? —  Uma senhora que aparenta ser mãe da agora identificada Greta, a arrasta do meio da rua para dentro de um salão de beleza. Fico olhando-a sumir dentro do salão, desligo minha mente de tudo a minha volta, apenas um pensamento me vem à mente.

Eu preciso ter aquela garota.

Volto a realidade quando as buzinas começam a tocar insistentemente, volto para o carro e sigo até o Vip's. Minha mente voa direto para aquele olhar voraz da deusa que caiu na minha do céu bem na minha frente. Eu precisava saber quem afinal era Greta.

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