Ponto de Vista do BillEu segurei o Collin com força, encarando minha mãe, mal conseguindo acreditar no que ela tinha acabado de dizer. Ela me olhou, os olhos marejados, implorando, mas eu simplesmente não conseguia confiar nela, não depois de tudo que ela tinha feito.— Câncer em estágio quatro? — Repeti, com a voz carregada de desconfiança. — Então agora você está morrendo e eu deveria... O quê? Te perdoar? Deixar tudo para lá? — Balancei a cabeça, sentindo a raiva crescer no peito. — Você mentiu para mim, tirou meu filho de mim, e agora eu deveria acreditar que, de repente, você virou essa mulher frágil e doente?Ela deixou os ombros caírem, e ela abaixou o olhar, o rosto pálido como se cada palavra que eu dizia a ferisse ainda mais.— É a verdade, Bill. — Ela sussurrou, a voz quase sumindo. — Eu não estou pedindo perdão. Só... Só queria ver ele mais uma vez. Por favor.Cerrei os dentes, lutando contra a vontade de gritar tudo o que eu queria jogar na cara dela. Mas uma partezinha i
Ponto de vista da SerenaJá tinham se passado alguns dias desde que trouxemos o Collin para casa, e a cada manhã parecia que acordávamos para um milagre. Eu e o Bill tínhamos liberado nossas agendas, tirado uma pausa de tudo só para ficar com ele, aproveitando cada pequeno momento que havíamos perdido. Havia algo mágico naqueles dias, silenciosos e simples, mas ao mesmo tempo, extraordinários.Collin estava ficando mais à vontade, começando a se adaptar ao novo ambiente. Suas mãozinhas agarravam tudo que conseguiam alcançar, e a sala se enchia de risadas toda vez que ele descobria algo novo. Naquela manhã, ele ficou fascinado com os brinquedos espalhados no tapete da sala, os olhos arregalados de tanta curiosidade enquanto pegava um por um.Bill e eu nos sentamos no chão ao lado dele, como se fôssemos uma família de verdade, como se aquela sempre tivesse sido a nossa vida, nossa rotina. Era estranho como tínhamos nos encaixado tão fácil naquilo, mas ao mesmo tempo... Parecia que estáva
Ponto de vista da SerenaCollin estava deitado de barriga para baixo, as perninhas chutando no ar enquanto se contorcia de um brinquedo para outro, determinado a pegar todos que estivessem ao seu alcance. Era uma cena tão feliz que me enchia de uma sensação de calor que eu nem sabia que estava faltando na minha vida.Bill e eu também estávamos no chão com ele, assistindo enquanto ele balbuciava na sua própria linguagem, agarrando blocos e bichinhos de pelúcia, examinando tudo como se fossem as coisas mais incríveis do mundo. De vez em quando, ele levantava o olhar para a gente com aqueles olhos grandes e curiosos, e eu jurava que sentia meu coração se expandir a cada vez que aquilo acontecia.— Olha só ele. — Disse Bill, rindo enquanto Collin engatinhava na direção de um dos seus brinquedos preferidos, um leão de pelúcia macio que ele simplesmente adorava. — Está parecendo um pequeno explorador.— Pois é, o Rei Colin fazendo uma ronda pelo reino. — Respondi, sorrindo enquanto Collin al
Ponto de vista da SerenaNo momento em que a palavra saiu da boca do Collin, senti como se meu coração fosse explodir.— Mamãe. — Foi tão claro, tão perfeito, como se ele estivesse esperando exatamente aquele momento para dizer aquilo. Ele me olhou com aqueles olhos grandes e curiosos, a boquinha formando o som de novo, como se estivesse testando.— Mamãe.Uma risada suave escapou de mim, minha mão foi direto para a boca enquanto eu piscava para conter as lágrimas que ameaçavam cair. Olhei para o Bill, que sorria de orelha a orelha, com o rosto cheio de orgulho e admiração. Ficamos congelados no lugar, presos à magia de ouvir o Collin dizer sua primeira palavra.— Ah, Collin... — Sussurrei, estendendo a mão para tocar sua pequena mãozinha. Ele olhou para mim, naquele momento balbuciando animadamente, como se soubesse que tinha acabado de fazer algo grandioso.Bill soltou uma risada, balançando a cabeça.— Você nasceu para isso, Serena. Quer dizer, a primeira palavra? Você chegou antes
Ponto de Vista do BillVoltar ao escritório parecia diferente daquela vez. Havia uma energia nova dentro de mim, algo vivo. Caramba, fazia tanto tempo que eu não me sentia daquele jeito tão bem.Pensei na Serena e no Collin em casa, inseparáveis desde o dia em que o trouxemos para casa. Serena se entregou à maternidade como se tivesse nascido para aquilo, e sua energia estava iluminada de uma maneira que eu não podia deixar de admirar. Toda manhã, vendo eles juntos antes de sair, parecia que tudo finalmente estava se encaixando.Minha família estava completa, e aquilo me deu uma chama que eu nem sabia que estava faltando.Eu estava pronto para fazer as coisas acontecerem, mais determinado do que há muito tempo. Quando estava prestes a começar a revisar minhas anotações, alguém bateu na porta do meu escritório, e eu olhei para cima, vendo Eriksen, um dos investidores mais antigos da RGE, entrando. Ele era do tipo de pessoa que raramente aparecia, a menos que houvesse um grande motivo.—
Ponto de Vista do BillA ideia me veio de repente, uma necessidade de simplesmente... Me afastar por um tempo. De aproveitar aquele momento com a minha família, de deixar tudo o mais de lado, mesmo que fosse por apenas um dia. Então, eu virei para a Serena, que estava sentada no sofá com o Collin no colo, e perguntei:— Que tal a gente sair um pouco? Só nós três.Ela olhou para cima, surpresa, mas curiosa.— Sair para onde?— Vamos fazer uma viagem para a praia. — Eu disse, sorrindo à medida que a ideia tomava forma. — Você, eu, o Collin. Em algum lugar aberto, onde a gente possa só respirar um pouco.O rosto dela se iluminou, e eu sabia que já a convenci com a ideia.— Isso soa... Perfeito. — Ela disse suavemente, olhando para o Collin, que a olhava como se ela tivesse colocado a lua no céu. — Eu acho que ele ia adorar.Então, nós arrumamos o essencial: lanches, uma troca de roupa para o Collin, e qualquer outra coisa que pudéssemos precisar e partimos. A viagem em si foi boa, leve, c
Ponto de vista da SerenaO Airbnb que encontramos era pequeno e aconchegante, perfeito para passar uma noite rápida depois de um dia inteiro na praia. Collin já dormia profundamente, com as mãozinhas agarradas na grade do berço que conseguimos de última hora. Fiquei um tempo olhando para ele, vendo aquele jeitinho todo espalhado e tranquilo, e acabei sorrindo. Era impressionante como um bebê tão pequeno conseguia ocupar todo o espaço do nosso coração.Quando me virei de volta para o quarto, percebi que havia apenas uma cama, grande o suficiente para dois. Mas, bem, só uma cama. O Bill pegou meu olhar e, na mesma hora, levantou as mãos, como se quisesse afastar qualquer sugestão óbvia.— Eu durmo no chão. — Disse ele rápido, coçando a nuca. — Sem problemas.Lancei um olhar para ele, meio divertida, meio impaciente.— Bill, não precisa dormir no chão. A cama é grande o bastante para os dois.Ele ergueu a sobrancelha, parecendo hesitante.— Tem certeza? Tipo... Eu não ligo, é só que... Né
Ponto de vista do BillAssim que voltamos da praia, mal tive tempo de me acomodar antes do meu celular vibrar no bolso. Olhei para a tela, era a tia Claire. Ela não era do tipo que ligava sem motivo, e uma sensação de apreensão tomou conta de mim.— Oi, tia Claire. — Atendi, tentando soar casual, mesmo já sentindo no fundo que algo estava errado.— Bill... — A voz dela falhou, e houve uma pausa, um suspiro trêmulo do outro lado da linha que me fez apertar o celular com mais força. — É a sua mãe. A Elena... Não está bem.As palavras me acertaram em cheio, tirando meu fôlego. Pelo tom da tia Claire, pela forma como ela tentava segurar o choro, eu sabia que não era apenas um pequeno problema. Era sério. Minha mãe sempre foi uma mulher forte, inabalável, ou pelo menos era assim que eu a via. Ouvir a tia Claire desabar por causa dela foi como levar um soco no peito.Engoli em seco, tentando firmar a voz.— Quem está cuidando dela?A tia Claire fungou, se recompondo um pouco para responder.